EU PASSEI pelo lápis, pelo tinteiro, pela caneta-tinteiro, pela esferográfica, pela máquina de escrever manual e elétrica e desembarquei no computador. Não é que agora estou mergulhado nesse mundo da rede, que não tem um centro gerador e que cresce como uma teia de aranha, sempre que se fia mais.Agora, eis-me acompanhando a guerra de titãs que vejo nos jornais entre Windows e Google e sou envolvido nas disputas pelos chips menores, os aplicativos mais vastos e que eu nunca saberei todos porque são tantos que os anos não aguentam mais.
Chrome ou Windows 7? Esta é a nova disputa no mercado, até agora dominado amplamente pela Microsoft, que com versões de Windows equipa 90% dos computadores do mundo. Agora a Google, a segunda gigante dos softwares, anuncia que está preparando sistema operacional aberto, que pode ser manuseado e modificado por todo mundo, sem infringir patentes e desafiar segredos -que será distribuído gratuitamente.
A resposta da Microsoft é lançar uma versão mais simples do seu sistema operacional, com o acréscimo de um processador de textos e de uma planilha rudimentares, emuladores dos clássicos do Office, o Word e o Excel. Aqui para mim já melhora.
A Microsoft ameaça vender um sistema operacional -com preço de cerca de R$ 400- que terá um concorrente de grande porte gratuito. O Chrome OS vai chegar com toda a força e será um sucesso garantido. A dúvida é se vai ou não ganhar a guerra com o novo sistema Windows. A Google não tem entrado no mercado para perder, e sua aposta em serviços de rede, como o YouTube, o Gmail, o Orkut, e de desktop, como o Google Earth, mostram sua capacidade de inovar e ganhar as apostas. O Google Earth, por exemplo, é para mim um milagre, com sua capacidade de mostrar na tela a casa de todo mundo no mundo, inclusive a minha.
Nesta batalha, o mundo da alta tecnologia vai tendo seus sucessos paralelos, como os telefones que fazem tudo, o iPhone da Apple, que se tornou a moda que cada dia avança mais sobre os telefones celulares convencionais, forçando a criação de outros telefones que fazem também uma porção de outras coisas, a começar por dominar o correio eletrônico. Os novos computadores da Apple, anunciados como mais fáceis de operar, estão sendo vendidos por US$ 1.500 nos Estados Unidos.
Agora estou com medo dos livros. Querem que eles saiam do papel para a telinha. Estão surgindo para ler livros e jornais aparelhos como o Kindle, da Amazon, a maior livraria do mundo. Mas eu ainda continuarei com os meus velhos amigos, aprendendo sobre tudo isso nos jornais e nos livros de papel. E, aos vencedores, as batatas.
Folha de S. Paulo, 17/7/2009