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Dilma e Cunha, o mesmo fim

 

O impeachment divide opiniões, enquanto a cassação do ex-presidente da Câmara as une numa unanimidade nunca vista — a favor

A sorte está lançada. Dilma Rousseff e Eduardo Cunha têm um encontro marcado com seus destinos políticos em agosto, o mês considerado pela crença popular como do azar, por ter levado Getúlio Vargas ao suicídio, Jânio Quadros à renúncia e Eduardo Campos ao acidente que o matou em 2014 num mesmo dia 13 em que, em 2005, morrera seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, entre outras efemérides aziagas. Então, a presidente afastada deve ser definitivamente retirada do poder e o ex-presidente da Câmara dos Deputados será, enfim, cassado. Ironia da História: se a superstição se confirmar, os dois antigos aliados e hoje desafetos estarão unidos num desfecho comum, a morte política. Prever isso para Cunha é meio arriscado, porque há uns nove meses seu mandato está na UTI em estado terminal, e sobrevivendo. Agora, porém, a julgar pela decisão de anteontem dos colegas de Cunha, foram desligados os fios que o mantinham respirando politicamente numa lenta agonia. Entre os dois personagens, há uma diferença fundamental. O impeachment de Dilma divide opiniões, enquanto a cassação de Cunha as une numa unanimidade nunca vista — a favor.

FALA, PAES

Sobre o que escrevi na última coluna, espantando com um “Xô” o baixo astral na cidade, recebi do prefeito os seguintes esclarecimentos:

“Os mais de R$ 30 bilhões gastos com os Jogos, como você disse, não são exatamente uma verdade. Os Jogos (aquilo que só serve aos Jogos propriamente ditos, como arenas e vila de atletas) custaram cerca de R$ 7 bilhões. E, desses, 60% privados. Os outros 20 e tantos bilhões serviram para BRTs, metrô, Porto Maravilha, piscinões da Praça da Bandeira... Ou seja, obras para a cidade e que impactam no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Desses recursos, a maior parte vem da prefeitura, que paga seus servidores em dia, assume hospitais do estado e ainda manda dinheiro para a Segurança. Para você ter uma ideia, de 2009 para cá, ela gastou R$ 732 milhões com estádios para a Olimpíada. No mesmo período, em saúde e educação, gastamos R$ 65 bilhões!!!!! Ou seja, com estádios gastamos 1% do que gastamos com saúde e educação. O Rio não enfrenta os problemas que enfrenta por causa da Olimpíada. Ao contrário! Não é torcer só porque, já que vai acontecer, temos que estar do lado. Se não fossem os Jogos, estaríamos com mais desemprego, com menos perspectivas e sem investimentos, como a maioria das cidades brasileiras”.

E que continue assim depois dos Jogos, são os meus votos e a minha torcida.

O Globo, 16/07/2016