Imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) criticaram a decisão da prefeitura de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, de suspender temporariamente das escolas municipais o livro O Menino Marrom, de Ziraldo. A obra, escrita em 1986, foi alvo de reclamações de pais, levando à suspensão do material segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira (19). Para os acadêmicos, a censura é vista como um "retrocesso" e uma ação "arbitrária".
Godofredo de Oliveira Neto, membro da ABL, lamentou a decisão, que classificou como "retrocesso".
Godofredo de Oliveira Neto, membro da ABL, lamentou a decisão, que classificou como "retrocesso".
"A obra do Ziraldo, agora criticada, e solicitada que seja retirada do acervo da escola, não faz sentido. É um livro com quase 40 anos. O que está acontecendo com o Brasil, que agora é essa reversão, esse retrocesso? É não só injusto como injustificável. As pessoas não entendem o que é a literatura, a arte, o cinema, a escultura, a música. É o Brasil andando para trás", lamentou.
Já o escritor, acadêmico e Secretário-Geral da ABL, Antonio Carlos Secchin, considerou a medida arbitrária.
Já o escritor, acadêmico e Secretário-Geral da ABL, Antonio Carlos Secchin, considerou a medida arbitrária.
"Eu creio que toda censura é arbitrária. A opção para saber o que é bom e o que não é deve partir do próprio leitor. No caso em questão parece que a própria ameaça que foi o motivo da censura não se concretiza porque o pacto, até propositalmente, renega a violência e se transforma em um acordo de paz. Será que estamos proibindo livros que em vez de querer o sangue propõem a paz?", disse.
Livro narra amizade entre amigos
Publicado em 1986, O Menino Marrom narra o convívio de dois amigos, um negro e um branco, para entender qual a diferença das cores entre eles. No entanto, alguns responsáveis criticaram a escolha da obra para integrar o material de leitura.
"O livro fala em fazer pacto de sangue. Tem um trecho de uma velhinha atravessando a rua e duas crianças olhando e desejando a sua morte", reclamou um pai, que chamou o livro de "satânico".
Nas redes, houve quem criticasse a decisão.
"Um absurdo! Inacreditável censurarmos um livro, principalmente uma obra de um mineiro tão consagrado", escreveu uma moradora.
Matéria na íntegra: https://odia.ig.com.br/brasil/2024/06/6868306-imortais-da-abl-criticam-censura-de-livro-de-ziraldo-por-prefeitura-de-minas-gerais.html
24/06/2024