Um dos meus amores são os sonetos e as redondilhas de Camões. Transformou-se de encantamento em xodó e deste
De ler e de livros têm sido minhas noites. Outro bom de soneto era o nosso William Shakespeare. Quando ressurge a discussão se ele existiu ou não e quem verdadeiramente era, eu provo. Era o autor dos sonetos shakespearianos, não o das célebres tragédias, comédias e dramas. Só um gênio singular poderia fazer tão grande obra poética.
Certo dia, já esmaecido pelo tempo, lembro-me da ante-sala do Golbery, Chefe da Casa Civil do Geisel. Ali estava, sentado, lendo uns papéis, um homem já de cabelos raros e grisalhos: era Nehemias Gueiros. Ele foi logo dizendo-me que estava preocupado com as conseqüências das Ações Populares, então
É assim, em meio da tempestade e do que é mais uma campanha política para quem já concorreu a dez eleições, que me refugio agora na poesia e exausto, entre eleitores e leitores, revelo os poderes curativos da poesia peara todos os cansaços da alma e do corpo.
Mas, cuidado. Como dizia-me – a mim e a Álvaro Pacheco – Rachel de Queiroz, de quem permanece uma saudade que não deixa de beliscar, cuidado com os poetas porque muitas vezes eles fazem a gente sentir o que eles não sentem. Têm o gosto de nos comover, de nos elevar além daquilo que somos, entregues ao mundo do sentimento da alma. Salvo-me com um poeta. É Camões, quando no soneto 86 afirma que “Louvado seja Amor em meu tormento”. Assim seja.
Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) 11/08/2006