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Artigos

  • da velhice com rabeca

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 19/08/2005

    Muito se tem falado em política e em valores morais nestes últimos meses. Esse é um tema permanente na atividade pública. Alceu Amoroso Lima, no prefácio que escreveu para "O Homem e o Estado", estudos coordenados por Alejandro Bugallo, disse que a política não é uma solução total do destino humano, mas "uma condição para essa solução", acrescentando na citação de Walter Lippman que "o homem é um animal ingovernável".

  • Vamos falar sobre flores

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/08/2005

    Carlos Lacerda , o político, mas sobretudo o grande jornalista, numa época parecida com a que vivemos, resolveu escrever sobre a Sociedade Protetora dos Animais.

  • Estômago de Aço e o mensalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    Quando viajei ao Amapá, na última semana, deu-me uma inesperada, inóspita e insidiosa dor de estômago. Doía danadamente. Na minha idade, convivemos com muitos achaques que nos são, quase sempre, conhecidos e freqüentes. É dor aqui, mal-estar acolá e a todos conhecemos e já sabemos como proceder: chá de laranja, tintura de arnica, pomada de cânfora e por aí vamos. Mas dor de estômago do jeito que veio não estava entre minhas baldas. Daí, com o meu declarado e sempre não proclamado ser hipocondríaco, fiquei logo calado e pensando o que poderia ser. Há muito nada sentia nesse órgão. Quando era moço, em São Luís, tinha um restaurante "Estômago de Aço", que era a prova de fogo para males da gula. Mas o estômago mais forte que existiu no Maranhão foi de um deputado acusado de ter feito uma negociata com arame farpado vindo da antiga Cortina de Ferro. Os jornais diziam: "Fulano está comendo arame farpado como quem come macarrão".

  • I´m sorry! (Desculpe!)

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/07/2005

    "Cinco balas em nossos corações" era a faixa que estava na estação de Stockwell, em Londres, onde tinha sido executado, por engano e pela Scotland Yard, o brasileiro Jean Charles, um mineiro de Gonzaga, seduzido pelo paraíso da emigração.

  • A marca do fim

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 26/07/2005

    Há menos de um mês, em encontro organizado por Cândido Mendes de Almeida em Paris, coube-me falar na Sorbonne, sobre "O romance no Brasil". Depois de uma introdução rápida sobre as raízes da arte de narrar, estudei a obra de dois narradores seminais da nossa literatura - José de Alencar e Manuel Antônio de Almeida - fixando-me, em seguida, em Machado, Raul Pompéia e Aloísio de Azevedo, para chegar a Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano, Adonias, Lúcio Cardoso, Otávio de Faria, Clarice Lispector, Cornélio Pena, João Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, José Sarney, Ciro dos Anjos, Antônio Calado, Ariano Suassuna, Nélida Pinõn, Inácio de Loyola Brandão, Campos de Carvalho.

  • Cecas e reforma política

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/07/2005

    Há muitos anos, fiz uma conferência na Escola Superior de Guerra sobre a necessidade de reforma do sistema eleitoral brasileiro. Era o tempo em que o presidente Figueiredo abolia o antigo esquema de dois partidos: Arena e MDB. Publiquei depois um ensaio com o título "Partidos Políticos" e apresentei projetos sobre a necessidade de implantação do sistema distrital no Brasil.

  • Complexo de Cachoeira

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 15/07/2005

    Carlos Lacerda , em famoso discurso, ao tempo em que os discursos ainda tinham nomes, com o título de "Corrida dos Touros Embolados", falou sobre a arte do debate no Parlamento. Dizia ele que, em tempos de paixão e crise, todos eram possuídos do desejo de brilhar e, então, passavam ao exercício de fingir. Depois de esgotar o tema, virou-se para os adversários que o atacavam com rudeza e afirmou: "Aqui até o ódio é fingido".

