Tudo indica que a margem de erro das pesquisas eleitorais vai perseguir os cidadãos até o dia da eleição, domingo que vem. Nada está definido, a tendência de alta da presidente Dilma ainda tem que ser confirmada por novas pesquisas que serão feitas diariamente até sábado, o último dia possível de publicá-las, (hoje aliás deve estar saindo uma nova do Datafolha), e os candidatos estão lutando por territórios, especialmente dois: Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A região Sudeste, a de maior eleitorado, composta ainda de São Paulo e Espírito Santo, é onde Dilma cresce, mesmo que Aécio continue na frente. Mas os cinco pontos que a candidata do PT cresceu foram suficientes para fazê-la ultrapassar seu concorrente no cômputo geral, na explicação do diretor-geral do Datafolha Mauro Paulino.
O candidato do PSDB Aécio Neves já superou Dilma em Minas, mas não conseguiu ainda abrir uma frente suficientemente ampla para compensar perdas em outros locais. A previsão é que tire cerca de 1,8 milhão de votos de dianteira, muito menos do que os 3 a 4 milhões previstos inicialmente.
No Rio de Janeiro, Aécio andou empatado tecnicamente com a presidente Dilma, mas agora já foi superado por boa margem (48 a 37). Aqui no Rio, vigora uma situação exemplar de como a base aliada do governo é tão ampla e heterogênea: ela apóia os dois candidatos que se digladiam pelo governo do Estado, um atacando o outro impiedosamente. E os outros dois candidatos derrotados também a apóiam.
São máquinas poderosas que estão trabalhando a favor da reeleição, e a dissidência do PMDB – o Aezão, mistura de Aécio com Pezão – não parece ser forte o suficiente para manter uma votação capaz de competir com a da presidente, embora desta vez a diferença a favor de Dilma seja bem menor do que da vez anterior, em que ela abriu mais de 1,5 milhão de votos de frente no Estado.
Além do mais, há uma máquina oficial em favor de Pezão, que trabalha também a favor de Dilma, a quem o governador que tenta a reeleição se refere sempre como “presidenta”, o que demonstra uma proximidade que se choca com o movimento dissidente que ele também alimenta. Coisas do modelo de coalizão presidencial mais apropriadamente chamado de “modelo de cooptação”.
Vamos ver essa disputa voto a voto provavelmente até o final desta semana, com Aécio Neves tentando ampliar sua votação em Minas Gerais, o que seria mais natural se não tivesse cometido um dos poucos erros de sua campanha ao abandonar seu Estado no primeiro turno, como se os votos a seu favor caíssem por gravidade no seu colo.
Quando se deu conta do prejuízo, Aécio dedicou-se a Minas como deveria ter feito desde o início e conseguiu reverter a situação no segundo turno, depois de o PSDB ter perdido a eleição para o governo do Estado.
Outra preocupação, esta nova, é não perder votos em São Paulo, onde a situação de crise do abastecimento de água pode estar afetando a imagem dos tucanos, a grande máquina eleitoral do PSDB que reelegeu Geraldo Alckmin no primeiro turno e deu a Aécio uma votação de cerca de 45% dos votos.
Neste segundo turno o candidato do PSDB à presidência já estava chegando a uma votação correspondente a 60% dos votos, mesma margem por que foi eleito José Serra senador. A piora da situação hídrica do estado, no entanto, pode estar afetando a votação de Aécio, assim como afetaria a de Alckmin caso tivesse havido segundo turno em São Paulo.
A recente pesquisa do Datafolha mostra que hoje haveria segundo turno para governador, reflexo da piora da situação de escassez de água que está sendo muito explorada pela campanha de Dilma Roussef.
Nesta reta final as campanhas deverão ser mais propositivas, ficando, de parte do PT, o papel sujo a cargo do ex-presidente Lula, que está se excedendo no cumprimento da função. O debate da Rede Globo na sexta-feira ganhou um relevo especial com a disputa apertada, e os indecisos, que participarão do programa com perguntas aos candidatos podem ser decisivos na definição do vencedor. (Correção: a pesquisa Datafolha refere-se apenas à capital de São Paulo. Sendo assim, os números são praticamente os mesmos da eleição, com Alckmin recebendo 50% dos votos na capital).
Irresponsável
“Daqui para frente é a Miriam Leitão falando mal da Dilma na televisão, e a gente falando bem dela (Dilma) na periferia. É o (William) Bonner falando mal dela no “Jornal Nacional”, e a gente falando bem dela em casa. Agora somos nós contra eles. [...]”.
Essa fala irresponsável é do ex-presidente Lula no seu papel de língua de trapo da campanha petista. O PT deu agora para nomear seus “inimigos”, incentivando assim ações radicais contra jornalistas que consideram adversários do “projeto popular”.
Recentemente, um dirigente do partido havia nomeado sete jornalistas numa espécie de “lista negra”. É uma típica ação fascista, que está sendo usada já há algum tempo na Argentina de Cristina Kirchner. É neste caminho que vamos caso Dilma se reeleja.