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Tocquevilleanas: Um estudante brasileiro nos EUA, 1964/65
Cheguei aos EUA para fazer pós-graduação em economia na Universidade de Yale no final de agosto de 1964. Tinha então 22 anos.
Cheguei aos EUA para fazer pós-graduação em economia na Universidade de Yale no final de agosto de 1964. Tinha então 22 anos.
Em um momento que muitos de nós estamos em home office (ou fazendo teletrabalho ou trabalho à distância), pedindo tudo por delivery (ou entrega a/em domicílio), assistindo a lives (transmissões ao vivo), consumindo músicas, filmes e livros por streaming (acesso a conteúdo pelas plataformas digitais), outras vezes recebendo fake news (notícias falsas), em meio ao lockdown (bloqueio total) de algumas cidades, vale a pena falarmos novamente sobre os estrangeirismos, isto é, palavra ou expressão recebida de outra língua.
Como todos os meninos, fui também um caçador de heróis. A leitura das Vidas paralelas de Plutarco, largo manancial de coragem e ousadia, ordenou parte desse imaginário caçador.
No mesmo dia em que chegamos ao trágico recorde de mil mortes por dia devido à Covid-19, nada mais exemplar da militarização do governo Bolsonaro do que o General Eduardo Pazuello, exercendo a função de ministro interino da Saúde, ter assinado o novo protocolo que autoriza a utilização da cloroquina no tratamento inicial da doença.
Se há alguns números favoráveis em matéria de educação, como é o caso da universalização do ensino fundamental, o mesmo não pode ser proclamado em relação à qualidade.
A cada palavra do governo, aparece um desmentido. Como a história do convite ao delegado Carlos Henrique Oliveira para a direção executiva da Polícia Federal, que prova que Ramagem ainda manda lá.
Os mais de 55 milhões de brasileiros que votaram em Jair Bolsonaro acreditando em sua promessa de acabar com as velhas práticas políticas certamente não suspeitavam que pouco mais de um ano depois iriam vê-lo associado a vários rolos e escândalos.
Os indícios de que o então senador eleito Flavio Bolsonaro recebeu mesmo um aviso de um delegado de que uma operação da Polícia Federal alcançaria seu chefe de gabinete Fabricio Queiroz e parentes dele parecem confirmados quando se nota a data da exoneração dele e de sua irmã, justamente entre o primeiro e segundo turno da eleição geral de 2018, quando teria acontecido o aviso.
Termina o almoço, interfone toca, portaria avisa que tem envelope no elevador.
Essa nova denúncia do empresário Paulo Marinho faz com que o relato do ex-ministro Sergio Moro, de que o governo há muito tempo estava querendo usar a Polícia Federal do Rio de Janeiro para receber informações ganhe ar de credibilidade e dificulta muito a ideia do procurador-geral da República, Augusto Aras, se é que ela existe, de arquivar o processo.
Todo mundo mente nesse mundo. Quando a gente é criança, mesmo que ninguém nos ensine a mentir, a gente mente. Às vezes, por motivos até louváveis, como livrar a cara de um amigo ameaçado por meninos da turma da namorada recém-conquistada.
À medida que a crise avança, vamos assistindo à involução dos hábitos e costumes republicanos, tendo o presidente Jair Bolsonaro como protagonista e ministros como coadjuvantes de uma tragédia, onde os conceitos democráticos vão sendo deformados e palavras distorcidas, a exemplo da “novilingua” criada pelo escritor inglês George Orwell na novela 1984, na qual o autoritarismo muda o sentido das palavras para melhor acomoda-las a seus interesses.
“A insônia me devolve o mistério da noite. Ouço uma orquestra de cães uivando para um céu pontilhado de estrelas: tantas e tamanhas, que o plenilúnio ordena, como pode e distribui.
Em nosso país a competência constitucional para a condução da política externa é da alçada do presidente da República. Na experiência histórica do Brasil a prática confirma esse tradicional preceito constitucional.