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Não há conspiração contra Witzel

 

O afastamento do governador Wilson Witzel é uma repetição impressionante da política do Rio, inclusive da cadeia sucessória: governador afastado, vice-governador e presidente da Assembleia investigados. É a segunda vez que a polícia entra no Palácio Laranjeiras para fazer vistoria na casa do governador do Rio de janeiro – o anterior já havia sido preso lá dentro.  Não descarto o interesse dos Bolsonaro na política do Rio  - são políticos daqui e estavam em oposição ao governador. Além do mais, devem estar com ódio dele, que foi eleito com a força da família Bolsonaro; mas não acredito que o STJ tenha feito isso como farsa para ajudar o presidente, como insinuou Witzel. Houve uma investigação séria sobre um esquema de corrupção terrível na saúde do estado em plena pandemia, que já havia acontecido no governo Sergio Cabral – portanto, recorrente. Politicamente é muito bom para Bolsonaro, mas não acredito que tenha sido isso a razão do afastamento do governador. Seria uma conspiração brutal, inviável. É natural que Witzel tente se defender, invente conspirações, mas não creio que seja verdadeiro. A razão principal são as provas que foram coletadas. O ministro Benedito Gonçalves não tomaria essa decisão sem ter provas muito claras à sua frente. Até o momento, quem governa o estado é o vice-governador, pois até o momento não existe nenhum impedimento contra ele. No entanto, pode ser afastado no andamento das investigações – assim como o presidente da Assembleia.

O Globo, 28/08/2020