Francisco de Castro, médico, professor, orador e poeta, nasceu em Salvador, BA, em 17 de setembro de 1857, e faleceu em 11 de outubro de 1901, no Rio de Janeiro, RJ.
Filho do negociante Joaquim de Castro Guimarães e de D. Maria Heloísa de Matos, ficou órfão de mãe desde cedo. O pai desdobrou-se em desvelos, preocupado com a sua educação, e encaminhou-o para o Ateneu Baiano. Em 1873 levou-o à França e, em Paris, Francisco aperfeiçoou alguns estudos, familiarizando-se com a língua de Baudelaire, a ponto de escrever versos em francês, incluídos no volume Harmonias errantes. No ano seguinte, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Durante o curso acadêmico, deixou-se atrair pelo convívio literário, tendo, entre seus companheiros, Guilherme de Castro Alves, irmão de Castro Alves. A admiração pelo Poeta dos Escravos exerceu decisiva influência na sua poesia, emprestando-lhe a sua feição condoreira.
Desde os bancos acadêmicos, granjeou invejável fama de talentoso e estudioso. Veio para o Rio de Janeiro, onde sua fama cedo se consolidou, como homem de letras e como homem de ciência. Ocupou o cargo de diretor do Instituto Sanitário Federal, em 1893, e foi médico do Exército durante nove anos. Adversário da desoficialização do ensino técnico superior, proferiu memorável discurso na colação de grau dos doutorados de 1898, aplaudido por Rui Barbosa na imprensa. Foi professor da cadeira de Clínica Propedêutica e, em 1901, diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Paralelamente ia exercendo a atividade de escritor, em livros de assuntos médicos e proferindo discursos que, publicados depois de sua morte, mereceram um belíssimo prefácio de Rui Barbosa. Foi uma autêntica vocação literária, um escritor de linguagem cuidada, que se impôs à sua geração como um modelo. Poeta, ainda inspirado no Romantismo, publicou versos também sob o pseudônimo Luciano de Mendazza. Reuniu-os num volume, ao qual deu o título de Harmonias errantes, livro que mereceu uma introdução de seu amigo Machado de Assis.
Francisco de Castro deixou uma tradição de bondade extrema, e seu grande exemplo foi lembrado por gerações sucessivas de médicos. Muitos o chamavam “o divino Mestre”, conservando o culto de sua figura, que ficou sendo uma espécie de patrono deles todos. Aluísio de Castro deixou sobre ele uma página tocante, “Meu pai”, onde registrou: “... a admiração que eu lhe votava era tão funda e tal união nos vinculava em tudo, que esses poucos anos do seu trato, sentindo-lhe a suavidade para mim como que divina, me valeram por uma vida inteira de ensinamentos e ele me ficou como o farol de sempre.”
Rui Barbosa se expressou: “Era Castro, em nossa terra, a mais peregrina expressão de cultura intelectual que jamais conheci. Tenho encontrado, em nossos naturais, aliás raramente, artistas e sábios. Mas nele se me deparou, entre brasileiros, o primeiro exemplo e único até hoje, a meu parecer, de um sábio num artista. Em Francisco de Castro brilhava a mesma vocação consumada nas Letras e na Medicina”.
Segundo ocupante da cadeira 13, eleito em 10 de agosto de 1899, na sucessão do Visconde de Taunay, não chegou a tomar posse. Deveria ser saudado pelo acadêmico Rui Barbosa. Era pai do também acadêmico Aloísio de Castro.