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Artigos

  • O piano de Napoleão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/05/2005

    A América Latina, que sempre teve a imagem de um caldeirão social, entrou nos anos 90 como lugar de arrumação sob a forte influência das políticas mundiais de estabilização, à base do neoliberalismo. Estas, dando predominância ao econômico sobre o social, não ofereceram as respostas reclamadas pela sociedade, que procurou novos caminhos, levando ao poder líderes-símbolos da esquerda latino-americana.

  • Cúpula e orgasmo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/05/2005

    Minha leitura é positiva sobre a Cúpula América do Sul-Países Árabes, realizada nesta semana em Brasília.

  • Direitos humanos e o besouro barbeiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/05/2005

    Muitas coisas precisam nos preocupar. Mas falta tempo e, por isso, vamos sendo enganados pela vida cheia de problemas. Agora mesmo estamos vendo como nos descuidamos dos preconceitos. Foi preciso a Secretaria dos Direitos Humanos nos alertar para essa maldade.Não é que eu passei a vida toda considerando o preto uma cor, a preta, sem saber que assim estava ofendendo toda a África e sendo racista, porque "achando a coisa preta" ia denegrir pessoas, sem querer nem pensar. Lembro-me de Jorge Amado, que foi o primeiro a descobrir isso, porque ele sempre dizia: "a coisa está como entre as pernas dessas mulheres, preta". E, nesse caso, não ofendia as pretas, mas tratava das bondades do gênero feminino, segundo Caminha, o que ele certamente preferiria fazer para não ser enquadrado como racista.

  • Condureza ternura

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/04/2005

    Ultimamente, vivemos uma enxurrada de pesquisas que não servem para nada. Li outro dia que, depois de um trabalho exaustivo de pesquisadores, chegou-se à conclusão de que os velhos pagam mais impostos. Ora, se os velhos compram mais remédios e todo remédio tem um imposto indireto embutido, é claro que, mais remédios, mais impostos. Óbvio que os velhos precisam de mais medicamentos. Há também a pesquisa de que os carecas têm a cabeça mais larga que os cabeludos. E daí? Para não ser careca tem de diminuir a cabeça?

  • Ainda no labirinto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/04/2005

    Depois de três semanas em que os nossos sentimentos se alternaram entre tristeza e alegria, voltamos ao cotidiano. Foram dias de muitas emoções. Primeiro, o longo sofrimento do papa João Paulo 2º, depois, a pompa dos funerais, a comoção do mundo.

  • Viajei no Aerolula

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/04/2005

    O avião presidencial é um sonho de consumo que passou a integrar a imaginação dos brasileiros. Construíram tantas fantasias que as pessoas passaram a pensar que ele não era avião, mas um palácio voador, cheio de encantos e surpresas, coisa das mil e uma noites.

  • O terror, o poder e Isidório

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/04/2005

    O grande problema para os partidos revolucionários é distinguir poder e realidade de governo. É aquilo que Orígenes Lessa consagrou em um dos seus livros famosos, "O Feijão e o Sonho", a abstração e o mundo real. Foi dentro dessa visão que Bismarck sintetizou o dilema, consagrando a definição, tantas vezes repetida, de que a política é a arte do possível. Aqui, também, aceitando que política é governar.

  • Jesus e Lampião

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/03/2005

    As duas datas do cristianismo que alicerçam nossa fé são o Natal e a Ressurreição, esta intrinsecamente ligada àquele. Dos santos não se comemora o nascimento, e sim a morte. É o momento em que eles encerram a condição humana. Com Cristo, o grande momento e a parte mais difícil e mais importante do crer é a Ressurreição. São Paulo resumiu tudo quando disse que "sem Ressurreição não existe cristianismo". Na Páscoa, renovamos o momento de pôr à prova nossa crença em Deus. A Páscoa vem do Velho Testamento, um anjo destruidor que chegava para libertar os judeus. O Cristo restaura a Páscoa com a mensagem de libertar o homem, preparando-o para a eternidade. E a hora dessa fusão é a Ressurreição.

  • E o 15 que não é de Rachel?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/03/2005

    Rachel de Queiroz marcou a literatura brasileira quando, com "O Quinze", entrou com todo vigor no grupo daqueles que Oswald de Andrade chamou de "os búfalos do Nordeste" -que invadiram a Semana de Arte Moderna com a temática da seca.

  • As espatódeas em flor

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/03/2005

    15 de março de 1985 foi uma sexta-feira. Hoje, essa sexta-feira cai em 11 de março. Naquele ano, nesta data, ninguém ainda sabia nem poderia prever o que iria acontecer nos dias seguintes, talvez os mais tensos e mais dramáticos da história do Brasil.

  • Vá tomar banho!

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/03/2005

    A característica mais forte da sociedade industrial foi a sua capacidade nunca prevista de provocar um êxodo das populações rurais para as cidades. A relação de outrora -de 80% das pessoas vivendo no campo e 20% nas cidades- inverteu-se vertiginosamente para, em média, 10% no campo e 90% nas cidades. O Brasil não ficou atrás e, hoje, é mais ou menos essa a proporção que apresenta.

  • Última samba em Chantilly

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 25/02/2005

    A Europa está em lua-de-mel. O presidente Bush, com ares de noiva, visita seus parceiros europeus pedindo desculpas pelo desencontro da Guerra do Iraque e oferecendo sua mão generosa em casamento para que, juntos, iniciem nova vida. Chirac já aceitou, Schröder também, Berlusconi nem se fala, é velha companheira de amores, Blair é indissolúvel concubinato.

  • Líbano, jacaré e zebu

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 18/02/2005

    A solução do assassinato e do terror está se impondo como caminho para resolver problemas políticos. É um atraso na história da humanidade. O homem primitivo não conhecia outra fórmula senão a violência: o uso do tacape. Hobbes, aquele que refletiu sobre a lei natural, diz que o Estado existe por causa do medo da morte violenta.

  • Um bom começo de Quaresma

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/02/2005

    O ano de 2005 entrou a pleno vapor. Saímos do Réveillon, atropelamos os Santos Reis e logo ouvimos os tambores dos terreiros de são Sebastião, que vinham misturados com os tamborins de um Carnaval bem curtinho, frenético e acelerado. Num relâmpago, já batemos nas Cinzas, com o véu da Quaresma, sem sair da folia que se prolonga até sábado na Barra, em Salvador, e, no Maranhão, com o lava-pratos, que é um domingo da Quaresma gordo em são José de Ribamar, santo padroeiro do Estado, onde os foliões vão pedir perdão pelos pecados pecando mais. Conheci um velho tio que recomendava aos filhos sobre as folias de Momo: "Tenha muito juízo e comporte-se mal".