Mais uma vez o PT divide a oposição. O partido que se acostumou a liderar a oposição desde que acabou com o brizolismo - colocou Brizola de vice e depois o deixou de lado -, perdeu força depois de todas as denúncias de corrupção e da prisão do Lula; e depois que ele foi solto, ficou sem saber o que fazer. Embora em 2018 tenha sido beneficiado com a polarização com Bolsonaro, era evidente que não era minimamente confiável para vencer a eleição. E deixou de dar um passo à frente, abrindo mão da candidatura de Haddad para assumir a de Ciro Gomes, candidato da oposição mais bem posicionado naquele momento. A candidatura de Lula era só política, a favor dele próprio, não da oposição. Uma união de PT e PDT levaria outros partidos a abrirem mão e fazerem voto útil. Mas como o PT nunca pensou globalmente, só individualmente no Lula e na sua condição de líder, fez a escolha errada em 2018 e está fazendo agora de novo. Lula se recusou a assinar manifestos de oposição porque tinha pessoas que defenderam o que ele chama de golpe contra Dilma e que não o entendiam como preso político e sim político preso – tudo pessoal dele. Com isso, mais uma vez afasta o partido da oposição, que está tentado fazer agora a aliança que não conseguiu em 2018. Ciro Gomes e FH se reconciliaram na semana passada durante um programa na Globonews. A tendência seria Lula aderir a essa união, sem querer ser o líder que não pode mais ser, e tentar uma candidatura única - que é difícil - mas pelo menos para agirem juntos nesse período em que vai haver muita manifestação de rua e protesto no Congresso. Mas nesse momento, quem vai ficar isolado é o PT.