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ABL lamenta a morte de Cacá Diegues

 

A  Academia Brasileira de Letras lamenta a morte do cineasta Carlos Jose Fontes Diegues, Cacá Diegues, ocorrida nesta manhã do dia 14 de fevereiro em decorrência de complicações de uma cirurgia. Cacá foi eleito Acadêmico em 2018, na sucessão do também cineasta Nelson Pereira dos Santos. O velório será amanhã, sábado, na sede da ABL, a partir das 11 horas e o corpo será cremado no cemitério do Caju.

A carreira de Cacá Diegues abrange mais de cinco décadas, nas quais ele destacou com maestria a identidade cultural do Brasil, com temas sociais e políticos de maneira sensível e inteligente. Cacá foi ainda um defensor implacável da liberdade de expressão e contribuiu como poucos para o crescimento do cinema brasileiro.

A ABL presta homenagem a este grande brasileiro, que deixa um enorme legado para a cultura brasileira.

Para o presidente da ABL, jornalista Merval Pereira, Cacá Diegues entrou para a Academia por ser um grande cineasta, mas sobretudo por ser um grande pensador. “Em tudo o que fazia, no cinema, nos escritos e nos debates da Academia Brasileira de Letras sempre tinha uma visão holística da cultura brasileira”.

Os Acadêmicos manifestam aqui suas homenagens ao colega:

Edmar Bacha – Colega querido, obra cinematográfica genial, perda irreparável para a cultura brasileira.

Ruy Castro – Cacá, grande inventa-línguas (“patrulha ideológica”), pensador do Brasil e carregou o cinema brasileiro nas costas quase sozinho durante anos, quando poucos acreditavam nele.

Heloisa Teixeira – Orgulho de ter convivido com Cacá. Nosso cineasta maior. Grande perda.

Arno Wehling – Perdem o cinema e a reflexão sobre o Brasil. Soube pensar com independência, para além das corporações, das tribos e das chaves retóricas codificadas, com admirável coragem moral.

João Almino – Imensa tristeza. Grande perda para a arte brasileira – e não só. Entre seus legados, deixa filmes icônicos desde o Cinema Novo e uma reflexão acurada sobre a cultura brasileira.

Antônio Torres - "Sou de uma geração que achou que o Brasil ia ser muito importante para a civilização humana. Achávamos que íamos contribuir de uma maneira muito poderosa. Acreditávamos, piamente, na cultura brasileira."

Carlos José Fontes Diegues (Maceió, 19.5.1940 - Rio, 14.2.2025).

Autor de mais de 30 filmes, entre os quais grandes sucessos como "Xica da Silva", "Chuvas de Verão", "Tieta do Agreste", "Bye-Bye Brasil", Cacá Diegues foi um dos expoentes do Cinema Novo, movimento que levou às telas do país e do mundo uma revolução estética e conceitual incomparável.

De "Ganga Zumba" (1963) ao recente "Grande Circo Místico", a sua trajetória foi longa, rica, admirável. E está muito bem contada em seu livro "Vida de Cinema", publicado pela Editora Objetiva.

Décimo ocupante da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão a outro grande cineasta, Nelson Pereira do Santos, ele nos deixa um legado imortal.
E um imenso, profundo, inescapável vazio.

Saudades eternas, querido Cacá."

Rosiska Darcy de Oliveira – Cacá era a mais doce das criaturas e ao mesmo tempo um corajoso guerreiro, um brasileiro apaixonado pelo seu país. Garantiu a sobrevivência do cinema brasileiros nos piores momentos. Apostou na cultura e na inteligência como práticas da liberdade e assim tornou-se, de fato, imortal. Éramos vizinhos e amigos . A Floresta em que vivemos amanheceu triste.

Jorge Caldeira – Uma vida dedicada a colocar o Brasil na arte. Grande.

Ricardo Cavaliere – Notícia muito triste. Um grande brasileiro que nos deixa imenso legado.

Antonio Carlos Secchin – Com ele aprendi a amar o cinema brasileiro, desde quando, adolescente, me encantei com A Grande Cidade.

Gilberto Gil – Cacá é, dos cineastas, o que eu tenho mais aproximação. É um grande amigo.

Ana Maria Machado – Fomos amigos desde a adolescência, no jornal secundarista “O Metropolitano”, no Centro Popular de Cultura da UNE. Convivemos intensamente no exílio, em Paris, início da década de 70. Grande cineasta, atento a todas as nossas grandes questões históricas, sociais, culturais. Coerente, sensível pensador crítico do Brasil, nunca se deixou manipular por modismos ou palavras de ordem. Intelectuais de sua estirpe são cada vez mais raros e fazem falta ao Brasil.

Lilia Schwarcz – Cacá era uma pessoa que não se encaixava em qualquer situação fácil. Pensava com sua autonomia. Foi um grande cineasta, ótimo cronista, um intérprete comovente e necessário para o Brasil.

Marco Lucchesi - Sem sombra de dúvida um dos maiores poetas da história do cinema brasileiro. conseguia através da sua lentes, com grande sutileza e com grande capacidade, das coisas grandes e pequenas, reunir uma ideia de Brasil, dos múltiplos brasis que atravessam e constituem o Brasil,  a ideia do Brasil.  Era de fato um homem aberto drasticamente ao diálogo; todos os desafios de sua vida não levaram a ele algum dissabor, ou algum tipo de tristeza mal assimilada ou rancores. Ao contrário, sempre foi aberto ao diálogo, mesmo naquela zona complicadíssima do diálogo, quando o interlocutor não está disposto a conversar. Sempre apostou numa categoria de utopia e esperança para refletir essa imagem do Brasil na sua obra, nos artigos de jornal. Mas sobretudo e sempre no seu gesto generoso e na sua delicadeza de abordagem, sua elegância muito fina de chegar até o outro. Tenho muitas saudades do Cacá e tenho certeza de que através da sua obra, o Brasil vai encontrar formas de ampliar o diálogo, olhar para novos horizontes e festejar o cinema brasileiro, do qual Cacá Diegues é um dos nomes fundamentais.

José Paulo Cavalcanti – Grande pessoa. Verdadeiramente uma pena. Saudades já de Cacá.

Godofredo de Oliveira Neto - Puxa, muito, muito triste. Deixa uma carreira brilhante como legado para a arte cinematográfica brasileira e internacional. Deixa um vazio imenso. A ABL sente muito honrada por o ter tido entre os seus membros. Um abraço afetuoso para a família.

Arnaldo Niskier - Bye Bye grande Cacá. Você agora vai o encontro de seu pai Manoel Diegues Júnior com quem tive a honra de conviver no Conselho Estadual de Cultura do RJ. Certamente você continuará a inspirar os autores do cinema brasileiro, que você honrou e deu dignidade. Sentiremos a sua falta especialmente nas sessões da ABL. Um abraço para Renata e família.

Geraldo Carneiro - Cacá era dono de uma inteligência poética e política peculiar. Além disso era um amigo amável e um parceiro de trabalho insaciável. Sua luz e sua arte farão falta ao Brasil, que sempre foi a sua obsessão, sua agonia e seu êxtase. Todo carinho para Renata e filhos.

 

14/02/2025