A derrota do governo no Senado, com a derrubada do veto que impedia aumento do funcionalismo público, mostra que Bolsonaro não tem uma base sólida no Congresso e que é muito difícil, em ano eleitoral, apoiar a possibilidade de impedir o servidor de ter aumento. A base do governo é apenas aparente; grande parte dos que votaram a favor da derrubada do veto, supostamente faz parte da base de apoio ao governo. Foi uma decisão irresponsável do Senado, mas até previsível, e se o governo tivesse organização e uma base solida e eficiente, teria trabalhado com antecedência para manter o veto. Acredito que a Câmara deve manter o veto, mas é uma operação complicada, porque, apesar de toda a repercussão negativa do Senado, foram os deputados que incluíram exceções à regra de não dar o aumento, sofrem muita pressão das corporações e, em ano eleitoral, não devem deixar os servidores sem possibilidade de aumento. O governo vai ter que dar algo em troca para os deputados e as negociações estão acontecendo. Certamente, vai perder alguma coisa porque, nessa hora, não existe patriotismo. Cada um pensa por si, ainda mais com um presidente ambíguo em várias questões, que torna muito difícil o controle das ações.