A saída do ministro Paulo Guedes do ministério da Economia, que era impensável no primeiro ano do governo Bolsonaro, está cada vez mais possível. Ele não tem obtido êxito nos planejamentos para as reformas no Congresso, onde tem muitas dificuldades para negociar. Muitas vezes ele tem razão, tenta conter gastos, outras faz negociações políticas como agora no orçamento, que permitiu o estouro do teto de gastos. Não sei se fez por desorganização do ministério, ou se por esperteza política, achando que poderia convencer o presidente a vetar as emendas parlamentares. De qualquer maneira, colocou o presidente em uma situação complicada. Se ele vetar, compra briga com Congresso e o presidente da Câmara, Artur Lira, foi muito claro, dizendo que os compromissos foram feitos com o ministério da Economia e têm que ser cumpridos. Bolsonaro tem até o dia 22 para sancionar ou vetar parte do orçamento. Vai ser uma decisão muito difícil e vai precisar de muito malabarismo para superar a crise que virá. Se não vetar, estoura o teto e, como Paulo Guedes, está alertando, corre o risco de impeachment, pelo mesmo motivo da ex-presidente Dilma: pedaladas fiscais. Lira garantiu a Bolsonaro que não haverá impeachment, mas Bolsonaro não sabe se acredita nele. Paulo Guedes está sendo culpado pelo Congresso de ter criado essa situação embaraçosa. Há pressão política para a criação do ministério do Planejamento, tirando poderes dele. E isso pode acontecer rapidamente, o que fará com que Paulo Guedes perca credibilidade e saia do governo. Ele não tem mais força política para garantir o equilíbrio fiscal e impedir a quebra de regras.