Maravilhoso mundo
O Estado do Maranhão, em 04/11/2012
Rimbaud, o poeta de Uma temporada no inferno, escreveu, com a angústia de viver o tempo futuro, a sentença de que "devemos ser absolutamente modernos" . A roda do mundo nos faz o passado parecer sempre melhor, vendo o presente como um vencer dificuldades e com a certeza de que a vida é feita com o dia-a-dia. O futuro nos seduz a pensar num terreno azul de soluções e esperanças. O passado é o já vivemos, já vencemos a graça da vida. A sensação do presente é o mar das sobrevivências, das ciladas do cotidiano, em que ainda há muito o que fazer para o próximo, para a humanidade e para acabar com todas as injustiças. É uma inconformação com o sofrimento, com o medo e com o próprio presente. Já o futuro é uma busca de esperança, no mínimo a incerteza quanto a dias piores. Foi Alçada Baptista, o extraordinário escritor português, autor da Peregrinação Interior, quem me fez lembrar que o padre Vieira tinha "saudades do futuro", o que completa o ciclo das vivências, porque o racional são as saudades do passado.