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O ano que já começou

 

Apesar de ainda estarmos a cerca de dez meses das eleições, elas estão próximas, pelo menos em termos de movimentação política. Hápré-candidatos investindo até em marketing para promover a imagem. A filiação de Sérgio Moro ao Podemos, com discurso de pre-sidenciável, veio aumentar a lista dos candidatos da terceira via, que querem fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula.

O ex-ministro da Justiça está sendo submetido ao trabalho do mar-queteiro Fernando Vieira, cuja tarefa é humanizar a imagem do ex-juiz, que hoje enfrenta rejeição de um lado e do outro. Parece que o efeito positivo foi notado em sua fala no ato de inscrição.

O próprio Bolsonaro tinha marcado para o próximo dia 22 seu ingresso oficial no partido por que concorreria no ano que vem, ainda que analistas consultados pelo GLOBO tivessem advertido que a baixa aprovação coloca em risco sua reeleição. O patamar de 20% de avaliação positiva mal chega à metade dos 40% que presidentes e governadores reeleitos tiveram em igual momento antes do pleito. De qualquer maneira, o PL, de Valdemar Costa Neto, um dos expoentes do Centrão, foi o escolhido para participar do que os organizadores planejavam ser o principal evento do ano que vem, a reeleição.

Domingo de manhã, porém, um documento do PL comunicava que a filiação, que j á era considerada como 99% fechada, fora 'adiada' de comum acordo entre as duas partes. Uma das razões te-ria sido a repercussão negativa dos bolsonaristas nas redes sociais a esse arranjo com uma figura ligada ao ex-presidente Lula, o que poderia beneficiar Moro e sua bandeira anti-corrupção.

Além disso, teria pesado a insistência do PL em apoiar um aliado de João Doria para a disputa do governo de São Paulo. Em Dubai, Bolsonaro alegou que precisava aparar algumas 'arestas' com Costa Neto. Mas nenhuma palavra sobre o que o site O Antagonista publicou, que o impasse se deu em torno do controle do diretório do PL em São Paulo, que Bolsonaro queria entregar ao filho Eduardo. Costa Neto não concordou, disse 'não' e explicou que não seria possível, ao que o presidente reagiu furioso e recebeu de volta a seguinte resposta: 'Você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu', teria dito Costa Neto. Bolsonaro, então, teria mandado o futuro, agora ex, aliado para 'aquele lugar'. O cacique do PL revidou no mesmo tom: 'VTNC você e seus filhos', teria escrito Costa Neto a Bolsonaro, usando as iniciais de uma expressão imperativa impublicável. Como se vê, um diálogo de alto nível.

O ex-presidiário do mensalão, que de bobo não tem nada, já tratara de deixar uma porta aberta com Lula caso, como tudo leva a crer, o casamento com Bolsonaro fracassasse. Tudo indica que ele se acertará com o noivo que vier.

A filiação de Moro ao Podemos veio aumentar a lista dos candidatos da terceira via, que querem fugir da polarização entre Bolsonaro e Lula.

O Globo, 16/11/2021