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Artigos

  • Nabuco, além dos tempos

    As afortunadas comemorações deste ano ao redor de datas significativas em louvor de tantos nomes da Academia Brasileira de Letras, nunca seriam, nunca serão, uma etapa de meras alegorias de adulações ou simples anatomia de instantes.

  • Sempre o Enem

    Não faço parte do grupo que critica violentamente o Enem. Considero uma boa iniciativa, sujeita a aperfeiçoamentos que estão sendo providenciados pelo MEC, para o ano próximo. Fazer as provas em duas etapas (em semestres distintos) já protege o exame do seu gigantismo, que torna quase impraticável a sua implementação. Vejam o que aconteceu: 38% dos inscritos não compareceram, dando um enorme prejuízo ao erário, pois as provas foram impressas e havia locais e professores para a eventualidade de uma presença integral. Quem paga pela imprevidência?

  • Romeu e Julieta

    A historinha aconteceu com amiga minha. É verdadeira, tão verdadeira que terei de disfarçar para contar o milagre sem mencionar o santo. Digamos que ela se chama Lígia, é atriz de sucesso, casou-se aos 26 anos, separou-se e engatou caso com um colega de profissão, ator bastante conhecido, dez anos mais velho. Até aí, uma história banal, sem nada de extraordinário.

  • A Nina e MJ

    O repórter Pablo Ordaz cobriu os primeiros dias da tragedia do Haiti e como poucos nos revelou em profundidade o aspecto humano que perpassa o mundo invisivel de uma catastrofe dessa magnitude. Sao desgracas individuais que sao simbolo e exemplo do que acontece no olho desse furacao sem vento que atingiu o mais pobre entre os mais pobres, o sofrido povo do Haiti.

  • Medicina e ficção

    “Sherlock Holmes”, de Guy Ritchie, com Robert Downey Jr. vivendo Sherlock, e Jude Law no papel de Dr. Watson, é o mais novo lançamento numa longa série de filmes. O que não deixa de surpreender. O personagem foi criado há mais de um século – e sobrevive. Por quê? Em primeiro lugar, é preciso dizer que Holmes é um produto da Inglaterra vitoriana, uma sociedade em que a repressão, sexual, inclusive, era a regra. Os instintos reprimidos emergiam sob a forma de violência física e de crimes misteriosos, como aqueles de Jack, o Estripador. Diante disso, o raciocínio passava a ser a principal arma do detetive. E este raciocínio, por sua vez, tinha uma base científica.

  • Melhorando Picasso

    Ela não entendia nada de arte, não gostava de arte, e sobretudo detestava museus. Mas estavam fazendo turismo em Nova York e, como disse o marido -ele sim, um homem culto, familiarizado com a obra dos grandes artistas- ir a Nova York e não visitar o famoso Museu Metropolitan era um verdadeiro absurdo. Coisa da qual ela acabou se dando conta; a última coisa que queria era voltar para o Brasil e ouvir de uma de suas metidas e arrogantes amigas um comentário do tipo: "Mas como, você foi a Nova York e não visitou o Metropolitan?"

  • Política & afrodisíacos

    Uma noite, em Havana, eu estava assistindo à tevê estatal, quando de repente a programação normal foi interrompida (o que não era raro) para uma intervenção de Fidel Castro. Como de hábito, ele falou horas, sob vários assuntos, mas à certa altura começou a dar conselhos sobre como criar gado. Eu o ouvia, intrigado – será que ele entendia mesmo daquele assunto? – quando de repente me dei conta: não era a informação em si o importante, era o papel que ele estava desempenhando, o papel de uma figura paternal, amistosa. O que faz parte, aliás de um paradigma, nesse tipo de liderança: lembrem o recente exemplo de Hugo Chávez, tecendo considerações sobre a duração do banho no chuveiro. Agora é a vez da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, dar recomendações. Algo surpreendente porque, em primeiro lugar, ela não faz exatamente o tipo Chávez ou Fidel (Eva Perón talvez estivesse mais próxima disso). Depois, o tema que abordou. Era a cerimônia de assinatura de um convênio governamental com representantes da indústria de produtos suínos, e na sua fala a mandatária resolveu elogiar a carne suína. O que era de se esperar. Insólito foi o ângulo que escolheu para fazer o elogio. “Comer carne de porco melhora a atividade sexual”, disse , acrescentando: “Além do mais, acho que é muito mais gostoso comer leitãozinho assado do que tomar Viagra”. E aí um depoimento pessoal: no fim de semana o casal presidencial havia jantado leitão assado. O resultado “foi impressionante”. A plateia, predominantemente masculina, ficou surpresa e um tanto constrangida, mas, por motivos óbvios, aplaudiu. O titular da Associação de Produtores Suínos, Juan Uccelli, assegurou que os dinamarqueses e japoneses, grandes consumidores de carne de porco, “têm uma sexualidade muito mais harmoniosa que os argentinos”.

