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Míriam Leitão toma posse com discurso de representatividade e inclusão: “Me sinto em glória”

 

Em seu discurso de posse na noite desta sexta-feira (8), a jornalista e escritora Míriam Leitão ressaltou o papel da inclusão, a importância da presença feminina na literatura e a responsabilidade da Academia em retratar a diversidade do Brasil.

A noite reuniu acadêmicos, grandes nomes do jornalismo, colegas de trabalho de Míriam, familiares e amigos da escritora, que acaba de se tornar a quinta mulher do atual quadro de acadêmicos e a décima segunda mulher eleita na ABL. Ela sucede à cadeira 7 do cineasta Cacá Diegues.

A jornalista entrou no Salão Nobre acompanhada de três acadêmicas: Fernanda Montenegro, Rosiska Darcy e Lilia Schwarcz. Antonio Carlos Secchin ficou responsável pelo discurso de recepção que, assim como Míriam, ressaltou a defesa da democracia e os momentos de aflição do período em que a jornalista achou que fosse morrer quando, aos 19 anos, foi presa e torturada nas dependências do 38º Batalhão de Infantaria (BI), em Vila Velha.

Da esquerda para direita: Fernanda Montenegro, Lilia Schwarcz, Míriam  Leitão e Rosiska Darcy

— A cadeira, cujos ocupantes terão daqui a pouco suas trajetórias belamente escritas por Míriam, é, como todas as outras 39, saudavelmente plural. Isso não impede, contudo, que possamos identificar em muitos de seus ocupantes um traço unificador: a preocupação com as injustiças sociais do país. Une a todos a atenção especial à grande parcela da população marginalizada, excluída, silenciada, cujo direito à voz é um imperativo ético e uma demanda permanente de reparação histórica — afirmou Secchin.

Para o presidente da ABL, Merval Pereira, Miriam Leitão tem todas as qualificações para estar na Academia.

“Não é apenas uma especialista em economia, tem um espectro muito amplo de interesses: causa indígena, dos negros, e aqui estamos na mesma sintonia. Além disso, é feminina e feminista. Estamos precisando aumentar nossa representação feminina e Miriam vem em boa hora.”

Em seu discurso de posse, Míriam afirmou que todos os membros da ABL compartilham do mesmo amor. Um amor que não quer o objeto amado só para si. Prefere o oposto: seduzir mais pessoas para a mesma paixão: compartilhar, ampliar, difundir. Cada pessoa que já passou pela ABL, nos seus 128 anos de trajetória, tem o mesmo caso de amor com o livro.

“Nós nos reconhecemos como parte da mesma irmandade. Trocamos história, falamos da última descoberta. Lembramos com carinho da primeira vez, contamos sobre os velhos prazeres com obras que estão nas nossas estantes. Nada nos sacia, pois há outros a conhecer e tantos estão sendo escritos. O livro é o centro da casa de Machado de Assis e é o centro das nossas vidas. É o nosso amor da vida inteira e isso nos une para sempre. Hoje no Rio de Janeiro, na Capital Mundial do livro de 2025, eu, Míriam Leitão, me sinto em glória”.

Míriam afirmou que há 128 anos a ABL cumpre sua missão de defender e proteger a língua portuguesa. A escritora também disse que a democracia é "o valor maior a defender". A jornalista é conhecida por sua trajetória consistente na promoção da liberdade de expressão.

— Sem ela, nenhum outro avanço é possível. Neste tempo sombrio em que quase a perdemos, e em que as intimidações autoritárias permanecem sobre nós, é preciso refletir sobre o nosso papel na proteção da democracia. Os intelectuais não são espectadores nessa luta. Escolhem um lado.

Também defendeu o meio ambiente e alertou para a urgência da proteção de biomas. Míriam afirmou que o Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta, mas deve estar atento com seu patrimônio natural sob ataque. Ela também lembrou da viagem que fez ao lado do fotógrafo Sebastião Salgado para a Amazônia maranhense.

Nascida em Caratinga, MG, em 1953, Míriam tem uma carreira consolidada no jornalismo. Iniciou sua trajetória profissional em Vitória, no Espírito Santo, e passou por veículos como Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Veja e o O Estado de S. Paulo. Atualmente, é colunista de O GLOBO, comentarista do Bom Dia Brasil, Globonews, CBN e âncora do programa de entrevistas Míriam Leitão Globonews.

Míriam foi pioneira ao tornar a cobertura de economia mais acessível para o público leigo. É escritora com 16 livros publicados de diversos gêneros literários, entre eles não ficção, crônicas, romance e livros infantis.

É jornalista de jornal impresso, rádio, TV e mídia digital. Venceu duas vezes o Prêmio Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira. Seu romance "Tempos extremos", que entrelaça ditadura militar e escravidão, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2015.

09/08/2025