Ao mesmo tempo em que é surpreendente, a melhora de Bolsonaro nas pesquisas é explicável. Vale lembrar que a melhora é em relação à própria performance, mas ele continua sendo mal avaliado em relação aos outros presidentes no mesmo período de governo. O presidente está recuperando eleitorado em várias frentes, nas classes mais educadas e mais ricas, porque parou de fazer confusões diárias, e aumentando no Nordeste. Mas vai perder caso o ministro Paulo Guedes saia do governo, ou se ficar sem forças; se furar o teto de gastos, e se fizer outras ações que abalam a credibilidade financeira do país. Acredito que possa acontecer com ele o mesmo que aconteceu com Lula: vai perder as classes média e alta e ganhar nas regiões menos favorecidas, como Norte e Nordeste, e vai continuar competitivo. E o liberalismo de Paulo Guedes não serve nesse modelo. O eleitorado que votou por ver no atual ministro da economia uma garantia de que as reformas seriam feitas vai refluir. Boa parte achava que Guedes ia mandar no Bolsonaro mas agora o presidente descobriu que pode mandar, com apoio do centrão, acostumado a gastos do governo, a não perder os cargos das estatais, e dos militares. As chances de Guedes resistir a isso tudo são pequenas.
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