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Artigos

  • A arte é um ofício

    Às vezes perguntam sobre o que ando escrevendo. Para começar, não ando escrevendo. Quando sou obrigado a escrever, a primeira coisa que faço é não andar: fico parado diante do computador. Há que ganhar o leite das crianças e o meu próprio leite, nada mais do que isso.

  • As diferenças do pós-Lula

    Os 4% a mais de popularidade de Dilma em relação à de Lula, no seu primeiro trimestre, representaram mais que um simpático crédito inicial de confiança. Cresce um sentimento de solidez no perfil da nova Presidente, na proposta da "continuidade sem continuísmo". E desde já com o destaque de que não vai à encenação estudada, mas num estilo de passar à obra, e desde logo, impor-Ihe o seu sinete.

  • O romancista e o restaurante

    Viajando, vou parar num restaurante sozinho, na hora do almoço. Preferia ter companhia, mas não quis incomodar os amigos, que precisariam sair de seus cuidados, se quisessem ver-me. Além disso, na minha profissão, há um aspecto positivo em almoçar sozinho. Não sei se com outros romancistas, ou ficcionistas em geral, acontece a mesma coisa, mas comigo é incoercível e tampouco sei se tenho esse hábito por ser romancista ou se sou romancista porque tenho esse hábito.

  • As diversas grafias de 'porque'

    Nosso leitor A. Costa estranhou termos escrito, na coluna do dia 20 de fevereiro último, “Temos recebido perguntas sobre porque os gramáticos[...]“, quando ele esperaria “porque os gramáticos [...]“. E termina indagando quando se deve usar ‘por quê?’, ‘por que’, ‘porque’ e ‘porquê’.

  • Corpo de delito

    Os desavisados leitores que, por masoquismo, atentam para as minhas crônicas, devem estar lembrados de minha preocupação pelos ossos de Dana de Teffé, cujo corpo nunca foi encontrado, razão pela qual seu assassino não respondeu por nenhum processo.

  • Emoções

    Pode parecer sarcasmo ou leviandade, mas para o cronista mais ou menos irresponsável que sou eu, a notícia da morte de Osama bin Laden teve, como subproduto, um mérito considerável na mídia universal.

  • Uma escada

    Não alcançamos muito, embora sonhemos muito. E não há prejuízo algum em sonhar. Sempre tentamos buscar além, como se as estrelas estivessem debaixo de nós e o movimento fosse apenas de subir. Porque as ambições não são somente procuradas por nós, nutridas com o trabalho e o esforço, mas elas também nos procuram e se tornam uma espécie de segunda natureza. E ai de nós se não tivermos!

  • Morbidez pública

    Antes de entregar o pescoço à guilhotina, um condenado comentou: "Liberdade! Quantos crimes se cometem em seu nome!". O mesmo podemos dizer a propósito do interesse público. Muitos crimes são cometidos em seu nome.

  • A banalidade

    A mídia televisiva, em regra, nos acostuma com a banalidade. E, por vezes, sem querermos, recebemos essa poeira de estrada em pleno rosto. Mal dissimulam a informação vazia que nos fornecem, sem qualquer significado cultural, a pobreza do pensamento se reveste de uma pobreza ainda maior e mais ostensiva, a da ignorância.

  • Começa a política externa de Dilma

    Ao receber o presidente Wulff, da Alemanha, Dilma Roussef deu os primeiros passos de uma política externa, na linha desenhada pelo governo Lula. Amadurecemos no último mandato esta quebra de uma velha geografia de centros e periferias, em que se reforçava, classicamente, a dominação americana transformada em hegemônica, nos anos subsequentes à queda do muro. Num novo ressalto internacional, a autonomia brasileira vai, naturalmente, à constituição do bloco dos BRICS, e, fora do perfil, ainda há uma década, previsto para a globalização. Nosso País confronta-se aí a duas outras nações gigantes, a China e a índia, também voltadas, pela dinâmica de sua própria população, para uma política de desenvolvimento nacional. Desaparecem, nesse quadro, as velhas polarizações, com a clássica ascendência dos Estados Unidos ao lado do continente europeu, e até a crise financeira de 2008, voltados para a afluência e o progressismo do modelo neoliberal.

  • Um poeta dos poetas

    Acima de tudo, um poeta. E, por isso mesmo, quase um marginal da vida e certamente do mundo, Paulinho Mendes Campos não teve culpa de ter sido o que foi: um artista na acepção completa, vale dizer, na sua visão da aventura humana, que ele próprio definiu num verso magistral: "Clown de meus próprios fantasmas, sonhei-me".

  • Emigrações, passos do futuro

    Há alguns anos participei em Quéretaro, no México, de uma reunião internacional — na qual entre os presentes estavam Henry Kissinger, Robert McNamara, Takeo Fukuda, Helmut Schmidt e muitos outros experts e estadistas mundiais —, que discutiu os problemas do futuro da humanidade, tema recorrente no InterAction Council. Dois problemas se destacavam entre os muitos que teriam de ser geridos pelos estados nacionais: as migrações e o balanço alimentar.

  • Fim de festa

    E, quando melhores estão as coisas, surge a vontade antiga: acreditar outra vez. Já nem importa simplesmente acreditar em quê, mas acreditar em si mesmo, no amor, no trabalho, na virtude, no inferno ou no nada.