O grande problema para fechar o orçamento do próximo ano é que é o próprio presidente Bolsonaro quem está querendo aumentar gastos. Ele quer dinheiro para obras, para o Renda Brasil e engavetou a reforma administrativa. Desse modo, vai ficar difícil comportar todas essas demandas dentro do orçamento. Se não se pode ter um líder que controla isso e não estimula os ministérios a conter gastos e repensar suas composições administrativas, fica difícil. Dentro dos ministérios existem fortes corporações muito reativas a cortes, com lobby forte no Congresso. Vai ser complicado, sem furar o teto, conseguir fazer tudo o que o governo quer. Hoje quem faz esse papel é Paulo Guedes, mas cada vez mais fragilizado pelas posições de Bolsonaro, que de um lado apoia o ministro e o equilíbrio das contas, e de outro incentiva os militares a pedirem mais verba e quer o Renda Brasil - que já viu ser um bom instrumento político, especialmente no Nordeste. Mas com o apoio do Centrão, é possível que tenha força para mudar o teto, embora acredite que esteja muito em cima para fazer isso este ano. Uma outra saída é incluir obras públicas emergenciais no orçamento de guerra feito para combater a Covid-19. Não sei se o TCU vai concordar que construção de pontes e estradas pode entrar por aí.