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Brasil anda para trás

 

O julgamento do STF que decidiu pela suspeição do juiz Sergio Moro foi uma grande vitória política do ex-presidente Lula e uma grande derrota do combate à corrupção do Brasil, que não cansa de regredir. Um país que teve avanço brutal no combate à corrupção volta à estaca zero, supostamente na defesa do estado de direito, de um justo julgamento. Nem diante de todo o escândalo revelado, as forças políticas que querem continuar no poder, manter controle da situação, sempre encontram um jeito de prevalecer, mesmo depois de cinco, seis anos. Impressionante que se transforme um juiz insuspeito em suspeito, com base em questões questiúnculas. Como disse o ministro Luis Roberto Barroso, todas essas leis que existem no Brasil foram feitas para não funcionar, precisam ser interpretadas de maneira mais ampla, se quiser prender corrupto. Antes do mensalão, nunca ninguém havia sido preso no Brasil por corrupção. E mesmo lá, tentaram desmembrar o processo – mas não conseguiram - para a acusação perder a força maior, ou seja, a combinação entre os fatos e a demonstração de que era um grupo unido para praticar a corrupção. Na Lava Jato conseguiram agora, cinco anos depois. Passaram anos tentando esvaziar a vara de Curitiba, que foi um avanço e agora é considerada uma operação suspeita e ilegal. Acabaram com tudo. O procurador-geral da República, Augusto Aras, desmontou as forças-tarefa. É o que acontece nos países onde há um grupo com interesses particulares que se interconectam, que não quer perder o poder. Agora Renan Calheiros volta com toda força e vai ser assessorado por Romero Jucá. É um país que está sempre andando para trás.

Globo, 23/04/2021