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A perda de um mestre

 

Eduardo Mattos Portella era baiano, mas passou a maior parte de sua existência, de 84 anos, no Rio de Janeiro, onde construiu uma sólida carreira universitária, especialmente na UFRJ. Era o 2º Decano da Casa de Machado de Assis quando faleceu, no dia 2 de maio.
Portella teve uma significativa carreira de homem público, primeiro na Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro (durante o governo Chagas Freitas). 

Depois, na Casa Civil do Governo JK, de quem foi um bom amigo. Depois, na Unesco, em Paris, onde chegou a exercer as funções de diretor, com grande destaque. Desde 1962, era o diretor cultural das Edições Tempo Brasileiro.

Em 1979, convidado pelo presidente João Figueiredo, Portella assumiu o Ministério da Educação, Cultura e Desportos. Ficou um ano e meio no cargo. Deixou uma frase que se notabilizou: “Eu não sou ministro, eu estou ministro”.

No discurso de recepção na Casa de Machado, onde foi o sexto a ocupar a Cadeira nº 27, na sucessão de Otávio de Faria, em 18 de agosto de 1981 , o saudoso Afrânio Coutinho, com muita propriedade, destacou: “No Brasil, a Literatura é a mais importante expressão do espírito nacional. Somos um povo literário por excelência. Foi a Literatura que desenvolveu, desde Anchieta, a nossa identidade de povo e de nação. É ela que vem empreendendo, de maneira progressiva e pertinaz, o processo brasileiro de descolonização mental. É ela que melhor reflete em nosso país as formas de sua unidade na variedade”. 

Eduardo Portella foi mais do que um dos nossos maiores críticos de literatura. Foi um crítico de ideias, filosoficamente fundamentado e sustentado; um crítico da Cultura, voltado ontologicamente para tudo o que diga respeito ao homem universal.
A sua família perde o líder e, agora, aumentam as responsabilidades da esposa Célia e da filha Mariana. Que encontrem forças na imortalidade de sua obra.

O Dia, 18/05/2017