Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos > O mês da má fama

O mês da má fama

 

Tomara que o agosto que começa hoje não confirme a má fama que acumulou ao longo da História, ao servir de cenário de acontecimentos nefastos como alguns dos que têm reforçado a crença supersticiosa. No primeiro dia do mês em 1914, estourou a Primeira Guerra Mundial. No segundo, em 1934, Adolf Hitler tornou-se Führer da Alemanha. No dia 24 em 1954, Getúlio Vargas suicidou-se. A 22 de 1976, Juscelino Kubitschek morreu num acidente de automóvel.

Espera-se que não haja nada parecido, e que o mês não se resuma a essa inédita corrida por um vice, um cargo que, na terra governada por quem foi um deles, devia ser cobiçado, não tão rejeitado.

Agosto 2018, na verdade, será decisivo para as eleições: no próximo fim de semana, termina o prazo para as convenções partidárias; no dia 15, os candidatos terão que se inscrever; no dia 16, começarão os comícios, passeatas e a propaganda na internet; no último dia do mês, é a vez do horário gratuito no rádio e na TV.

A julgar pelo que foi dito no Festival Lula Livre, realizado sábado no Rio, o clima deve esquentar, porque o PT não vai desistir de seu candidato e promete radicalizar. A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, teria anunciado: “Nós hoje estamos apenas fazendo um ensaio porque no dia 15 de agosto faremos o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva”. E como dificilmente ele se livrará da Lei da Ficha Limpa, o PT adotaria o arrojado “plano c”: boicote às eleições. A medida, ela informou, ainda não está sendo discutida oficialmente, mas “caminha para isso, se ele for impedido”.

Nesse caso, além de não disputar a Presidência, o partido não lançaria candidatos ao Senado ou à Câmara, e se dedicaria a denunciar ao mundo o que considera mais uma “rachadura na democracia do país”.

Assim, Lula abandonaria o jogo e levaria consigo o partido, acrescentando mais confusão a um já confuso processo em que uma sopa de siglas disputa a preferência de um eleitor cada vez mais desnorteado.

O Globo, 01/08/2018