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Artigos

  • Pacto infernal

    Recebo e-mail acusando-me de ter vendido a alma ao demônio. Fausto subdesenvolvido que não desejava recuperar a mocidade para conquistar Margarida, mas garoto guloso que desejava uma torta de banana, episódio que está narrado com detalhes no meu primeiro romance.

  • A síndrome do ninho vazio – ou a glória dos múltiplos ninhos?

    Ano-Novo, vida nova, é um dito clássico. Que, contudo, raramente se traduz em mudança real. Na maioria das vezes, continuamos levando nossas vidas, mantendo nossas rotinas, postergando nossos projetos revolucionários. Mas toda regra tem exceção, e o Beto Scliar é disso um exemplo: ele começou 2011 no seu próprio apartamento, por ele muito bem instalado e decorado. Mais do que isso, e ao menos para seus orgulhosos pais e para a Ana, está se revelando um grande dono de casa. Ou seja, é um marco em sua bela trajetória pessoal e profissional.

  • Lixo e vida

    Um suicida foi salvo após se jogar do oitavo andar de seu apartamento e cair no lixo acumulado nas ruas de Nova York. Devido às nevascas, a coleta de lixo estava suspensa na cidade desde o Natal. O homem de 26 anos foi levado ao hospital. O estado dele era considerado crítico, mas estável. Mundo, 4 de janeiro de 2011

  • O passaporte diplomático

    Incríveis são as incongruências do poder. De um lado tende a aumentar o valor da Bolsa Família, para os que não trabalham, com o dinheiro da nação, poderosa e decisiva ferramenta eleitoral, usada astutamente pelo governo Lula. E de outro lado, o salário mínimo para os que trabalham, um dos mais ínfimos e vergonhosos da América Latina, gera tanta controvérsia, numa luta campal por vinte reais de diferença. E quando leio que a nova governante deseja, com razão, combater a fome , não sei se há de ser a dos que trabalham ou a dos que não trabalham. Porque a vantagem de uns em relação aos outros, leva até a não haver nenhum interesse em trabalhar. Porque a nação sustenta. E o governo é muito generoso com o bolso coletivo, onde o imposto é carga insuportável.

  • O Satã de plantão

    Afirmam os entendidos que não se pode nem se deve viver sem inimigos. São necessários à firmeza de nossas convicções e eficiência de nossos atos. Mesmo na metafísica há necessidade de contrários: após a Criação, o próprio Deus descolou um adversário, na pessoa do seu anjo predileto, que era Lúcifer. Daí até Obama e o presidente do Irã foi um passo.

  • Cafezinho frio

    O provérbio faz parte da tradição política brasileira: no final do mandato ou da gestão, o cafezinho é servido frio. Uma constatação muito significativa. O cafezinho não é a mais importante das mordomias, mas é a mais constante.

  • Navegar é preciso

    Acredito que não estou em erro: dos 37 ministros do atual governo, a maioria dos brasileiros (e brasileiras) não sabe o nome e os atributos de uns 30 novos titulares das principais pastas. Em princípio, isso não quer dizer nada. Presume-se que Dilma os conheça bem e neles confie.

  • A grande dama da cultura

    Lily Marinho era conhecida pelo refinamento e a elegância em todos os seus gestos. Tive o privilégio do seu convívio durante os 14 anos em que viveu, feliz, ao lado do marido Roberto Marinho. Depois da morte do grande fundador das Organizações Globo, em 2003, passou reclusa boa parte da vida, sem deixar a bela casa do Cosme Velho. Costumava dizer: "Estando aqui, onde pretendo ficar até o fim dos meus dias, sinto menos a ausência do meu grande amor."

  • Novas questões de ortografia

    Nos dicionários aparece duplicidade de grafia entre ‘lambujem’ (com j) e ‘lambugem’ (com g)  tanto aplicado à vantagem que se oferece ao adversário com que se joga (‘eu te darei cinco pontos de lambujem’) ou ao que se dá ou se ganha fora do esperado (‘nós ganhamos uma prenda de lambujem’),variante, nestes exemplos,de ‘lambuja’.  

  • Língua e ferrovia

    Quando, em 1988, visitei Angola e conversei bastante com o presidente José Eduardo dos Santos, a guerra civil estava num dos seus piores momentos. Falamos, sobretudo, sobre o modelo atrasado e retrógrado da administração portuguesa. O presidente angolano pensava em fortificar e desenvolver as línguas tribais com o objetivo de extirpar o português. Fi-lo ver que a nossa experiência fora diferente. Aqui o português matou os dialetos, sobrepôs-se ao nheengatu, a língua geral, e serviu para consolidar a unidade nacional. Assim, dizia eu ao presidente angolano, se os portugueses pouco deixaram em Angola, deixaram a língua, que a nova nação deveria utilizar para tirar todos os proveitos políticos, a unidade nacional e como instrumento para a educação e inserção no mundo com seus 400 milhões de falantes de português.

  • Contagem regressiva para a oposição

    O governo Dilma é todo o contrário, no seu nascimento, de um quadro de trancos e barrancos, ou de emergência de inconformismos latentes, nos dois mandatos do governo petista. No corte da equipe ministerial, entre quem ficou e quem entra, pode-se desenhar a expectativa da continuidade sem continuísmo, claramente manifestada desde o discurso inaugural. Mas a tranqüilidade nesse futuro imediato, e mesmo a médio prazo, tem como seu primeiro aliado a própria afirmação oposicionista, herdeira da força eleitoral da candidatura tucana. Mas em que termos a vitória do PSDB nos seis estados articula, numa frente coesa, o que seria o confronto com o governo nascente? Em alguns casos, como no Pará ou em Tocantins, os êxitos eleitorais mínimos deixam esses Executivos reféns dos novos avanços do PAC - e acelerados - nessas áreas. As governanças, por outro lado, de Goiás ou Mato Grosso do Sul manifestam a sua total autonomia ao, desde a posse, aproximar-se do governo Dilma e criar a sua contabilidade imediata de expectativas e favores.

  • Uma rosa ao peito

    São Paulo pulou na frente do Rio de Janeiro quando pensou na criação do Museu da Língua Portuguesa (MLP). Com o apoio prestigioso da Fundação Roberto Marinho, pôde dotar o MLP dos modernos recursos tecnológicos de que hoje dispomos, para tornar mais atraente o lidar com aspectos da nossa língua e da nossa literatura.

  • Anorexia e Inteligência

    A notícia chegou com atraso e deu um toque melancólico à passagem do ano: morreu a modelo e atriz francesa Isabelle Caro que, numa foto famosa, mostrou seu corpo magérrimo (pesava menos de 30 quilos) devastado pela anorexia nervosa, da qual ela, como muitas outras garotas, foi vítima. Fez disso uma causa, inteiramente justificada quando se considera as pressões exercidas, sobretudo sobre modelos, para que tenham um corpo delgado. Isabelle defendeu essa causa com coragem e com inteligência.

  • DNA das tragédias

    Todas as vezes em que ocorrem tragédias naturais, como a erupção do Vesúvio, em 79, o terremoto de Lisboa, em 1755, o de São Francisco, em 1906 (estou citando os mais espetaculares), e mais recentemente o do Haiti, cria-se uma oportunidade para se indagar não se sabe a quem: "E Deus? O que tem Deus a ver com isso?"

  • Ai de ti, Copacabana?

    Quando eu era menino, havia um médico que se tornou conhecido em Porto Alegre não por causa de suas qualidades profissionais ou pessoais; não, a razão de sua fama era outra: homem rico, tinha um apartamento em Copacabana. Dele as pessoas diziam, com admiração, respeito e inveja: O doutor X tem um apartamento em Copacabana.