  • No campo de centeio

    Um jovem de 17 anos, de família rica, aluno de um colégio para a classe abastada, leva bomba em quase todas as matérias e tem de voltar para casa. Antes, questiona sua existência até então. Conversa com um ex-professor, a irmã, a namorada, procurando um sentido para tudo o que viveu, e chega à conclusão de que não há conclusão, o jeito é voltar para a casa do pai, que é diretor de uma companhia.

  • Viver custa caro

    Nos planos de Deus, a vida seria de graça. Mas, depois daquela história da maçã, o homem foi condenado a comer o pão regado com o suor do rosto. E a mulher, a parir seus filhos com dor. Tanto o parto como o pão custam caro. Poderiam ser mais baratos, mas a engrenagem social também custa caro, o ginecologista cobra e o padeiro também cobra. E todos acabam pagando.

  • A Educação entrou numa fria

    Segundo relato de historiadores como Pero Vaz de Caminha (o da carta), ao chegar ao Brasil, em 1500, o comandante Pedro Álvares Cabral, natural de Belmonte, Portugal, não se assustou muito com a nudez dos índios que frequentavam a praia (“nada cobria suas vergonhas”). Apesar de uma brisa constante, fazia calor pra valer. Os portugueses suavam em bicas e passaram a invejar a beleza dos naturais e a sua sem-cerimônia.

  • Flor do asfalto

    Uma opinião pessoal, sujeita a chuvas, trovoadas e enchentes como as de São Paulo. Ou piores, porque estanques na memória estagnada do menino que fui sem nunca ter sido realmente um menino. Acho que o mundo era outro. Ao cair da tarde, acendia-se a primeira lâmpada da casa. Minha madrinha era a primeira a saudar a luz que iluminaria o nosso jantar: “Boa noite!” E todos se cumprimentavam, como se estivessem chegando de uma jornada que ficara para trás.

  • As novas profissões

    No quadro da realidade brasileira, é preciso examinar o conjunto de problemas que afetam a nossa juventude. Na faixa etária dos 16 aos 20 anos, por exemplo, o Ipea demonstrou que o desemprego triplicou, no período de 1987 a 2007. A ilusão do emprego a qualquer custo levou muitos jovens a abandonarem precocemente a escola. Na faixa etária de 18 a 24 anos, somente 13% chegaram às universidades. Isso é muito pouco.

  • A Academia e os novos tempos

    O século 21 trouxe uma necessidade ainda maior de se ampliarem os trajetos no sentido de que a Academia Brasileira de Letra seja mais vista e ouvida. Há - e está bem aos nossos olhos - uma geração que parece ter nascido com controle remoto e mouse à mão. Basta um clique e a tela muda. Portanto, é vital que nos afinemos com os moços.

  • O exemplo de Mandela

    As primeiras cenas do filme Invictus, de Clint Eastwood, mostram o carro de Nelson Mandela, recém saído da prisão (por coincidência, há exatos 20 anos; e, outra simbólica coincidência, ele fora preso em 1964), passando entre dois campos de esporte.

  • Matéria de memória

    Recebo da editora as provas para a sexta edição de um romance antigo, escrito e publicado pela primeira vez em 1963. Posso ainda fazer alterações, mas me limito a suprimir alguns advérbios de modo e a alterar uma ou outra pontuação. Machado de Assis fazia melhor, mudava parágrafos inteiros, como confessa na terceira edição de "Brás Cubas".