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Artigos

  • Como fazer

    O Globo, em 05/06/2022

    O Festival de Cannes desse ano se encerrou essa semana com a vitória de um filme sueco. Em 2019, o cinema brasileiro recebera grande destaque e prêmios com “Bacurau”, de Kleber Mendonça, e “A vida invisível”, de Karim Aïnouz. Mas há 60 anos atrás, ganharíamos a Palma de Ouro, o prêmio máximo do festival, com “O pagador de promessas”, realizado por Anselmo Duarte com produção de Oswaldo Massaini. Entre as duas datas, nossos filmes seguiram sendo exibidos em Cannes e em outros festivais internacionais, ganhando prêmios e virando sucessos pelo mundo afora. Mas nada se compara à Palma de Ouro.

  • De volta ao futuro

    O Globo, em 29/05/2022

    Como fazer um filme, uma peça de teatro ou ficção literária precisa de algum dinheiro, quando a cultura é perseguida e não pode se expressar livre e independentemente, o que melhor revela o que está se passando é a canção popular. Ao longo dos anos, em diferentes casos e países, é ela que tem nos contado o que acontece de verdade.

  • As mães de cada um

    O Globo, em 22/05/2022

    Leio sempre as cartas de leitores às publicações que leio. Elas são escritas por necessidades às vezes difíceis de se avaliar, mas me faz bem lê-las. No último Dia das Mães, lembrei-me de um recorte que guardo há dois anos. Publicada durante o anúncio inaugural da pandemia, no início de 2020, a carta de Sergio Alves, leitor de O GLOBO, dizia assim:

  • A volta da Cinemateca

    O Globo, em 15/05/2022

    Desde que os primeiros europeus botaram os pés na América, em 1492, ficou combinado entre eles que só havia canibais entre os indígenas do Novo Mundo. De volta à Europa, os caronas de Cristóvão Colombo espalharam essa história por onde andavam. Pouco depois, Pedro Alvares Cabral aportou mais ao sul do mesmo continente desconhecido e seus embarcados adotaram o mesmo discurso que devia ajudar a afastar aventureiros daquelas preciosas “descobertas”. A coisa não pegou, o gosto da aventura e do enriquecimento rápido era mais poderoso que o medo de ser comido pelos canibais americanos.

  • Eu não disse?

    O Globo, em 01/05/2022

    Não acredito nos argumentos viciados que começam com uma frase irritante, a afirmar a superioridade sobre o outro: “Eu não disse?”, diz o interlocutor infeliz que, embora em maus lençóis, ri do fracasso de quem não previu para onde estávamos indo. O que estão querendo nos dizer com um sorriso de satisfação, embora seja o sorriso do infeliz derrotado e humilhado, é que o outro é um imbecil que não percebeu o valor da intervenção feita no passado. Uma intervenção decisiva que, uma vez ouvida, nos salvaria da merda em que hoje rolamos.

  • As suçuaranas da cultura

    O Globo, em 17/04/2022

    A televisão revelou, a partir de um dispositivo fotográfico montado estrategicamente dentro da mata litorânea do Rio de Janeiro, a sobrevivência de suçuaranas, belas onças-pardas típicas da região, dadas como em extinção há cerca de um século.

  • Viva a Vida!

    O Globo, em 10/04/2022

    Está certo. Os caminhoneiros devem estar precisando mais do que os produtores de cultura. O Banco do Brasil reservou 8 bilhões de reais para suas necessidades, enquanto o presidente vetava o projeto, já aprovado no Congresso, que destinava metade desse valor aos produtores de cultura através da Lei Paulo Gustavo. Fausto Ribeiro, presidente do BB, anunciou que o banco e o governo estão “de braços abertos para todos os caminhoneiros”.

  • Agora é pra valer

    O Globo, em 03/04/2022

    No governo brasileiro, os produtores de cultura, artistas e intelectuais, têm a cuidar deles apenas a Secretaria Especial de Cultura, conduzida até quinta-feira passada pelo ator Mario Frias. Assim, com tanto problema em torno e pela frente,ficamos condenados a somente discutir porque nosso ex-Secretário de Cultura, que atendia num departamento do Ministério do Turismo, teve que viajar para Nova York afim de negociar a filmagem de uma luta de jiu-jitsu com a participação de um velho herói brasileiro no gênero. Um Gracie que hoje é, se não me engano, sócio de uma academia do esporte na Califórnia. Para esse primeiro passo na produção do filme, Frias foi obrigado a gastar quase 80 mil reais, um dinheiro que anda faltando em nossa economia do audiovisual, por exemplo, só agora contemplada com uma Lei Paulo Gustavo, que só peço a Deus que o presidente não vete.

  • A volta do futuro

    O Globo, em 28/03/2022

    A Academia Brasileira de Letras (ABL) vive, desde sexta-feira passada, um momento novo e brilhante em sua história. Não somente na sua história particular, como também novo e brilhante na História contemporânea do país.

  • Um novo modo de ver as coisas

    O Globo, em 05/03/2022

    A invenção da imprensa, no século XV, mudou o mundo. Sobretudo porque o conhecimento passou a ficar ao alcance de todos, independente do nível cultural, social ou financeiro de cada um. A imprensa acabou sendo crucial para a multiplicação de tendências surgidas com o Renascimento e o fim político do domínio da Igreja sobre a humanidade civil. Curiosamente, o Papa Pio II, ao ser posto diante da invenção, ficou encantado com ela e a saudou como instrumento futuro de registro e cobrança das benesses da Igreja a seus fiéis.

  • Jabor, a última voz

    O Globo, em 20/02/2022

    Eu ainda estava no ginásio do Colégio Santo Inácio quando me aproximei de Arnaldo Jabor, tentando conquistar um papel num espetáculo colegial que ele produzia e dirigia. Tratava-se da dramatização de um daqueles poemas do romantismo brasileiro sobre os paulistas que haviam conquistado o interior do país. 

  • A grande tarefa dos democratas será refazer o Brasil

    O Globo, em 06/02/2022

    Antonioni já era um grande mito do cinema, quando o conheci em Roma. Depois de alguns encontros casuais acabei convidado a ir à sua casa, jogar conversa fora. Lá, achei que conheceria Monica Vitti, já pelo fim de um casamento que produzira, além de felicidade conjugal, um dos mais extraordinários ciclos do cinema moderno europeu: “Aventura”, “A noite” e “O eclipse”. Depois, Antonioni apareceu pelo Brasil no início dos anos 2000 com uma nova e jovem mulher, e jantou uma noite em minha casa, quando lhe apresentei a Caetano Veloso e mostramos suas canções a ele.

  • A utopia é aqui

    O Globo, em 30/01/2022

    Existem várias maneiras de se falar de um país. Mas são poucos aqueles dos quais podemos falar falando de uma civilização especial, uma civilização original que eles por acaso representam. Nosso país começou a ser assim tratado com o Modernismo, um movimento antes de tudo literário e artístico que marcou o jeito de pensarmos sobre nós mesmos.

  • A suprema felicidade

    O Globo, em 23/01/2022

    Meu amigo ainda está no comando. Pode até estar perdendo o poder, incapaz de trocar seu grito costumeiro de baixo profundo por um tapa na geringonça, de assolar seu adversário com juras desmedidas, falar de amor quando está com raiva e de raiva quando ainda cultiva um certo bem pelo adversário. Pode até gostar de moribundo, como sempre gostou. Sobretudo se está na porta da União enterrando o sonho impossível, a rima impossível com ação, piração ou quem sabe comunhão.