O depoimento do ex-porta voz de Bolsonaro, general da reserva Rego Barros, mostra um desacerto entre a maneira de governar e a ala militar. Rego Barros é uma pessoa séria, que esteve no interior do governo, com poderes, e com respaldo do general Villas Boas. E a maioria da ala militar pensa igual a ele. Alguns ficam constrangidos, mas são amigos do presidente; outros acham que, apesar de tudo, vale a pena ficar no governo e outros têm interesses para permanecer no poder e ganhar um adendo salarial. Mas o desabafo de Rego Barros não é normal, e tem repercussão dentro do exército. Para uma ala militar, que tem certos pudores e constrangimentos diante de atitudes do presidente, há um limite e se Bolsonaro não passou dele, está chegando perto. É um sinal de que as coisas não estão tão calmas quanto o presidente finge que estão. Temos também o caso do ministro da saúde, general Pazuello, completamente desmoralizado por Bolsonaro e do Luiz Eduardo Ramos, que ameaçou sair do governo caso Ricardo Salles não pedisse desculpas. Os fatos vão se acumulando. Militares devem estar sentindo que estão sendo usados e manipulados pelo presidente, que se cercou deles para dizer que o exército o apoia, mas não respeita seus generais.