
Ler e escrever no Sesc
[2]Tenho insistido nas conversas descompromissadas com os confrades da Academia Brasileira de Letras no quanto é difícil saber ler.
Tenho insistido nas conversas descompromissadas com os confrades da Academia Brasileira de Letras no quanto é difícil saber ler.
A Revolução de Túnis está sendo considerada como o primeiro grande evento de efetiva mudança sociai do século, no impacto que tem sobre a quebra do autoritarismo pós independência colonial do Oriente Médio. Não só o movimento se alastra nas praças, já abarrotadas, contra Mubarak, no Egito, ou no começo das agitações na Jordânia, mas, sobretudo, põe em causa um outro problema: até onde a derrubada das ditaduras vai, também, implicar uma torna ao fundamentalismo islâmico, num claro retrocesso histórico do que, se pensava, fosse o avanço da laicização na modernidade? O governo Ben Ali, tal como o de Mubarak, foi dos que mais avançaram no sentido de reprimir a onda islâmica, repetindo, quase um século após, o mesmo intento que Atatürk, na Turquia.
Na semana passada dividi com meus leitores uma mediação sobre a África, esse coninente tão sofredor, onde o homem nasceu e transformou-se, na expressão de Hobbes, no seu próprio lobo.
Como diversos fatos da língua, a colocação de pronomes se apresenta diversificada conforme se use em circunstâncias de informalidade, isto é, entre pessoas de nossa intimidade, ou entre pessoas de cerimônia, com quem se deve falar ou escrever de acordo com as normas padrões do chamado uso formal ou exemplar, em obediência às normas da gramática escolar, dita gramática normativa. Coloquialmente, pode-se começar um período por pronome átono (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes), ou seja, podemos dizer 'Me diga isto', e até se pode fazê-lo por escrito, quando se trata de ambiente de informalidade entre escritor e leitor. As crônicas, que em geral são conversas amenas entre esses dois personagens, nos dão muitos exemplos desta colocação de pronomes. Já em circunstâncias formais, a regra é nos conformarmos com as normas gramaticais, que, é verdade, não são muitas nem complicadas. Para os que desejarem conhecê-las, vamos aqui enumerá-las:
Em 1996, publiquei neste mesmo espaço a crônica que hoje transcrevo em homenagem a uma data que nunca esqueço. Confusão de última hora, agravada pelo calor que consegue embrutecer os mais brutos, não comemorei na última quinta-feira, 3 de fevereiro, o dia de São Brás, epíscopo e mártir, tido e havido como protetor dos males da garganta. Não conheço do santo a biografia, daí não saber por que há séculos seu nome é invocado na hora das sufocações, dos catarros, das espinhas de peixe e ossos de galinha que ficam encravados naquilo que os prosadores quinhentistas chamavam de “guelras”.
Aproveitando o gancho do Cairo, que continua na berlinda, semana passada lembrei a cena que nunca esqueço: um soldado egípcio, mutilado numa das guerras da região, abraçou-se às pernas de Ezer Weizman, ministro da Defesa de Israel, que assinaria o acordo de paz com o Egito. Outra cena que me ficou na memória deu-se à sombra das pirâmides. Ao contrário de Napoleão, passei um vexame que foi contemplado por 4.000 anos de história.
Paira um grande silêncio na República - não sei se é de ouro - depois da saída do governo Lula. Cessou o rumor, quase diário, das entrevistas na tevê, cessou a opulência retórica e demagógica das reportagens,e sabiamente a nova presidente se calou. Postulando com decente justeza a competência * não o compadrio - como fundamento dos cargos de segundo escalão. Trabalha em silêncio, como Minas,seu Estado natal. Defronta-se o Brasil com a maior inflação da América Latina, havendo com a soma dos fatores como: indexação, taxa elevada e estímulos fiscais a dificuldade de estabilização dos preços, depois de 17 anos de estabilidade econômica. O que nos faz vislumbrar penosos meses.
