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Artigos

  • O doce prazer de voar

    O tema de voar anda na moda no Brasil, ou melhor, em crise. Uns chamam de apagão, na esteira do famoso racionamento de energia no princípio do século e que até hoje não consegue sair da cabeça das pessoas. Mas, no caso da aviação, não apagou nada, apenas fez voltar aquela famosa frase do tempo das intervenções militares em que, com prudência, uns diziam bem escondido para outros: "Há algo mais no ar, além dos aviões da carreira". Agora faltam os aviões da carreira, ficou o algo mais.

  • Opinião: O papa em nossa casa

    É muito difícil ser papa depois de João Paulo II. Este teve uma grande cumplicidade com a história. Antes de tudo, foi o primeiro papa a viver a sociedade de informação, capaz de ser visto e acompanhado por todos e em todo lugar. Segundo, teve de atravessar o tempo da Guerra Fria que levava o mundo à beira da catástrofe nuclear. Terceiro, lhe coube executar as reformas do Concílio Vaticano II, que provocou uma tempestade na Igreja, e resolver o conflito ideológico com a Teologia da Libertação.

  • O pescoço de Saddam

    O CONCEITO de guerra justa foi muito utilizado ao longo dos séculos para aventuras políticas. Kant, que era um pacifista a seu modo, achava que toda guerra "era contra a lei". Sua visão era mais legalista do que humanitária.

  • O cerco ao Brasil

    O Brasil sofre na América do Sul uma onda de hostilidade cujas motivações são absolutamente demagógicas e populistas. Nossa conduta com nossos vizinhos sempre foi exemplar. Esse quadro exige de nossa diplomacia um trabalho equilibrado e competente, que ela tem exercido bem, com o aprendizado da arte de engolir sapos.

  • O mundo vai acabar

    OS ISRAELENSES compradores de papéis antigos descobriram um manuscrito de um senhor Isaac Newton -o autor da teoria da gravidade- dizendo que o mundo vai acabar em torno de 2060. Esse senhor -já que hoje é necessário verificar, diante de tantas operações, se ele não está envolvido em uma delas, quem sabe, a Furacão- é um homem de boa ficha. Edmond Halley, o que deu nome àquele cometa que aparece por aqui entre 74 e 78 anos, dizia dele que "mais próximo de Deus nenhum mortal pode chegar". Halley também foi um desses.

  • Boa idéia não morre

    O SENADO aprovou nesta semana, em caráter terminativo, o projeto que faz renascer as ZPEs -Zonas de Processamento de Exportação. Essa idéia tem uma longa história. Quando visitei a China em 1988, os chineses começavam a construir um sistema dessas zonas, com o objetivo de participar da globalização econômica.

  • A vez da diplomacia

    CADA VEZ mais o Brasil está a exigir de nossa diplomacia. Ela sempre desempenhou suas tarefas com extraordinária competência. A ela devemos uma parcela da unidade nacional, ao construir fronteiras pacíficas com dez países, como o fez Rio Branco.

  • Pan-Pan-Pan

    EU NÃO SOU grande autoridade para falar de esportes, pois, afinal, nunca fui desportista. Quando estava no ginásio tive uma única irrupção de atletismo. Tornei-me torcedor do Flamengo e fazia corrida, naquele tempo chamada de "atlética". Logo percebi que aquele não era o meu chão e, em vez de correr, deu-me praticar o esporte de ler. Pouco a pouco fui deixando de ouvir os jogos nos velhos rádios cheios de chiados, que chamávamos "descargas", e que impediam a compreensão do que era transmitido. E por falar em "descargas", lembro o primeiro rádio que chegou em Pinheiro, comprado pelo farmacêutico José Alvim.

  • O sortilégio de Congonhas

    É DIFÍCIL lidar com a dor. Por isso o criador nos fez com a incapacidade de memorizá-la, sentir de novo. Fica apenas lembrança triste de uma dor passada. Pior ainda ter muitas dores. Dores da tragédia, dores do coração de mães, mulheres, filhos, parentes e amigos. São dores da alma. Na solidariedade incorporamos a dor de todos.

  • A Lei dos Ventos

    VOAR É UMA antiga e sedutora ambição do homem. Deus tinha dado asas aos anjos e as tinha negado a Adão. Na mitologia criamos deuses alados e até o nosso pequeno Eros, deus do amor, tinha uma flecha na mão, para dizer do seu poder de romper corações, mas, também, pequeninas asas, para mostrar que era fugidio e podia locomover-se como os pássaros e pousar em qualquer lugar.

  • Devemos ir à igreja

    Há cerca de cinco anos, fui convidado pelas Nações Unidas para participar de uma reunião preparatória a uma conferência sobre tecnologia e os direitos individuais, em Bilbao, na Espanha.

  • Morte aos devotos do Pavão

    EM 1991 , quando Mitterrand, invocando o passado europeu, dizia que "a missão da Santa Aliança se esgotou na retomada do Kuait", escrevi neste espaço: "O Iraque será nesse quadro um novo Líbano? Esta realidade será terrível, na repetição da violência mais cruel, como se vê no massacre dos curdos, queimados nos desertos de Kirkuk".

  • Arquitetura e Supremo

    APÓS A SEGUNDA Guerra Mundial, quando o Parlamento britânico havia ficado em ruínas, cresceu uma discussão envolvente sobre como deveria ser a reconstrução. Uma corrente levantou a idéia de buscar-se uma nova área e aproveitar a oportunidade para construir um prédio moderno. Outra corrente defendeu a reconstrução com a ampliação dos módulos, modernizar as velhas instalações. O gênio de Winston Churchill disse um grande não às duas propostas e decidiu que a Câmara dos Comuns, aquela sala modesta, que se reúne como se fosse uma família, deveria ser reerguida como sempre fora: com galeria pequena, mesa central, bancos nas laterais e modéstia setecentista. Seu argumento era o de que o estilo do Parlamento britânico correspondia à sua arquitetura. Fazia fugir da retórica, decidir como se fosse uma família, ser veemente sem ser verboso, irônico sem ser vulgar. A arquitetura se confundia com o trabalho parlamentar, e modificá-la seria modificar a Inglaterra. Escreveu uma página brilhante sobre o assunto.

  • Justiça, riqueza e amor

    O MARQUÊS de Pombal escreveu uma carta ao governador do Maranhão, Melo e Póvoas, seu sobrinho, dando-lhe conselhos de tio sobre como devia governar. São muitos, mas num deles se referia a de que maneira devia fazer justiça e recomendava: tivesse sempre presente que três deuses colocaram os antigos com os olhos vendados, Astréa, deusa da Justiça, Cupido, deus do amor, e Pluto, deus da riqueza. Tirava a conclusão de que, se estavam com os olhos vedados, era porque não eram cegos. "É prejudicial em quem governa riqueza cega, amor cego -e justiça cega."