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Artigos

  • Astrologia política

    Atendi a uma repórter que fazia uma reportagem sobre horóscopo e ela, de saída, foi me dizendo: "O senhor, conhecido consultador de horóscopos...". Interrompi: "Minha filha, você está com a informação errada, eu não consulto horóscopos...". "Mas o senhor não usa marrom nem gosta de jacaré empalhado..." "Isso é outra coisa", retruquei, "meu jacaré nada tem a ver com astrologia." E ela, simpaticamente, terminou a conversa: "Vai ver que tem".

  • Admirável mundo antigo

    A faixa etária à qual pertenço tem poucas vantagens. Uma delas seria a de não me admirar de nada do que acontece neste mundo, mais do Diabo do que de Deus. Em criança, acho que eu entendia tudo sem pedir explicações. Chovia porque chovia, meu avô morreu porque tinha de morrer e assim eram as coisas e as pessoas.

  • Vácuo político

    A surpresa radical das opções de voto em São Paulo é a desse empate entre Serra e Russomano para a disputa da prefeitura. E vêm logo as interrogações: o sucesso do evangélico é de um prestígio em queda de suas aparições constantes na TV e, agora, a só viver da nostalgia da sua presença? Ou vamos a um novo vácuo político ideológico preenchido pelos evangélicos, passados, agora, determinadamente, a um protagonismo eleitoral?

  • O estilo peculiar de Jorge Amado

    Numa das sessões da Academia Brasileira de Letras, na hora do chá, tive uma boa conversa com o escritor Jorge Amado, que conhecia desde os meus tempos de Manchete.  Ele costumava ceder à revista parte dos originais dos seus próximos livros, o que sempre se constituía em furos de reportagem.  Na ABL, o tema  era a televisão – e  se adaptações feitas de obras literárias desfiguravam ou não o seu sentido.  Ele simplificou o seu pensamento: “Cedo os direitos, mediante remuneração, e depois não quero nem ver o que fazem dele.”  É curioso que Rachel  de Queiroz, presente no papo, tinha esse mesmo pensamento.  Hoje, quando a Gabriela volta a fazer sucesso, na TV Globo, com uma inspirada adaptação de Walcyr Carrasco, ele mesmo um grande escritor, o assunto volta à baila, na recordação do convívio  acadêmico.

  • Bandidos na vida e no cinema

    O "gangsterismo" foi uma época na vida americana e, em certo sentido, uma época na vida de cada um de nós. Acredito que cada geração teve uma fase de crimes e violências. Foi por meio dos filmes, alguns deles considerados antológicos, que tomamos conhecimento do que havia por lá.

  • A democracia mexicana, para ficar

    A eleição presidencial mexicana da-nos o recado do que seja a maturidade democrática na América Latina, dentro, pode-se já dizer, de um processo irreversível, como pede o mundo da cidadania em que avança o século XXI. Marca, aí, um contraste com os vaivens das repúblicas bolivarianas e a regressão paraguaia a um pré-Estado de Direito. Marque-se, de saída, esta volta do PRI — partido já quase secular —, que assegurou a consciência política do país, o seu laicismo, inclusive a partir da contradição dialética do seu propósito de mudança: o avanço da revolução e, ao mesmo tempo, das instituições.

  • Não sirvo, sirvo-me

    Acho que todo mundo já se intrigou, ou se intriga a cada dia, com a constatação de que a vida pública, segundo os que exercem o poder político, é duríssima e exige todo tipo de sacrifício e, não obstante, ninguém que está no poder quer deixá-lo. É um paradoxo curioso e não duvido que, entre parlamentares, por exemplo, exista quem tenha a cara de pau de afirmar que com isso se demonstra o espírito cívico do brasileiro, disposto a doar a própria vida à nação, pois, conforme está no Hino Nacional, quem adora a pátria não teme a própria morte, quanto mais algumas inconveniências perfeitamente suportáveis para um espírito forte, determinado e norteado por ideais.

  • A Burrice e a Política

    Um dia, estava com Tancredo Neves e descontraidamente conversávamos sobre a política, as suas vicissitudes, suas amarguras e seu potencial gratificante. Perguntei-lhe o que responderia se ele tivesse de arrolar três virtudes que deviam ter os políticos. Ele com certo humor me disse: “Sarney, para mim acho que as sete primeiras são paciência, as outras três você pode escolher como quiser.” Rimos juntos e fiquei logo certo de essas primeiras sete eu possuía demais e muitas vezes fui criticado por essa conduta.

  • Tudo se repete

    Pode ser mais uma ficção política. Mas que houve precedentes, houve. Nos anos 30 do século 20, apareceu um "Plano Cohen" que detalhava a estratégia e a tática para os comunistas tomarem o poder aqui no Brasil. Era um plano falso, elaborado por um então capitão integralista (Olímpio Mourão Filho), que serviu de pretexto para o golpe de 1937, inaugurando a ditadura do Estado Novo.

  • Pressões

    É um sinal de que fez bem o Supremo Tribunal Federal em não desmembrar o processo, pois, sendo a última instância de nosso sistema judiciário, a decisão que sair de seu plenário é irrecorrível.

  • Questão de imagem

    Os momentos que antecedem o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do mensalão, que seriam normalmente tensos pelos significados que ele tem para a História política do país, estão sendo exacerbados por questões que rondam o tema, politicas ou não.

  • Dúvida saudável

    Sete anos depois que os fatos foram denunciados e cinco depois de o processo ter começado, tem início hoje no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento da Ação Penal 470, conhecida popularmente como mensalão. Isso, por si só, é de importância crucial para o fortalecimento da democracia brasileira.

  • Linguagem popular, sim ou não

    No debate em torno de uma conferência, na "Semana de Arte" promovida pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, no píer Mauá, um aluno do interior perguntou se deveríamos condenar a linguagem popular, "pois esse pessoal fala de forma inadequada".

  • Quem é quem

    A postura do ministro Ricardo Lewandowski no começo do julgamento do mensalão mostra bem a disposição dele de se fazer um contraponto ao relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.

  • Finalmente, o evangelismo político

    Os primeiros prognósticos das eleições municipais mostram a sua completa desvinculação com o futuro político do País. Depara-se  o esfacelamento das coligações em todo o território, e em verdadeira  soma algébrica, não deixando nenhum prenúncio sobre os somatórios políticos nacionais. Nesse mesmo quadro, o avanço evangélico, expresso no fator Russomano, em São Paulo, trabalha no vácuo das novas concentrações de força para o pleito de 2013. Mas o dado de fundo é o peso do presente situacionismo, levando aos adiamentos de cálculo sucessório de Aécio Neves, ou de Eduardo Campos, a evidenciar-se, ainda, como possível denominador ideológico e político partidário, a largo prazo, frente ao eixo petista, e da mantença de Dilma, com o apoio de 73% do eleitorado. Ao mesmo tempo, mais se alastra este contraponto entre a força direta de Lula e a do PT.