A Academia Brasileira de Letras, através de seu presidente, Merval Pereira, manifestou apoio à mobilização nacional para impedir o fechamento da livraria mais antiga do Brasil, “Ao Livro Verde”, em Campos dos Goytacazes, a mais antiga do Brasil.
A ABL já era signatária do abaixo-assinado da Campanha SOS Ao Livro Verde, organizada pela sociedade civil da cidade. A livraria enfrenta sérios problemas financeiros e corre o risco de ser fechada. A Câmara de Vereadores de Campos criou uma Comissão Mista que está elaborando relatório de sugestões e propostas para impedir o fechamento da livraria e que será apresentado à sociedade civil em reunião plenária aberta, no dia 03 de outubro, às 11 horas, no Palácio Nilo Peçanha.
O Brasil ainda vivia no tempo do Império quando a livraria foi fundada, em 1844. De lá para cá, muita coisa mudou, mas a livraria se manteve firme no mesmo lugar. Testemunhou a Abolição da Escravatura, a Proclamação da República, duas guerras mundiais, duas pandemias e em 1995 entrou para o livro de recordes como a mais antiga do país.
O esvaziamento do centro histórico de Campos, onde está localizada, a crise no mercado livreiro e a redução na venda de material didático, agora comercializado pelos próprios estabelecimentos de ensino também estão por trás dos problemas da quase bicentenária. Com acervo de mais de 3 mil títulos, hoje é o material de escritório que segura as vendas.
Surgida inicialmente para atender demanda por livros importados de Portugal, numa época em que várias famílias portuguesas chegavam à cidade pelo ainda navegável rio Paraíba do Sul, a Ao Livro Verde se transformou com o tempo em espaço frequentado pela intelectualidade local e de toda a região.
Reza a lenda que a caneta usada pela Princesa Isabel para assinar a Lei Áurea foi comprada na Ao Livro Verde. O ex-presidente da República Nilo Peçanha, o escritor José Cândido de Carvalho (a livraria serviu de cenário para seu livro “O coronel e o lobisomem" e o “Rei Baltazar” tem um personagem inspirado em João Sobral, pai de Ronaldo), o ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) Austregésilo de Athayde, o cronista Carlos Heitor Cony e o cartunista Ziraldo, entre outros, circularam por lá.
Crédito da foto: Giampaolo Morgado Braga
26/09/2023