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Artigos

  • Bandeira branca

    O Carnaval está chegando e, com ele, aquela trégua provisória em nosso cotidiano, mesmo para aqueles que esnobam ou detestam o que por aí chamam de "folia". A vantagem destes últimos é que não precisam fazer nada a não ser deixar o Carnaval passar. E ele passa, inexoravelmente passa, como passam todas as coisas boas e más do mundo, até mesmo as mais ou menos.

  • Outros carnavais

    “Eu, que estou em pleno vigor da juventude -e todos os dias os jornais, ao citarem o meu nome, revelam aos leitores esta minha fraqueza-, fico todo irritado quando ouço essa história de “bom era no meu tempo”, “ah! que saudades do meu tempo” e outros lamentos saudosistas. Bom mesmo é o tempo de hoje.

  • Evoé Momo!

    De uns tempos para cá, as festas coletivas estão ficando cada vez mais misturadas. Natal, Carnaval, Sexta-Feira Santa. Pouco a pouco, se reduzem a feriados que servem para encompridar o final de semana, todos se sentem obrigados a aproveitar de seu modo ou de modo nenhum. Aí pelo interior, no mais fundo do país e do homem, devem boiar algumas ilhas isoladas de tradição, mas nos grandes centros (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte) a festa se resume mesmo na festa e no feriado, às vezes nem lembramos o que estamos comemorando.

  • Vacinar faz bem

    Para a saúde do presidente Lula, o Fórum de Davos poderia representar um risco, e ele fez bem ficando em casa, mas, para a saúde do mundo em geral, marcou um avanço. Isto por causa do anúncio feito por Bill Gates (Microsoft): a fundação que ele dirige vai doar US$ 10 bilhões para estimular a pesquisa de novos imunizantes, e para levá-los aos países mais pobres. “Esta será a década da vacina”, disse Gates.

  • Coelho neto e a modernidade

    O poeta Lêdo Ivo, um dos grandes sonetistas brasileiros, considera que há modernidade, na obra de Coelho Neto (1864-1934). E pede que escreva sobre aquele que foi eleito pela revista Malho, Príncipe dos Prosadores Brasileiros, em concurso público, realizado no ano de 1928. Fez par com Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas Brasileiros.

  • O sabiá político

    Do ano passado para cá, o setor canoro das árvores, aqui na ilha, sofreu importantes alterações. Aguinaldo, o sabiá titular e decano da mangueira, terminou por falecer, como se vinha temendo. Embora nunca tenha se aposentado, já mostrava sinais de cansaço e era cada vez mais substituído, tanto nos saraus matutinos quanto nos vespertinos, pelo sabiá-tenor Armando Carlos, então grande promessa jovem do bel canto no Recôncavo. Morreu de velho, cercado pela admiração da coletividade, pois pouco se ouviram, em toda a nossa longa história, timbre e afinação tão maviosos, além de um repertório de árias incriticável, bem como diversas canções românticas. A esta altura, certamente já faz companhia a Francisco Alves, Orlando Silva e Nélson Gonçalves, musicando as tardes dos anjos lá no céu.

  • E se o ano inteiro fosse um Carnaval?

    Carnaval é coisa antiga, antiquíssima: vem desde o tempo dos romanos, pelo menos. Corresponde, portanto, a necessidades muito arcaicas, e por isso muito autênticas, do ser humano. Várias necessidades: a necessidade de brincar, a necessidade de dançar, a necessidade de fazer um sexo transitório e sem compromisso, a necessidade de assumir uma outra identidade, o que explica as fantasias: no Carnaval proliferam os reis, as rainhas, as princesas, os palhaços, as colombinas – as máscaras, sobretudo as máscaras. A pessoa deixa de ser o que ela é, e por um instante muda-se para o planeta de sua imaginação. É claro que, com tudo isso, o Carnaval teria mesmo de durar pouco e teria de ser seguido por um dia sombrio, a Quarta-Feira de Cinzas. Que, no Brasil, inaugura o ano propriamente dito. Como diz a canção: "Agora é cinza/ tudo acabado, e nada mais".

  • Mil palhaços no salão

    Num dos flashes da TV, vi um cidadão baiano, de seus 35 a 40 anos, forte, alegre, declarar que trocara as férias para ter o direito de passar os quatro dias de plantão na Praça Castro Alves, pulando atrás (e à frente e aos lados) de todos os trios elétricos que passavam. Alimentação desses quatro dias: cerveja e acarajé. Descanso: no intervalo de um trio e outro, o cara deitava em qualquer canto e dormia, com o luminoso sol da Bahia abençoando sua carne fatigada e seus sonhos de folião.

