O BRASIL está tendo, e vai ter cada vez mais, uma visibilidade mundial num terreno em que nós sempre, a não ser no futebol profissional, fomos fracos: a realização de eventos esportivos.
Em 2014, teremos a Copa do Mundo e, em 2016, a Olimpíada. Há um aspecto que, embora não seja o objetivo final, também recebe uma grande ajuda: o econômico. A coisa começa quando a entidade mundial que organiza as olimpíadas anuncia o nome do vencedor, neste ano, o Brasil. Imediatamente o presidente do COI entrega ao do COB um cheque de 1,5 bilhão, que o nosso Nuzman já trouxe no bolso, para ajudar a preparação.
O total de investimentos só na Olimpíada é calculado em R$ 26 bilhões. O setor mais favorecido é o de construções, uma vez que as instalações físicas constituem a base do evento. