O governador de São Paulo Geraldo Alckmin fez ontem, em entrevista à CBN, uma declaração peremptória: apoiará o candidato que vencer as prévias, e não sairá do PSDB para concorrer à presidência da República por outro partido. A máquina eleitoral tucana deu ao candidato Aécio Neves em 2014 nada menos que sete milhões de votos de vantagem na eleição presidencial. E não tinha a Prefeitura da capital.
É esse potencial de votos no maior Estado do país que faz com que o partido continue sendo um forte candidato na disputa presidencial, apesar de seus três principais políticos estarem afetados pelas delações da Operação Lava Jato. O presidente do partido, Aécio Neves, e o senador José Serra, relacionados na lista do Janot, sofrerão as agruras do processo até que uma decisão do Supremo Tribunal Federal saia. Nada indica que na campanha de 2018 já estejam livres das acusações, se é que algum dia estarão.
O governador paulista Geraldo Alckmin continua no limbo político, dado como integrante da lista do Janot por algumas fontes, mas não todas, vai se mantendo no jogo eleitoral enquanto o sigilo não é levantado. Tem uma vantagem sobre os concorrentes internos, que pode vir a ser sua dor de cabeça. Chama-se João Dória essa pedra no sapato de Alckmin, uma cria sua que está se revelando a alternativa mais provável para a máquina tucana continuar azeitada.
Se for atingido por uma bala perdida que o impeça de se candidatar à presidência, o governador Geraldo Alckmin tem em Dória um substituto providencial. Ele ontem já disse que é preciso renovar a política, dar espaço para novos players, num discurso perfeito para colocar no caminho de seus concorrentes, e dele mesmo, a opção Dória.
Uma novidade no cenário político que tem a vantagem de ter sido candidato pela primeira vez quando venceu a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno no ano passado. Se não tiver feito nenhuma bobagem nessa campanha, Dória está fora das tipificações de uso do Caixa 2 por candidatos experientes na política como seu padrinho Alckmin e seus potenciais adversários Aécio Neves e José Serra.
Dória tem a vantagem de ser a única resposta certa dentro do ninho tucano quando os principais líderes começarem a se devorar num esquema de prévias que tem tudo para não acontecer. Numa disputa que será tão acirrada quanto a de 1989, somente um candidato sem papas na língua, e sem antecedentes, terá condições de disputar a presidência.
João Dória quer aparecer como o antilula, e aproveita todas as oportunidades para atacar o líder petista. Terá pela frente provavelmente não Lula, mas pelo menos dois candidatos bons de ataques verbais: Ciro Gomes e Bolsonaro. Os dois, por sinal, têm o mesmo defeito, que pode vir a ser entendido como virtude por um eleitorado ávido por radicalização: morrem pela boca.
João Dória integra esse time, mas com um pouco mais de comedimento. Não coloco Lula nesse rol porque é preciso primeiro saber se ele terá condições de concorrer, e depois verificar se terá capacidade de neutralizar os ataques virulentos que receberá durante a campanha. De todos os demais candidatos, inclusive Ciro Gomes, se disso depender seu sucesso.
Geraldo Alckmin diz que não se preocupa com Lula, pois com o maior índice de rejeição entre todos os candidatos aventados, o ex-presidente não teria condições de vencer a eleição presidencial num segundo turno. Já se enganou uma vez, em 2006, quando saiu do primeiro turno com uma votação surpreendente, mas acabou com menos votos no segundo turno.
Mas de todos os candidatos a candidato do PSDB, Alckmin é o menos afetado por denúncias até o momento, e tem o mercado eleitoral de São Paulo sob controle.