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Velho tema

 

Desde o princípio de meu interesse jornalístico, no fim de minha infância, que "desgraçadamente" os anos não trazem mais, ouço que Brasil e Argentina são duas nações rivais. Na história das relações de uma e outra há fases de júbilo e de azedume. É um vaivém em que duas nações amigas não raro se têm por questão de somenos importância. Desde a constituição do Mercosul, obra de José Sarney e Raúl Alfonsín, melhoraram as relações dos dois países, mas de vez em quando temos viradas que voltam ao antigo estribilho. Neste momento, a Argentina acaba de ganhar as barreiras que lhe interessam e o Brasil as cedeu.


Não vejo nesta cessão um prejuízo iminente para o Brasil, mas uma forma bem polida e política de procurar perder numa vez para ganhar noutra. É da política esse malabarismo de habilidades que dá resultado, pois o Brasil está mais preparado do que a Argentina para ganhar.


Este episódio, no qual a Argentina saiu ganhando, encerra muito de malícia e sabedoria política, pois nós, brasileiros, cedemos para não perder a parceira e amiga. Dizia, Gilberto Amado, grande diplomata, que as nações não tem amizades, mas interesses. Concordo com o ilustre embaixador, de inteligência fascinante, pois o que vemos nesta vitória é um belo trabalho da diplomacia brasileira, que não deve se julgar vencida.


Esse episódio deve fortalecer o Mercosul, fortalecimento que já pedi, fundado em relações de interesse geral, para que o futuro da união seja salvo para sempre. Foi assim também com as nações que fizeram toda a jornada de um mercado comum para acabarem na grande realização da União Européia.


O velho tema vai continuar com outra substância, muitíssimo melhor para as nações que precisam do desenvolvimento.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 8/2/2006