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Revista Brasileira nº.121 (2024. 200 pp.)

Essa publicação faz parte da coleção Revista Brasileira

Editorial
Rosiska Darcy de Oliveira

Ocupante da Cadeira 10 na Academia Brasileira de Letras.

 

Cada ano que passa é um fio de tempo que escorre de nossas vidas. Talvez seja essa a raiz do impulso urgente de escrever, gravando com letras nossa passagem efêmera por este meio ambiente invisível em que nossa vida evolui.
Neste número de fim de ano, as Literaturas, com suas palavras tão diversas, se encontram para celebrar a promessa de permanência. Não se trata de gênero — “gênero não me pega mais”, escreveu Clarice Lispector —, mas de escritores que contam a aventura da criação, nas diversas formas que o imaginário escolhe para exprimir a inesgotável existência humana.

Os leitores encontrarão uma página em branco que estava destinada à Poesia, em que escreveria o poeta e Acadêmico Antonio Cicero. Exercendo sua última liberdade, ele escolheu colocar o ponto-final em sua história. Na sua ausência, essa página em branco ilustra o vazio que ele deixou. 

“Vida, valeu, não te repetirei jamais”.

O Retrato deste número é o do poeta que partiu — impossível retrato da própria Poesia que ele encarnou com sua vida e morte. Que se encontre nesses textos e imagens, insuficientes face à sua grandeza, uma sentida homenagem de seus colegas e amigos e a presença inesquecível do homem e sua obra.

Um mundo surpreendente e em movimento acelerado nos provoca com perguntas que nem bem foram formuladas e já estão em vias de superação, atropeladas por outras, ainda mais insólitas. Um desafio aos que imersos no contemporâneo tentam decifrá-lo e escrever a história presente, quem sabe a do futuro, como faz Izabella Teixeira com suas ideias e atos, traduzindo gerações que mal se entendem entre si, apostando na juventude e prometendo que o futuro, malgrado todaa insensatez que nos ameaça, não será uma tragédia. E assume esse compromisso com o Brasil.

Antigas cumplicidades entre cultura e ciência, ciência e arte, dialogam nas Conversas brasileiras, em que se reúnem cientistas e artistas, protagonistas de uma mesma sedução pelo mistério. Essas conversas são o terreno sólido em que pisamos quando tudo parece movediço e de difícil compreensão. 

É ainda da arte literária que se trata quando a prosa e os traços de Ana Miranda se revelam como duas vertentes de um mesmo talento. Uma fala de Graciliano, a outra de Clarice em chamas. Ou do “O cão sem plumas”. Ou dança a bailarina de Lavoura arcaica. Sempre a literatura.

Dos recônditos da história, Lilia Schwarcz tira do anonimato a mãe de Lima Barreto. Dessas sombras vêm também relíquias tão diversas quanto o cancioneiro caipira de Amadeu Amaral
ou “ o toque refinado e louco” de Aldir Blanc.

A voz de doze acadêmicos que já se foram ressoa nas plataformas de podcasts, passado e presente a serviço de suas vidas, contadas por eles mesmos, que escaparam do silêncio dos
arquivos para, de viva voz, reencontrar as novas gerações. Está no ar o “Conversas imortais”.

As portas da ABL se abriram a todos, estudantes e acadêmicos. Por elas entraram os jovens da periferia, que buscam a Universidade das Quebradas, um sonho da vida real de Heloisa Teixeira. Entrou quem mais quis participar da diversidade das correntes de pensamento que circulam na Casa. É a esse tesouro da nossa cultura em sua fascinante diversidade que a Revista Brasileira abre suas páginas. Escritas e imagens vindas de todos os horizontes. 

Dezembro chegou e já avista um ano a mais a ser vivido. Desejamos aos leitores o que cada um chama de felicidade. Feliz ano novo.

Ficha da Obra

Ano: 
2024
Páginas: 
200
Leia a obra completa: