As pesquisas eleitorais que vão sendo divulgadas indicam que a campanha presidencial será disputada em condições bastante diferentes das de 2010, quando a então candidata Dilma Rousseff foi eleita no segundo turno com uma diferença de mais de 12 milhões de votos sobre o candidato tucano José Serra.
O maior problema para os estrategistas do governo é que tanto no primeiro quanto no segundo turnos daquele ano a candidata governista teve a base de sua vitória no nordeste. No segundo turno Dilma abriu 11.77.817 votos de diferença no norte e nordeste do país. Nas demais regiões – sul, sudeste e centro-oeste – teve uma vitória apertada, com apenas 275.124 votos de diferença.
A atuação no primeiro turno, equivalente ao que está sendo apurado agora pelas pesquisas eleitorais, teve votações formidáveis em diversos estados que hoje não parecem tão favoráveis à reeleição de Dilma, a começar pelo nordeste, que embora continue sendo o ponto forte da candidata petista, mostrou uma redução do apoio nesta última pesquisa Datafolha, de 55% para 49%.
Além disso, a oposição está mais bem representada em estados importantes naquela região, seja pela candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, do PSB, seja pelos palanques que o PSDB conseguiu montar. Em Pernambuco, a candidatura petista, apoiada pelo PSB, teve 1.9 milhão votos de diferença a seu favor, e hoje, embora a as pesquisas continuem mostrando a presidente muito forte, provavelmente será Eduardo Campos quem vai fazer essa diferença, se não maior, sobre Dilma e Aécio.
A vitória de Dilma na Bahia foi de 2,7 milhões de votos, mas hoje o prefeito de Salvador ACM Neto, do DEM é a força política em ascensão no Estado, e ele está apoiando o candidato tucano juntamente com a dissidência do PMDB local. Dificilmente Dilma ganhará a eleição lá, muito menos por essa diferença.
No Ceará, a diferença a favor do governo foi de 2 milhões de votos, mas hoje a candidatura dissidente do PMDB do senador Eunício de Oliveira é a favorita, em coligação com o PSDB que terá o ex-governador Tasso Jereissatti como candidato a senador.
No Amazonas, a candidata Dilma Rousseff teve 64,7% dos votos, tirando uma diferença a seu favor de mais de 850 mil votos. Hoje, a capital está sendo governada pelo PSDB, que tem em Arthur Virgilio um forte cabo eleitoral.
No Maranhão, onde Dilma teve 1,6 milhão votos a mais, o clã Sarney em crise não terá a mesma força, sem falar que a governadora Roseana pode apoiar Aécio, que está em uma coligação com Flavio Dino, do PC do B, o favorito da eleição.
No chamado Triângulo das Bermudas, que reúne os três maiores colégios eleitorais do país, a situação política não pressupõe as facilidades tidas em 2010 pelo governo. No Rio de Janeiro, a dissidência do governo Cabral/Pezão a cada dia fica mais explícita pelos atos, não pelas palavras. Ontem o candidato Aécio Neves visitou o cardeal do Rio D. Orani Tempesta acompanhado do senador Francisco Dornelles, que acumula o cargo de candidato a vice de Pezão com o fato de ser tio de Aécio.
A diferença de 1,8 milhão de votos dificilmente será alcançada pela candidatura petista, que tem a apoiá-la o senador Lindbergh Farias, candidato que continua em último lugar nas pesquisas e sem a máquina eleitoral que Pezão comanda. Os dois líderes da pesquisa, Garotinho do PR e Crivela do PRB, podem apoiar Dilma, mas o governo não sabe ainda se ajudaria ou atrapalharia.
Em Minas Gerais, a presidente Dilma, à frente de uma chapa virtual Dilmasia (com o então candidato ao governo Antonio Anastasia, do PSDB) teve uma diferença a seu favor de 1,8 milhão de votos. Desta vez, os aecistas fazem o cálculo de que o candidato tucano terá cerca de 3 milhões de votos, no mínimo, a mais que Dilma.
Em São Paulo, terreno em que os tucanos têm derrotado o PT em todas as eleições para Presidente da República, o PSDB acha que aumentará a vantagem que José Serra teve no segundo turno, de cerca de 1,8 milhão de votos. Ainda mais depois que a pesquisa Datafolha mostrou o governador Geraldo Alckmin deslanchando na eleição para governador e começando a transferir votos de seus eleitores para Aécio.
A taxa de rejeição de Dilma em São Paulo é maior do que a sua média nacional, que já é alta: ela tem 35% de rejeição no país e 47% no Estado. Nada mais exemplar das dificuldades que a candidatura Dilma encontra em São Paulo do que o resultado da pesquisa sobre o segundo turno no Estado: Aécio vence por 50% a 31% e Campos, por 48% a 32%.
Como no momento Aécio está empatado com Dilma em 25% das preferências e Eduardo Campos tem apenas 8% no estado, é de se supor que no decorrer da campanha os números se ajustarão em favor da oposição.