
Fim de festa
E, quando melhores estão as coisas, surge a vontade antiga: acreditar outra vez. Já nem importa simplesmente acreditar em quê, mas acreditar em si mesmo, no amor, no trabalho, na virtude, no inferno ou no nada.
E, quando melhores estão as coisas, surge a vontade antiga: acreditar outra vez. Já nem importa simplesmente acreditar em quê, mas acreditar em si mesmo, no amor, no trabalho, na virtude, no inferno ou no nada.
Não é um pôr de sol que muda a nossa vida, é a nossa vida que muda um pôr de sol e o torna inefável ou irrepetível. Ainda mais se for dia de amor, inocência ou arrebatamento. Ou nem isso, se antes o olhar da amada nos focar e o sol penetrar pela vidraça como através da alma. E o pôr do sol teria a magnitude da Nona Sinfonia de Beethoven, ou de alguma Cantata de Sebastião Bach, semelhante à epifania que decorre do ato de justiça, ou da criação, pois a beleza e a moral se atraem magneticamente.
Temos hoje um leitor interessado em saber como deve fazer a separação silábica das palavras que antes eram consideradas paroxítonas terminadas em ditongo crescente. Sirva de exemplo a palavra 'náusea', que pode ter suas sílabas divididas em duas: náu-sea, ou em três: náu-se-a, bem como 'etéreo', em três:e-té-reo ou e-té-re-o, em quatro.
Em todo o mundo, há o questionamento sobre a morte de Osama Bin Laden, com opiniões obviamente contrárias. A questão é admitir a constatação de Barack Obama ("A justiça foi feita") ou classificar a operação dos americanos como um ato de vingança.
O que representam as fotografias escondidas do corpo de Bin Laden? De que realidade se faz a morte do terrorista, permitindo que o espectro avance na sua "missão sagrada" em nosso tempo, como vem de proclamar Al-Zawahiri? Na confirmação da saga que começa, o número 2, forçando uma imagem bíblico-botânica, repete: "Perdeu-se tão só uma uva no cacho exuberante da al-Qaeda."
Entre os centenários que, neste ano, estão sendo comemorados, destaco, o de um dos homens que mais me impressionaram pela sua cultura e dignidade.
Trecho do diário inédito de Juscelino Kubitschek: "12 de setembro de 1974 - Faço hoje, incrivelmente, 72 anos. Sinto-me espiritualmente com a idade de 30. Nenhuma ferrugem na alma nem na vontade.
Nada mais representativo da burrice do que essa teoria do falar errado. Foi quando fui presidente da República que universalizei o programa do livro gratuito nas escolas, e o grande problema era a qualidade do livro.
A cada dia somos surpreendidos com incríveis inovações na educação brasileira. Tudo é tão estranho que parece uma armação para que continuemos a patinar nas piores classificações internacionais de qualidade do ensino.
Os desdobramentos da pressão pelo Código Florestal indicam sinais novos desta maturação do processo democrático brasileiro. Só a democracia aduba a democracia, e a estabilidade política do País, reconhecida internacionalmente, só reforça este avanço da sociedade civil, em todo o seu dinamismo, frente à organização governamental e ao mundo dos aparelhos. Tradicionalmente, o jogo de intercâmbios de interesses entre representantes populares e o interesse do sistema se resolvia na política de clientelas e nos abocanhamentos possíveis de cargos e fatias orçamentárias, de que se faria o peso clássico das situações e dos comandos governamentais. É deste quadro que se aparta, de vez, o novo jogo de condicionamentos que desfigura, por completo, as antigas acomodações e perturba as contas das maiorias previstas.
Não é de hoje que proclamo minha total ignorância sobre quase tudo neste mundo de Deus e do Diabo, principalmente sobre política.
Ou muito me equivoco, ou nunca passamos por um período tão rico em normas e prescrições quanto o presente. Acho que deveria até silenciar sobre o que, segundo li num jornal, vigora na Suécia, porque, para tudo quanto é novidade adotada na Suécia (menos a ausência de mordomias oficiais, pois quanto a isto preferimos nosso atraso mesmo), aparece logo um alegre querendo implantá-la aqui. Refiro-me ao fato de que lá, de acordo com o jornal, o homem que fizer sexo sem camisinha é considerado réu de estupro. Não lembro se isso ocorre mesmo quando a parceira concorda ou se os casados têm de obter um alvará especial, mas essa história de Suécia pega muito nos progressistas nacionais, de maneira que deve ser bom negócio começar a comprar ações de fabricantes de camisinhas.
O que parece estar evidente, na sociedade brasileira, é o cansaço do atual modelo de educação. Em quantidade e qualidade não responde aos nossos anseios. Veja-se o caso do ensino superior. O sonho oficial, agora, é elevar o número de alunos para 10 milhões, em pouco tempo, e para isso o governo faz um curioso apelo à iniciativa privada, tão maltratada durante muitos anos.
Há duas semanas a imprensa vem trazendo ao conhecimento de todos nós, críticas contundentes ao livro didático apoiado pelo Ministério da Educação, que declara em alto e bom som que seus leitores, adultos e jovens alunos, podem dizer “nós pega o peixe” ou “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado". Diante de tanto barulho e de tanta crítica saída dos mais variados setores da sociedade, alguns leitores desta nossa coluna insistem em que comentemos as lições do livro “Por uma vida melhor", cujo capítulo 1 da Unidade 1—Língua Portuguesa— foi preparado pela professora Heloísa Ramos e trata do tema "Escrever é diferente de falar", assunto que se estende pelas páginas 11 a 27. Por mais que tentássemos obter a obra para ter uma ideia mais extensa das lições e da metodologia empregada, não nos foi possível consegui-lo,de modo que nosso comentário se restringirá ao capítulo que deu origem às aludidas críticas. Partindo da tese central de que “escrever é diferente de falar”, encontra a Autora oportunidade para estabelecer a distinção do aprendizado da língua falada [aprende-se a falar a língua materna “espontaneamente, ouvindo os adultos falarem ao seu redor”] e da língua escrita [que “exige um aprendizado formal”(...). “Alguém se dispõe a ensinar e alguém se dispõe a aprender” (...) “Geralmente há local, momento e material próprios para isso”] (pág. 11).
Pelo menos três leitores não compreenderam bem a minha crônica anterior, em que transmiti uma informação certamente não privilegiada sobre a possibilidade de uma renúncia de nossa presidente, motivada por problemas de saúde. Deus é testemunha do quanto torço para que ela supere esses trancos humanos e dê a ela a energia e a sabedoria que nunca lhe faltaram.