Jô jovem, momentos - 1
Começo dos anos 60. Duas da tarde, pontual, dona Mercedes, mãe de Jô Soares, pequena e vivaz, descia do taxi diante do jornal Última Hora, então na Avenida da Luz. Entrava direto na redação, eu a esperava. 'Aqui está a matéria do menino', dizia me entregando a coluna de Jô sobre teatro, rebolado e televisão. 'Olhe direitinho, ele pediu para o senhor dar uma arranjada.' A arranjada que eu devia dar era pouca, ortografia, troca de letras - ele era um datilógrafo de dois dedos. Eu mudava um e outro titulozinho de nota para dar mais charme. Na verdade era pretensão minha, dois anos mais velho do que ele. A mãe de Jô executou esse ritual por um bom tempo, quando ele não podia ir ao jornal.