O clima político em 2010 foi contaminado pela disputa eleitoral, num ano em que se escolhiam presidente, governadores e parlamentares. Aplicou-se a máxima de Lenine, de que o adversário é um inimigo a destruir. Isto repercutiu sobre toda a sociedade, afetando sobretudo o trabalho no Congresso Nacional, que se afastou das grandes reformas necessárias.
Passando pela avenida Atlântica, vi um helicóptero descer na praia, numa operação que me pareceu de treinamento. Lembrei-me de Juscelino Kubitschek. No dia seguinte ao de sua posse, às 7h30 da manhã, ele desceu em frente ao Copacabana Palace. Sem qualquer combinação prévia, foi buscar Richard Nixon, vice-presidente dos EUA, que viera para as solenidades que terminaram com uma recepção no Itamaraty.
Na missa de 7° dia, no Colégio Notre Dame, o padre Jorjão, diante de mais de 200 familiares, amigos e discípulos de Leodegário Amarante de Azevedo Filho, recordou que o mestre falecido vivia cantarolando o "Queremos Deus que é nosso Pai", como se estivesse se preparando para a glória da vida eterna. O nosso estimado Leo, com quem tive o privilégio de um convívio de mais de 50 anos, não conheceu o iGtium cum dignitate, expressão latina cunhada por Cícero, que significa lazer com dignidade, ou seja, todo homem, depois de uma dura vida de trabalho, tem direito, no fim da sua existência, a um honrado repouso(aposentadoria), o ;que ele não conheceu por jamais ter interrompido as suas atividades de professor e escritor laureado. Nisso teve sempre a colaboração muito próxima da sua amada Ilka, ex-aluna da UERJ, com quem se casou para tornar prático o pensamento expresso no soneto de Camões, em que o vate português afirmou em inspirado soneto que "amor é fogo que arde 'sem se ver." Segundo a filha Cláudia, o amor entre eles podia ser visto constantemente, tal a afinidade das duas existências. Foi um casal exemplar.
Fiquei com pena de Tiradentes. De repente está passando à história como sugador da nação. Tinha tantos privilégios que até hoje transmite a quatro trinetos pensões de dois salários mínimos. Não temos realmente o gosto de fazer justiça. O maior de todos os heróis brasileiros não pode ser alvo de notícias que podem levar a conclusões erradas.
Nascemos no mesmo ano. E no mesmo dia, mês e ano começamos a trabalhar juntos na Rádio Jornal do Brasil, inicialmente como redatores de textos de publicidade e programas especiais. A PRF-4 era então uma emissora de médio porte, dez quilowatts na antena, e seu perfil quase exclusivamente clássico. Seu forte era o gênero lírico, transmitia óperas inteiras nas melhores gravações da época. Foi instalado um transmissor de 50 quilowats, dando maior potência à rádio.
As marchas e contramarchas, no Cairo, entre oposicionistas e defensores do regime de Mubarak levam a novas interrogações sobre o conflito deflagrado pela revolução tunisiana. Não se pode atribuir, por completo, à manobra do presidente, a enxurrada nas ruas para sufocar os inconformados com o sistema. Multiplicam-se os depoimentos de uma classe média egípcia a sobrelevar a estabilidade consolidada do país, sobre as reivindicações de um pleno e amplo restabelecimento da democracia. De outro lado, a multiplicidade de lideranças autoassumidas contra o regime indica, cada vez mais, que não há um verdadeiro levantamento do inconsciente coletivo egípcio. Fosse tal a situação, eclodiria uma mobilização consequente a, já, ter, nesta altura, carismática ou não, uma clara liderança no abate a Mubarak.
Tudo bem: a história guardará o movimento popular no Cairo que, sem quase derramamento de sangue nem depredações consideráveis, derrubou 30 anos de poder do ditador local. Não houve ataque à Bastilha nem invasão do Palácio do Inverno, como em outros feitos revolucionários.
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