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A reinvenção necessária

 

O tratamento pífio que se dá à educação, em nosso país alcançou níveis inaceitáveis. Perdemos o Ministério da Cultura, substituído por uma Secretaria Nacional que não diz a que veio. São ações que deixam o mundo cultural com um aspecto sombrio, incompatível com as esperanças que cultivamos. Voltar à existência do Ministério da Cultura, indispensável, para dar maior organicidade ao trato da matéria seria uma primeira e decisiva medida a ser adotada pelas nossas autoridades.

Um segundo movimento é a valorização do que chamamos de 'educação artística'. Defendemos, com todo ardor, a revivescência dessa disciplina em todos os currículos, como convém. Um bom professor, mais do que nunca, deve ter uma sólida base cultural. Para enfrentar, sobretudo, os questionamentos de um alunado cada vez mais inquieto em suas indagações. A Cultura é um elemento indispensável nessa formação moderna e procriativa.

Depois, que venha a implementação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na qual é preciso que explicitamente haja referência à existência da matéria referente à educação artística.

Não é preciso grande esforço para provar essa necessidade. Estamos trabalhando com mais de 40 PECS (emendas constitucionais). Isso provoca uma clara disfunção sistêmica, retirando a necessária organicidade no trato da legislação pedagógica. Uma nova Lei é preciso que surja - e com a necessária urgência.

Esses pontos basilares das reformas indispensáveis foram discutidos no recente Seminário 'Formação de professores: a reinvenção necessária', promovido junto às comemorações dos 50 anos da Fundação Cesgranrio, presidida com brilho pelo educador Carlos Alberto Serpa.

O professor é o agente educacional básico. É ele quem interage com o aluno quase o tempo todo. Por paradoxo, o magistério, em geral, não recebe a consideração merecida, Quando falamos em ensino híbrido, a idéia é que a modalidade seja mais participativa, sem jamais substituir o professor. O modelo híbrido requer adaptações no currículo, que exigem a colocação em marcha de uma urgente estratégia de redução das desigualdades.

Ainda não podemos ter respostas fechadas de como deverá ser a melhor prática ou metodologia adotada no modelo híbrido. Mas é conclusivo que a travessia do período de crise derivada da pandemia nos leva à certeza de que não se pode voltar a lecionar apenas no modelo tradicional. É urgente reverter o quadro que ceifou o direito ao desenvolvimento pleno de uma geração inteira, anulada pela dificuldade de planejamento público e pela falta de incentivo à cultura e priorização da educação.

Correio da Manhã, 23/01/2022