Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • A misteriosa sabedoria oriental

    Por não saber bem do que se trata, já que existe uma infinidade de culturas e subculturas muito diferentes entre si, mas que podem ser chamadas de orientais, sempre procuro evitar contatos mais aprofundados com a Misteriosa Sabedoria Oriental, particularmente em certas circunstâncias como, por exemplo, nas conferências que alguém sempre faz, quando se vai a um restaurante japonês. De modo geral, explica-se que a Misteriosa Sabedoria Oriental chegou à conclusão de que peixe cru é mais sadio por isso, por aquilo e por aquilo mais. Na verdade, a sabedoria oriental envolvida nisso não tem nada de misteriosa. Os japoneses inventaram maneiras atraentes de comer peixe, legumes e algas crus porque moravam e moram num arquipélago sem combustível, onde até lenha sempre foi escassa. Aí, claro, o pessoal aprendeu a comer cru e elogiar, é natural e compreensível. (Sei que tem gente que encara essa afirmação como sacrílega; cartas indignadas para o editor, por caridade.)

  • A Morte de Saramago O surpreendente Saramago

    José Saramago, com quem convivi em muitos lugares, em Porto Alegre (ele adorava nossa cidade), em outras capitais brasileiras, no Exterior, era não apenas um grande escritor, não apenas um intelectual militante, como também um ser humano. De seu trabalho literário dão testemunho o Nobel que recebeu, e que projetou o nosso idioma no mundo, como, sobretudo, a qualidade de sua obra literária. Saramago era, como Jorge Amado e Erico Verissimo, um grande narrador, um narrador que não recusava o humor satírico e a fantasia, um exemplo disso sendo o notável A Jangada de Pedra, uma história que bem poderia figurar como exemplo do realismo mágico que, numa época, caracterizou a literatura latinoamericana. Saramago era também um comunista de carteirinha, uma posição a que chegou em grande parte por ter origem humilde (foi operário) e por ter vivido sob uma das ditaduras mais persistentes da modernidade, o regime salazarista. Vindo do stalinismo, ele não era imune a rompantes autoritários, ao qual se associava uma incontinência verbal capaz de produzir resultados desastrosos. Foi o que aconteceu quando comparou a ocupação israelense dos territórios palestinos ao regime nazista. Toda comparação acaba ofendendo um dos lados, e nesse caso foi uma ofensa pesada, sobretudo porque dirigida a um grupo humano que pagou pesado tributo em vidas ao nazismo.

  • A valorização do ensino técnico

    A leitura do livro do educador paraibano Itapuan Bôtto Targino, “100 Anos do Ensino Industrial Brasileiro”, mostra a necessidade de repensar a profissionalização no nosso país, através dos seus fundamentos.

  • Açúcar no pré-sal

    A alma brasileira nos últimos tempos tomou-se de justificado peito cheio depois da descoberta do pré-sal. De repente acordamos com a decisão do Criador de ficarmos bilionários, o Brasil de riso aberto e cara diferente daquele 'ame-o ou deixe-o'. Barriga cheia de petróleo e olhos de Opep.

  • Agora, Deus existe

    Não lembro onde li, acho que em algum livro de ficção cientifica, gênero que não aprecio, mas volta e meia dou nele uma ciscada para saber o que estão inventando.

  • Aprendendo a ser potência

    Nos novos dados da prosperidade brasileira avulta o da nossa presença internacional, no reconhecimento galopante do Brasil potência. Toda uma nova estatística se refina nesta classificação e no lugar onde estaríamos, entre a oitava e a quinta posição, na década que começa. Mas tornam-se imbatíveis as convergências entre crescimento doPNB, mobilidade social e aprofundamento democrático, inclusive no contraste entre as outras nações continente que despontam fora do velho primeiro mundo.

  • Briga na Lagoa

    Ninguém me contou: eu vi. O sujeito caminhava pela orla da Lagoa, num passo esforçado, a camisa empapada de suor, a respiração de quem vinha de longe e ia para mais longe ainda.

