João Francisco Lisboa escreveu um clássico sobre a evolução do processo eleitoral: Eleições na Antiguidade.
Desde as eleições feitas por palmas, em Atenas, até nossa urna eletrônica foi um caminhar longo e cheio de imaginação. O grande problema sempre foi como evitar a compra de votos. Em 1841, em Liverpool, uma eleição de deputado custava
Os saxônicos seguiram essa regra da compra de votos e a corrupção começou nos tempos de Isabel (Elisabeth I), com Tomás Longe, que comprou votos a dinheiro para eleger-se num distrito. Nos Estados Unidos era essa também a maior desgraça das eleições – o que continua. Vejam-se as acusações do dinheiro do petróleo na campanha do Bush.
Já no Brasil, a “precária e mesquinha carreira de empregos” – segundo Lisboa – foi a preferida. Mas tivemos as “eleições a cacete”.
No Maranhão, dona Ana Jansen, célebre matriarca, chefa do Partido Conservador, tinha uma equipe famosa de “caceteiros” que ganhava todas as eleições, e ela, que era tatibitate, dizia: “Cute o que cutá, meu fio Manezinho tem de sê deputá”.
Eu era jovem estudante de direito, em 1950, quando fui contratado para ser fiscal de uma eleição suplementar, que era a eleição feita em urnas anuladas, sistema já desaparecido. A seção eleitoral a ser renovada era
Não tinha TV, pesquisa, nem o vigoroso Brasil de hoje. Era um Brasil do século 19. Hoje, eleições pacíficas, limpas e uma democracia incontestável, vinda do cacete à urna eletrônica.
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) 25/08/2006