  • Sonhos de Carnaval

    Os dois estavam casados há muito tempo, os dois conviviam diariamente: trabalhavam no mesmo lugar, uma grande fábrica de produtos esportivos; ele era gerente de produção e ela chefiava a contabilidade. E os dois não eram muito de Carnaval; na verdade, durante os dias da folia levavam trabalho para casa e ficavam horas fazendo cálculos e escrevendo relatórios. A fábrica era a vida deles.

  • Samba, enredo, Brasil

    Estou escrevendo uma história cujo personagem principal é um jovem gaúcho que, pretendendo entrar no Partido Comunista, viaja para o Rio de Janeiro na mesma época em que Getúlio Vargas, chefiando a revolução de 1930, chega ao poder. Li muito sobre esse período, e descobri algumas coisas curiosas. Assim, o entusiasmo do povo com a nova liderança manifestou-se, como era de esperar, na música popular: Na marchinha Ge-Gê, Lamartine Babo proclamava: “Nós vamos ter transformação/ Neste Brasil verde-amarelo”. E, no Carnaval de 1931, a Escola de Samba Vai Como Pode (futura Portela) apresentou um samba-enredo homeageando Getúlio, marcando o nascimento de uma nova forma de folia carnavalesca. Foi, se não o primeiro, um dos primeiros sambas-enredo.

  • Adeus à carne

    Mário Filho, que deu nome ao estádio do Maracanã, desejava escrever um romance cujo título seria 1919. Durante toda a sua vida falava deste projeto: a história do carnaval daquele ano, quando o Rio, vencida a batalha contra a gripe espanhola, que matou carioca a esmo, esbaldou-se numa folia que provocou, segundo assentamentos policiais, mais de 2.000 defloramentos.

  • Um turbilhão de livros

    Na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, é possível encontrar originais de Coelho Neto, como o autógrafo rimado de Pastoral, em que afirma: “Sombra do que foi grande, especto d’um fastígio/ Em que perdeu o esplendor e perdeu o prestígio... Como é doce viver quando o campo floresce/ Toda a mágua se esvai, a mesma dor se esquece.”

  • O brasileiro Rui Barbosa

    Não foi fácil para o jornalista e acadêmico Murilo Melo Filho, com toda a sua experiência, escrever obra original sobre um dos nossos mitos, Rui Barbosa. Levou quase 10 anos acumulando informações, reproduzindo textos saborosos, avançando e refletindo sobre a vida desse que foi, pela sua cultura e inteligência, “a águia de Haia”. Murilo ia guardando as jóias do pensamento de Rui, quase secretamente, até que a ousadia de um amigo falou mais alto: não resistiu ao apelo do paraibano Nelson Coelho, bom farejador de textos, que o queria para os trabalhos literários da Editora A União. Nasceu assim “O brasileiro Rui Barbosa”, livro precioso, lançado com grande sucesso, em João Pessoa, na Casa José Américo.

  • A internet e os seus riscos

    A notícia apareceu com destaque na Folha de São Paulo: “Diários em vídeo viram mania na internet”. Diários em vídeo (“vlogs”, uma alusão aos blogs) são, basicamente, gravações em que adolescentes aparecem contando de suas vidas, do que estão fazendo, como se divertem, os problemas que enfrentam. Era algo previsível: afinal, é mais fácil falar do que escrever, e mostrar a própria imagem é algo que muitos gostam de fazer.

  • A mensagem chega ao destino

    "Sou um garoto de 14 anos e vivo na Bélgica. Não sei se você é uma criança, uma mulher ou um homem. Navego em um barco de 18 metros." Assim o belga Olivier Vanderwalle começou, em 1977, a escrever uma mensagem para colocá-la em uma garrafa, enquanto navegava pela costa sul da Inglaterra. Vanderwalle passava as férias a bordo do barco de sua família quando teve a ideia de escrever o texto. Arrancou uma página de um livro de exercícios e achou uma garrafa de vinho que serviria para seu intento.Mais de três décadas depois, a britânica Lorraine Yates encontrou a garrafa na praia de Swanage, em Dorset, localizou o autor através do Facebook e com ele entrou em contato. Mundo, 2 de maio de 2010