
Direita se organiza
José Dirceu, o outrora superpoderoso ministro de Lula, continua sendo o que melhor pensa estrategicamente no PT, mesmo com muitos anos de cadeia pela frente.
José Dirceu, o outrora superpoderoso ministro de Lula, continua sendo o que melhor pensa estrategicamente no PT, mesmo com muitos anos de cadeia pela frente.
Sete degraus sempre a desceré um livro de alta poesia. Alta, porque levada ao descenso, ensaio de ousadia, pacto de sangue dos happy few. A viagem de Alceste e Orfeu pertinaz, solitária, ao longo de uma incontornável cerimônia de adeus..
O “presidencialismo de coerção”, como está sendo chamada em Brasília a suposta maneira Bolsonaro de governar, pressupõe uma ação deliberada do governo de pressão sobre os diversos grupos políticos e sociais que se colocarem em oposição às propostas que pretenda aprovar no Congresso.
Bem que Ancelmo Gois está tentando acalmar os ânimos, fazendo o que pode em favor da paz, mas o seu bordão, apesar de muito popular, é de pouco efeito prático: as pessoas parecem querer tudo, menos calma. A prova é que a campanha eleitoral continua no que ela tinha de pior: a animosidade, a intolerância, o ódio de parte a parte, acrescida de novos ingredientes, represália, vingança, desforra.
Ao confirmar a nomeação de Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, para presidir o BNDES, o presidente eleito Jair Bolsonaro ratificou a decisão de delegar aos ministros, especialmente aos dois superministros, Paulo Guedes da Economia e Sérgio Moro da Justiça, a escolha de seus principais assessores, de porteira fechada como se diz na política de Brasília, mas sem interferências políticas.
A sociedade brasileira é conservadora, afirma-se à boca pequena, e a prova seria a eleição de Bolsonaro, que nunca escondeu sua ojeriza às liberdades no campo das escolhas de vida.
Há duas semanas os líderes do PSDB têm em mãos um diagnóstico sobre o que provocou sua derrota, e o que fazer para dar a volta por cima depois da eleição geral deste ano que provocou uma ruptura do sistema político-partidário como nós o conhecemos há 25 anos pelo menos.
A primeira-dama Ruth Cardoso, a propósito do acordo político fechado por seu marido Fernando Henrique com o Partido da Frente Liberal, hoje Democratas (DEM), disse uma frase que ficou célebre: “O meu PFL não é o mesmo do Antonio Carlos”, referindo-se ao então governador da Bahia.
O cientista politico Antonio Gramsci, fundador do Partido Comunista Italiano, cunhou uma frase que pode bem definir o momento que estamos vivendo: “ O velho resiste em morrer, e o novo não consegue nascer”.
Uma leitora escreveu para o jornal reclamando que “tem uma turma implicando com a religiosidade de Bolsonaro”.
O primeiro a sacar que o ano de 1968 terminou no Brasil no seu cinqüentenário foi Elio Gaspari. “(...) Nesta, (eleição) derrubou peças de dominó. (...) Talvez o ano de 1968 tenha terminado no Brasil durante seu cinquentenário. (A bandeira “Seja Marginal, Seja herói”, de Hélio Oiticica, é de 68.)”.
Jair Bolsonaro, o candidato do PSL - Partido Social Liberal, foi eleito o novo presidente do Brasil, e no discurso que fez, no anúncio de sua vitória, prometeu transformar o Brasil em uma grande, livre e próspera nação, “reduzindo a sua estrutura e a burocracia, cortando desperdícios e privilégios, para que as pessoas possam dar muitos passos à frente”.
A relação do futuro governo Bolsonaro com o Congresso promete ser conflituosa, a depender das declarações de assessores do círculo próximo ao presidente eleito.
É preocupante o rumo que Jair Bolsonaro parece querer imprimir à política externa, que poderá pôr em risco a credibilidade das instituições brasileiras e promover a importação de ódios e terrorismo, em vez de exportar concórdia, resultante do convívio harmônico entre judeus e árabes, de que o país é exemplo.
O debate sobre a nomeação do juiz Sérgio Moro para o ministério da Justiça com superpoderes no governo Bolsonaro levantou pontos relevantes sobre a relação entre os Poderes da República, e o exercício da política para além do jogo partidário.