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PE e SP derrubam PT

 

A aliança tácita firmada lá atrás na campanha entre o ex-governador Eduardo Campos e o senador Aécio Neves deve ser referendada agora neste segundo turno através da posição da família Campos, que anunciará até quinta-feira, quando recomeça a propaganda eleitoral, o apoio à candidatura de Aécio Neves. Significativamente, São Paulo e Pernambuco se transformaram nesta eleição no túmulo do PT.

Em Pernambuco, a terra de Lula (mas também de Arraes) o PT perdeu a eleição para o governo, para o Senado, não elegeu nenhum deputado federal. Em São Paulo, berço do PT, Aécio Neves conseguiu a façanha de ficar mais de 4 milhões de votos à frente de Dilma, e o PSDB elegeu o governador no primeiro turno, o senador, e não há deputados do PT entre os federais mais votados.

Até mesmo no ABC, berço do movimento sindicalista e governado por petistas, o PSDB saiu vitorioso. Deveria ser Minas o túmulo do PT, representando a união de Aécio com Campos, mas agora a disputa será para recuperar a liderança do Estado, perdida para a também mineira Dilma, que saiu vitoriosa tanto na disputa direta com Aécio no território político dele como o PT de Dilma fez o governador depois de 16 anos de predomínio tucano.

Se a presidente precisa desesperadamente de uma política de redução de danos em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, também em Minas o grupo de Aécio Neves necessita dar uma virada no jogo no segundo maior colégio eleitoral. Mas de qualquer maneira esse acordo entre São Paulo e Pernambuco tende a superar as pressões internas do PSB do grupo de Roberto Amaral, reforçado pela ex-prefeita Luiza Erundina que queriam o PSB, que tradicionalmente sempre apoiou o PT, de volta ao seu ninho.

Mas Eduardo Campos já havia decidido que o ninho do PSB seria independente, e sua família tende a seguir por esse caminho. Marina, como sucessora de Eduardo Campos, também está indo por essa trilha, e fará um acordo programático com o PSDB. A tendência é que as alianças do primeiro turno se projetem no segundo.

No entanto, ainda que a Marina apóie Aécio, o PSB não irá unido para a oposição. Mas os partidos da aliança, como o PPS, devem se filiar à campanha tucana. Eventual apoio de Marina a Aécio definirá o Rio, e o movimento Aezão se fortalecerá.

O Rio, onde tradicionalmente o PT tem vencido as eleições presidenciais, poderá definir a eleição para a oposição, pois Marina e Aécio juntos tiveram mais votos que Dilma. Vai ser muito difícil para a presidente ficar dividida entre as candidaturas do PMDB e do PRB, ambos de sua base aliada. Quem se sentir prejudicado irá para os braços do candidato do PSDB, sendo que o PMDB já está em boa parte no Rio em dissidência.

A estratégia para Aécio seria "fechar" o Sul-Sudeste, abrindo vantagem sobre Dilma suficiente para compensar a vantagem dela no Nordeste. E escolher muito criteriosamente, com base nos números, alguns lugares do Nordeste onde pode crescer, reduzindo a vantagem regional de Dilma. Ele tem que buscar os votos viáveis de Marina no Nordeste, como em Pernambuco, um dos poucos Estados da região em que a presidente Dilma perdeu a eleição.

O apoio do governador eleito Flávio Dino no Maranhão será também importante para Aécio melhorar sua votação no nordeste. No Rio Grande do Sul, onde a presidente Dilma ganhou a eleição presidencial, o apoio de Ana Amélia, a terceira colocada, a Sartori do PMDB isolou a candidatura do petista Tarso Genro, que ficou em segundo lugar, e pode alavancar a candidatura tucana, pois ele é da ala peemedebista que apoiou Marina e se transferirá para Aécio Neves.

Este será, sem dúvida, o segundo turno mais disputado desde o de 1989, quando Fernando Collor derrotou Lula por 5% dos votos.

O Globo, 08/10/2014