  • Nossa cabeça francesa

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 08/07/2005

    Os mais recentes encontros do ano França-Brasil concentraram-se na troca da experiência das nossas cabeças: tanto a da universidade, como a literária. É o que proporcionou, de início, a presença na Academia Francesa, de dezesseis membros da ABL, respondendo a um intercâmbio começado pela vinda ao Rio de Janeiro, no Centenário da Casa de Machado de Assis, dos Secretários Perpétuos, Maurice Druon e Hél×ne Carr×re d"Encausse, bem como de Marc Fumaroli e Hector Bianchotti. "Sous la coupole" agora os donos da casa foram saudados por Ivan Junqueira e José Sarney. Relembraram-se as vinhetas dos primórdios da nossa colonização, pelos sucessivos empenhos, finalmente abortados, da França Antártica, na Baía de Guanabara, e da Equinoxial, quando Lavardi×re imprimiu à capital do Maranhão o nome de São Luís, o Rei nos altares.

  • Tempo das amoras

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/07/2005

    Cada ser humano é um testemunho do tempo. É um testemunho participante das transformações que ocorreram durante a vida, que vão do corpo ao ritual da morte, passando pelo cotidiano dos costumes, hábitos, modos e seduções.

  • Onde está a tomada?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/07/2005

    Voltei ao Brasil e minha sensação foi a de quem chegou em casa e nada funciona. É como se, de repente, uma pane geral desligasse a geladeira, a máquina de lavar, a televisão, o DVD e até o fogão. Nem candeias estavam disponíveis.

  • Repórter por um dia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 24/06/2005

    Quando eu tinha 17 anos, concorri em um concurso de reportagem dos "Diários Associados" do Maranhão.

  • Olhos para ver e para chorar

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/06/2005

    Estou adquirindo uma má vontade comigo mesmo de citar "aquele" pregador que eu li tanto a vida inteira. Foi meu pai que me recomendou: "Se você quer aprender a escrever, leia Vieira". Pois não é que ele diz que os homens têm olhos feitos para ver e para chorar? E explica: "Os cegos não vêem e choram". É o que acontece agora com nós, brasileiros. Estamos vendo, estamos cegos e, vendo não vendo, temos vontade de chorar.

  • O sal não salga

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/06/2005

    A "big word" , como dizem os americanos, aqui e agora, é corrupção. É bom ter por perto um "pai dos burros", o dicionário, para ter a exata noção do que se está falando ou do que estão falando. Na etimologia, a palavra vem do latim "corruptus", que tem significado para todo gosto: "estragado, subornado, seduzido". Francisco Antônio, dicionarista de meu tempo de colégio, latim-português, aumenta o leque do emprego de corrupção. É também "viciado, pobre, depravado, falsificado". Com o tempo, perdeu o "s" no francês arcaico e, no português, perdeu e manteve o "p". Com "p" e sem "p", é sempre a mesma coisa.

  • Um pouco de nostalgia

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/06/2005

    Neste ano , há uma concentração de invocações com algumas saudades que julgávamos mortas. É este ano de 2005 o centenário de Aliomar Baleeiro, de Adauto Lúcio Cardoso e de Afonso Arinos de Melo Franco. Afonso, marco poderoso da inteligência brasileira, visitou todos os campos do conhecimento. Mas evoco o Afonso Arinos, meu mestre e amigo, o parlamentar, aquele que, num discurso memorável e eterno, precipitou o fim do governo Vargas. E também aquele que, ao saber que Getúlio se matara, chorou e encheu-se de remorso. Falava como se desse aulas de saber, de espírito público, de dignidade.

  • O peru do Carnaval ou do Natal?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/05/2005

    O ex-presidente Fernando Henrique é um homem educado, amável, cordato, esperto, malicioso, simpático e sedutor. Nunca se revela a um adversário, e não sei se algumas vezes a algum amigo. Não o vejo com ares de confissões e de ter confidentes nem dado a confessor. O que o teria levado a entrar em metáfora dos bichos sem chegar à fábula, gênero que tem sempre uma conclusão moral? Disse ele, num rasgo que não é do seu cotidiano, que o governo era um "peru bêbado no Carnaval". A reação foi desproporcional à boutade. Afinal, um peru bêbado no Carnaval está no espírito da coisa, para brincar e divertir-se. Depois veio a correção: "Não é no Carnaval, é no Natal".