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ABL na mídia - Monitor Mercantil - Arnaldo Niskier é Doutor Honoris Causa

 

O professor e jornalista Arnaldo Niskier foi homenageado nesta quinta-feira, dia 7 de novembro, em solenidade no Teatro da Academia Brasileira de Letras, quando lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Santa Úrsula. Aos 89 anos, continua escrevendo livros e artigos, proferindo palestras, participando de seminários e congressos e exercendo o jornalismo, como apresentador do programa Identidade Brasil, levado ao ar pelo Canal Futura todas as semanas.

Filho dos imigrantes judeus Majer Niskier e Fany Niskier, que chegaram ao Brasil num período em que o mundo tragicamente tomava contato com a intolerância e o ódio, Arnaldo Niskier nasceu em Pilares, no Rio de Janeiro, em 30 de abril de 1935. Ainda menino, Arnaldo conheceu os surpreendentes labirintos da vida. Garoto ainda, logo sentiu

à sua volta o encanto e a magia do Rio de Janeiro. Cedo, ouviu o apelo de suas vocações maiores: o jornalismo e o magistério. Mal saído da adolescência, foi trabalhar na Manchete como repórter e revisor, onde conheceu a figura patriarcal de Adolpho Bloch, de quem se tornou grande amigo.

Sempre atento e estudioso, Arnaldo concluiu o bacharelado em Matemática (1957) e a licenciatura também em Matemática (1958), pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Uerj. Nessa mesma Universidade do Estado do Rio de Janeiro, graduou-se em Pedagogia (bacharelado, em 1961) e em Licenciatura em Pedagogia (1962) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, tornando-se doutor em Educação (1964). Niskier nunca parou de estudar, pesquisar, se aprimorar e se aperfeiçoar. Agora, avança em estudos profundos sobre Inteligência Artificial.

O homenageado foi o primeiro secretário de Estado de Ciência e Tecnologia do Estado da Guanabara, no governo Negrão de Lima (1968-1971); secretário de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro (1979-1983); secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro (2004-2005); e secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro (2006).

Educador dos mais notáveis e sempre tendo a educação e a cultura como centrais em sua magnífica trajetória, nosso homenageado exerceu as presidências da Fundação de Artes do Rio de Janeiro – Funarj; do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro e do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro. Nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, atuou como conselheiro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, tendo elaborado, naquele período, 842 pareceres e 9 indicações (sendo uma delas pioneira sobre educação à distância), quando Paulo Renato Souza exercia o cargo de Ministro da Educação.

Desde 1992, Niskier integra o Conselho de Notáveis, coordenado pelo senador Bernardo Cabral, da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo.

Se nos campos da educação e da cultura Arnaldo Niskier é uma referência nacional, na comunicação social, seu nome está gravado pelas décadas de dedicação ao Grupo Bloch, no qual foi chefe de reportagem da revista Manchete (1960-1968); diretor do Departamento de Jornalismo de Bloch Editores (1968-1995), empresa na qual, de 1971 a 1988, foi diretor-geral do programa Sinfonia da Natureza, veiculado pela TV Manchete; e de 1975 a 1992, quando criou e dirigiu a Divisão de Cursos e Seminários. De 1983 a 1987, dirigiu e apresentou o programa Homens e Livros da TV Manchete. Dirigiu ainda o programa Verso e Reverso/Educando o Educador, da Fundação Educar, produzido pela TV Manchete, de 1987 a 1989.

Ainda na década de 70, o visionário e empreendedor Arnaldo Niskier criou o Planetário do Rio de Janeiro, buscando despertar o interesse dos jovens pela decifração dos enigmas do cosmos, tema que hoje, nesta era espacial, é obrigatório de especulação e estudo.

Sétimo ocupante da cadeira nº 18 da ABL, eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior, o novo imortal foi saudado em 17 de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Em seu memorável discurso de posse na ABL, o novo acadêmico iniciou sua fala sem disfarçar a alegria e a honra que sentia ao chegar à Casa de Machado de Assis: “Tanto sonhei, que aqui estou, assomando pela primeira vez a esta tribuna, a mais ilustre do país. Meta e Meca, desafio e santuário dos homens de letras e do espírito, todos aqui se veem compelidos a debruçar-se sobre o passado. Cada qual olha o caminho percorrido, não tanto para aferir o problemático espaço de uma láurea, mas o fatigado tamanho de uma luta. Sinto-me como o jovem Sérgio ao ouvir o pai, à porta do Ateneu, na descrição de Raul Pompeia: ‘Vais encontrar o mundo… Coragem para a luta.’”

