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Artigos

  • Conflito e conciliação

    Conciliação e conflito representam importante binômio em nossas vidas, correspondendo mais ou menos ao Eros e Tanatos de Freud, o instinto da vida e o instinto da morte; ou, na mitologia, a Venus e Marte, amor e agressividade.

  • Diagnósticos em debate

    Vocês têm ideia do que seja drapetomania? Provavelmente não. O estranho termo vem do grego, drapetes, fugitivo, e significa mania de fuga. Um diagnóstico médico, portanto. Foi proposto em 1851 pelo dr. Samuel A. Cartwright, da Louisiana, no escravagista sul dos Estados Unidos. Segundo o dr. Cartwright, era um mal que acometia os escravos negros que insistiam em escapar das fazendas. Esse mal, dizia o bom doutor, não tinha tratamento, mas podia ser evitado com a aplicação de chicotadas a escravos rebeldes e também com a amputação – isso mesmo, a amputação – dos dedos dos pés.

  • Gilberto Freire e as duas culturas

    A expressão “as duas culturas” teve origem em uma conferência ministrada em 1959 pelo cientista e escritor Charles Pierce Snow na Universidade de Cambridge,Inglaterra. Publicada em livro, teve enorme repercussão.Snow defendia a idéia de que entre intelectuais e literatos deum lado, e cientistas de outro, há uma distância muito grande,um território que poucos se atrevem a percorrer. Um dos que o fez, e com grande sucesso, foi Gilberto Freyre,homenageado na recente Festa Literária de Paraty. Freyre foi o legítimo homem de vários instrumentos, historiador social,sociólogo, antropólogo, psicólogo, biógrafo, ensaísta,ficcionista, cronista, poeta e pintor, e acima de tudo homem de vasta cultura.

  • O neopopulismo

    Em 1988, eu era presidente da República e Michel Rocard, primeiro-ministro de Mitterrand. Dele recebi com generosa dedicatória um livro, 'Le Cur à l'Ouvrage', que podemos traduzir como 'amor a uma causa'. Tratava justamente de um tema que já àquele tempo aflorava: a morte da democracia representativa, com o enfraquecimento das instituições intermediárias entre o povo e a constituição do governo democrático. Sustentava ele que a tecnologia transformara a mídia em espaço público e passara a exercer o poder que tinha sido do Parlamento. A mídia, pouco a pouco, ocupara o lugar dos partidos políticos, definidos como grupos de pressão que não desejam influenciar o governo, e sim exercê-lo.

  • Onde estão todos eles?

    Uma das gripes que andam por aí, evoluída para uma pneumonia que me manteve fora de combate por mais de um mês, foi um refresco que dei aos possíveis leitores que cultivam o deplorável hábito de ler o cronista. Daí que a última Copa do Mundo não teve qualquer comentário de minha parte - o que constitui mais um triunfo para as cores daquele país.

  • Radicalidade arcaica e despertar político

    O primeiro debate entre os candidatos não suscitou a atenção de mais de 15% dos telespectadores. O começo de campanha não tirou da inércia ainda esta campanha eleitoral, que parece cada vez mais se definir pelos jogos feitos de uma sucessão natural e esperada do governo Lula. O encontro na Band veio ao mesmo tempo em que três institutos de opinião pública confirmam o disparo médio de dez pontos da candidata petista sobre Serra. Mas valeu o susto da radicalidade arcaica, pelo menos como fantasma do que separa as ideologias e uma militância consequente. Veio de Plínio, o octogenário a ser contra o marasmo dos fatos consumados.

  • A primeira pedra

    A questão não chega a ser política, mas religiosa, embora tudo na vida tenha seu lado político ou religioso. No século 21, é espantoso que um fundamentalismo desse tipo ainda seja exercido em nível estrutural de uma sociedade. Contudo, não se pode acrescentar o episódio ao saco de maldades do atual presidente iraniano, que se destaca como vilão da vez no panorama mundial. Matar a mulher que comete adultério fazia parte da moral judaica muito antes de haver Irã e outros países islâmicos. Moisés antecedeu de alguns séculos o profeta Maomé. Temos o conhecido episódio do Cristo com a adúltera. Os judeus levaram-lhe uma mulher que traíra o marido e quiseram saber se deviam apedrejá-la, como mandava a lei naquele tempo. A resposta ficou na história e entrou na linguagem comum do homem comum: “Quem nunca pecou atire a primeira pedra.” Um samba gravado por Orlando Silva fez parte de antigo carnaval e repete a mesma sentença.

  • Brasil ilimitado

    Tivemos nossa atenção despertada para o artigo “Brasil ilimitado” da revista britânica “The Economist”, analisando a realidade da educação brasileira. Vale a pena tocar em seus pontos essenciais, como nos sugere o amigo Marcos Troyjo, com vistas às candidaturas presidenciais.

  • De que morreu Simon Bolívar

    Dificilmente haverá, na história da América Latina, uma figura mais importante do que Simon Bolívar (1783-1830), o Libertador, líder político e militar venezuelano que, juntamente com José de San Martín, desempenhou papel importante na luta contra o domínio espanhol. Foi ele quem conduziu à independência Venezuela, Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá e Peru.

  • Dilma depois "já ganhou"

    Não encontramos, em dias eleitorais, impacto de uma vitória antecipada como a de Dilma em outubro próximo. Não é só a estimativa do dobro de sufrágios frente a Serra, mas a da representatividade desta vantagem. Dilma ganha em todas as classes sociais, exceto - et pour cause -a dos mais ricos. É o que valida o caráter de voto-opção pela tomada de consciência do Brasil da redistribuição dos ganhos, e da mobilidade social chegada ao país dos destituídos.

  • O dinheiro como maldição

    Um economista britânico que passou os últimos 18 meses vivendo sem dinheiro está lançando um livro contando a sua experiência ("The Moneyless Man", O homem sem dinheiro). Mark Boyle, de 31 anos, mudou-se para um trailer e passou a trabalhar três dias por semana em uma fazenda local em troca de um lugar para estacionar o trailer e um pedaço de terra para plantio de subsistência. "Foi o ano mais feliz da minha vida", disse Boyle, 12 meses depois de começar a experiência, "e não vejo nenhum motivo para voltar a um mundo orientado pelo dinheiro". FOLHA.COM

  • O passivo oculto do situacionismo

    As pesquisas mostram que a campanha eleitoral vem se fazendo ainda à margem do que é o maior trunfo do governo. Ou seja, do enorme lastro político dos que ganham até um salário-mínimo e que, em 34%, não sabem quem é o candidato de Lula e dizem que votarão, sem discutir, nesse nome. O que estaria em causa é a baixa mobilização deste eleitorado, ainda nos primórdios da ida à televisão, e do massifIcar-se a informação eleitoral. Estes números indicam também o quanto a nítida sensação de melhoria do antigo Brasil dos "sem-nada" presume uma continuidade natural, em que a eleição se transforma quase num formalismo, mais do que no exercício de uma vontade concreta de mudar ou permanecer neste situacionismo. o Ibope é categórico no mostrar, neste potencial que ainda não se definiu, que só 10% iriam à oposição e 46% seguirão o nome que o presidente indicar.