  • Cachorros atropelados

    Aprendi com os meus maiores que não se deve chutar cachorro atropelado. E, mesmo que não me tivessem ensinado regra tão elementar, acredito que por conta própria eu evitaria chutar não apenas os cachorros atropelados mas os caídos e vencidos na vida, pela simples e bastante razão de ser eu um deles.

  • Chamem o Senac

    À margem do turbilhão de emoções da Copa do Mundo, que podem molhar os olhos ou acelerar o coração, e favorecido (para alguma coisa haveria de servir!) pelo isolamento parcial a que um acidente me condena, vou medindo e remedindo fatos a ela relacionados.

  • Crimes e erros

    No começo do século 19, durante o governo de Napoleão, Loras Antoine de Bourbon, duque de Enghien e membro da casa real francesa, fui preso, acusado de conspiração. De imediato, ficaram evidentes erros grosseiros da investigação: o duque simplesmente tinha sido confundido com outra pessoa. O que fizeram as autoridades? Anularam o processo? Não. Mudaram a acusação: agora o nobre era considerado culpado de contrabando de armas e colaboração com países inimigos, com o que foi rapidamente, e escandalosamente, executado. Na ocasião, Joseph Fauché, ministro da Polícia, político tão astuto quanto cínico, disse uma frase. (às vezes atribuida ao também político, e também astuto e cínico, Charles-Maurice de Talleyrand) que ficou famosa “C’est pire qu'un crime,c’est une faute”,"É pior que um crime, é um erro".

  • Desenvolvimento sustentável e já

    Lula recebeu a agenda do novo ciclo da política de mudança, preparado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, da Presidência. São nove pontos básicos, centrados nos novos horizontes da educação; nos desafios do Estado democrático; na transição para a economia do conhecer e na garantia do trabalho decente com inclusão social; no padrão emergente de produção, de par com o potencial da agricultura; no papel das infraestruturas e da sustenta¬bilidade ambiental.

  • Diplomacia brasileira, novas variações críticas

    A política externa do governo Lula tem sido objeto de crescentes críticas. São muitos os rumos que vêm sendo questionados. No plano mais geral, aponta-se que o Itamaraty não tem escolhido os campos de atuação que oferecem ao nosso país, que alcançou um novo patamar internacional em função das transformações internas iniciadas com a redemocratização, as melhores oportunidades para se beneficiar da nova multipolaridade do cenário mundial.

  • Do protesto à festa na parada gay

    O fluxo de 3 milhões de pessoas na Parada Gay de São Paulo, no último domingo, marcou um momento de nítida maturidade na manifestação de uma consciência coletiva. Não se trata mais, apenas, do protesto, de discriminados sociais, no espetáculo que já se vê inclusive impregnado da nossa velha civilização da festa ou da carnavalização brasileira. Entra em causa, sim, uma consonância internacional com esta nova densidade social do nosso tempo. E a afirmação vai, claramente, a esta noçãoda cidadania, a marcar o novo século por sobre as afirmações nacionais ou regionais de uma identidade, nascida do imediato contexto coletivo da pessoa.

  • Falta a universidade tecnológica

    Saio daqui entusiasmado. A frase é do ex¬ministro e competente homem público Ema¬ne Galvêas, depois de uma visita guiada ao Centro Federal de Educarão Tecnológica (Cefet). no bairro do Maracanã. A antiga Escola Técnica Federal Celso Sucow da Fonseca, construída numa imensa área em que os prédios convivem com maravilhosos jardins, abriga hoje cerca de 10 mil alunos, divididos em 22 cur¬sos técnicos e algumas escolas superiores (Informática, Engenharia, Administração ). Um dos seus diretores, Carlos Henrique Alves, diz orgulhosamente que "há empregos no mercado para todos os que se formam aqui dentro, dada a excelência dos cursos realizados." A entida¬de tem 92 anos de existência e hoje conta com oito unidades, a mais recente criada pelo governo federal em Angra dos Reis. O economista Emane Calvêas temum grande interesse pelas questões educacionais. Quando indaga sobre a experiência profissional dos mestres selecionados, quem responde é o professor Nilton da Costa e Silva, diretor de extensão: