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Artigos

  • Tramas do óbvio

    O discurso do líder iraniano Mahamoud Ahmadinejad na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o desarme nuclear marca a ponta ou o extremo em que a chance de uma nova convivência internacional pode sair das velhas hegemonias em que vivemos, ainda, um mundo de após a queda do Muro. Num quadro de verdadeiro desarme internacional, o controle efetivo do poder atômico deve se fazer no plano, só, dos donos das ogivas ou competirá de fato a uma autoridade internacional?

  • Trotes eletrônicos

    Quando o uso do telefone tradicional tornou-se comum, ao alcance de quase todos, os mais conservadores temeram que a privacidade de cada um ficasse ameaçada. Afinal, com o número do aparelho num catálogo geral podia-se penetrar na intimidade do lar, da empresa, na vida de todos.

  • A conquista de cada aluno

    O fenômeno se repetiu agora, com outros personagens e a minha impossibilidade momentânea de viajar ao estado do Amazonas, apesar do convite. Foi uma bela iniciativa do governador Eduardo Braga, convidando personalidades, como o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vinícios Vilaça, para a inauguração do primeiro Centro Educacional de Tempo Integral (Ceti), que recebeu o nome de Marcantônio Vilaça 2, como homenagem ao grande incentivador das nossas artes plásticas, precocemente desaparecido, e que é filho de Maria do Carmo e Marcos Vilaça.

  • A fonte do poder

    Já me explicaram mil vezes o que é e como se forma o poder. Eu próprio fucei por ai, lendo entendidos e curiosos que trataram do assunto. Li alemães, que são bons na matéria. Li tratadistas que pleonasticamente trataram do poder e de sua fonte.

  • A misteriosa sabedoria oriental

    Por não saber bem do que se trata, já que existe uma infinidade de culturas e subculturas muito diferentes entre si, mas que podem ser chamadas de orientais, sempre procuro evitar contatos mais aprofundados com a Misteriosa Sabedoria Oriental, particularmente em certas circunstâncias como, por exemplo, nas conferências que alguém sempre faz, quando se vai a um restaurante japonês. De modo geral, explica-se que a Misteriosa Sabedoria Oriental chegou à conclusão de que peixe cru é mais sadio por isso, por aquilo e por aquilo mais. Na verdade, a sabedoria oriental envolvida nisso não tem nada de misteriosa. Os japoneses inventaram maneiras atraentes de comer peixe, legumes e algas crus porque moravam e moram num arquipélago sem combustível, onde até lenha sempre foi escassa. Aí, claro, o pessoal aprendeu a comer cru e elogiar, é natural e compreensível. (Sei que tem gente que encara essa afirmação como sacrílega; cartas indignadas para o editor, por caridade.)

  • A Morte de Saramago O surpreendente Saramago

    José Saramago, com quem convivi em muitos lugares, em Porto Alegre (ele adorava nossa cidade), em outras capitais brasileiras, no Exterior, era não apenas um grande escritor, não apenas um intelectual militante, como também um ser humano. De seu trabalho literário dão testemunho o Nobel que recebeu, e que projetou o nosso idioma no mundo, como, sobretudo, a qualidade de sua obra literária. Saramago era, como Jorge Amado e Erico Verissimo, um grande narrador, um narrador que não recusava o humor satírico e a fantasia, um exemplo disso sendo o notável A Jangada de Pedra, uma história que bem poderia figurar como exemplo do realismo mágico que, numa época, caracterizou a literatura latinoamericana. Saramago era também um comunista de carteirinha, uma posição a que chegou em grande parte por ter origem humilde (foi operário) e por ter vivido sob uma das ditaduras mais persistentes da modernidade, o regime salazarista. Vindo do stalinismo, ele não era imune a rompantes autoritários, ao qual se associava uma incontinência verbal capaz de produzir resultados desastrosos. Foi o que aconteceu quando comparou a ocupação israelense dos territórios palestinos ao regime nazista. Toda comparação acaba ofendendo um dos lados, e nesse caso foi uma ofensa pesada, sobretudo porque dirigida a um grupo humano que pagou pesado tributo em vidas ao nazismo.

  • A valorização do ensino técnico

    A leitura do livro do educador paraibano Itapuan Bôtto Targino, “100 Anos do Ensino Industrial Brasileiro”, mostra a necessidade de repensar a profissionalização no nosso país, através dos seus fundamentos.

  • Açúcar no pré-sal

    A alma brasileira nos últimos tempos tomou-se de justificado peito cheio depois da descoberta do pré-sal. De repente acordamos com a decisão do Criador de ficarmos bilionários, o Brasil de riso aberto e cara diferente daquele 'ame-o ou deixe-o'. Barriga cheia de petróleo e olhos de Opep.

  • Agora, Deus existe

    Não lembro onde li, acho que em algum livro de ficção cientifica, gênero que não aprecio, mas volta e meia dou nele uma ciscada para saber o que estão inventando.

  • Aprendendo a ser potência

    Nos novos dados da prosperidade brasileira avulta o da nossa presença internacional, no reconhecimento galopante do Brasil potência. Toda uma nova estatística se refina nesta classificação e no lugar onde estaríamos, entre a oitava e a quinta posição, na década que começa. Mas tornam-se imbatíveis as convergências entre crescimento doPNB, mobilidade social e aprofundamento democrático, inclusive no contraste entre as outras nações continente que despontam fora do velho primeiro mundo.

  • Briga na Lagoa

    Ninguém me contou: eu vi. O sujeito caminhava pela orla da Lagoa, num passo esforçado, a camisa empapada de suor, a respiração de quem vinha de longe e ia para mais longe ainda.

  • Cachorros atropelados

    Aprendi com os meus maiores que não se deve chutar cachorro atropelado. E, mesmo que não me tivessem ensinado regra tão elementar, acredito que por conta própria eu evitaria chutar não apenas os cachorros atropelados mas os caídos e vencidos na vida, pela simples e bastante razão de ser eu um deles.

  • Chamem o Senac

    À margem do turbilhão de emoções da Copa do Mundo, que podem molhar os olhos ou acelerar o coração, e favorecido (para alguma coisa haveria de servir!) pelo isolamento parcial a que um acidente me condena, vou medindo e remedindo fatos a ela relacionados.

  • Crimes e erros

    No começo do século 19, durante o governo de Napoleão, Loras Antoine de Bourbon, duque de Enghien e membro da casa real francesa, fui preso, acusado de conspiração. De imediato, ficaram evidentes erros grosseiros da investigação: o duque simplesmente tinha sido confundido com outra pessoa. O que fizeram as autoridades? Anularam o processo? Não. Mudaram a acusação: agora o nobre era considerado culpado de contrabando de armas e colaboração com países inimigos, com o que foi rapidamente, e escandalosamente, executado. Na ocasião, Joseph Fauché, ministro da Polícia, político tão astuto quanto cínico, disse uma frase. (às vezes atribuida ao também político, e também astuto e cínico, Charles-Maurice de Talleyrand) que ficou famosa “C’est pire qu'un crime,c’est une faute”,"É pior que um crime, é um erro".