A oração do novo imortal, proferida há 40 anos, é atualíssima. Senão vejamos: “A situação do ensino não permite a timidez hesitante do conformismo, nem as atitudes estéreis de negação ou de resistência passiva. Todos têm o dever de cooperar para que o ensino universitário entre nós melhore progressivamente nos seus quilates culturais, quer dizer, no sentido perpendicular da profundidade e da altura. Para isso, poderemos contribuir decisivamente todos nós, professores, se nos lembrarmos de que o professor moderno deve exercer, no organismo universitário, aquela prodigiosa função hormonal de que nos falava Marañón. É exatamente esta a função mais importante do professor: a função estimuladora, que leva ao espírito do estudante os excitantes específicos do entusiasmo, da fé, da confiança e do interesse científico.”

E ele acrescenta: “O avanço da ciência e da tecnologia coloca em xeque a posição do homem diante do mundo moderno. Sempre houve um componente técnico na natureza humana, da mesma forma que sempre coexistiram o instrumento e a linguagem. Se fosse necessário estabelecer uma ordem de precedência, diríamos que o humanismo, no que ele representa de espírito perquiridor, de busca do ideal da realização humana, precede a técnica, pois a ferramenta procede da palavra, do pensamento, da criação. O que se busca é uma nova síntese que supere os antagonismos entre humanismo e civilização tecnológica. Nem o humanismo é um fim em si mesmo, contemplativo e estático, nem a civilização tecnológica deve subjugar o homem com suas ofertas desmedidas e, às vezes, desnecessárias. Pois, se não houver o equilíbrio, pode-se chegar ao que Claude Lévi-Strauss afirmou sobre as civilizações tropicais: ‘elas correm o risco de passar do estágio de carência para uma grande depressão, sem conhecer a opulência.’”

Intelectual dos mais brilhantes e referência nas áreas do jornalismo, da educação e da cultura, Arnaldo Niskier é titular da Academia Brasileira de Educação; do PEN Clube do Brasil; da Academia Internacional de Educação; e membro, dentre tantas associações, do Centro de História e Cultura Judaica, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Como escritor, suas obras versam sobre temas variados, mas é na educação, na cultura, na ciência e tecnologia e na literatura infantil que se destacam. São mais de 100 livros publicados.

Se na vida profissional Arnaldo é exemplo, o é também por ter constituído, ao lado da sua esposa, Dona Ruth, com quem está casado há 62 anos, uma família unida e amorosa. Desse casamento feliz nasceram três filhos: Celso, Andreia e Sandra.

Grande torcedor do América, clube no qual jogou bola (foi juvenil do clube, tendo inclusive substituído Zagallo na ponta-esquerda quando ele saiu para o Flamengo), Arnaldo guarda suas lembranças do tempo em que foi atleta, e essas memórias estão presentes e o ajudaram muito em sua trajetória: não desistir nunca, saber driblar o eventual adversário, armar bem e com inteligência as jogadas.

Arnaldo é um colecionador de amigos, uma pessoa amável, além de atento, bem-humorado e apaixonado pela educação, pela família e pelas causas judaicas, que defende com grande orgulho.

Marido amoroso e atencioso, pai dedicado e presente, avô dengoso e bisavô entusiasmado, Arnaldo tem um enorme amor pela família, considerada o seu verdadeiro porto seguro. Acima de tudo, Arnaldo é um homem generoso com suas amizades e com todos os que estão à sua volta, tanto sentimentalmente como materialmente. Sabe ser grato por tudo o que recebe, seja em atenção, carinho ou alguma atitude a seu favor.

Parabéns, Mestre Arnaldo Niskier, pela justa e merecida homenagem ora recebida.

Paulo Alonso é jornalista.

Matéria na íntegra: https://monitormercantil.com.br/arnaldo-niskier-e-doutor-honoris-causa/

13/11/2024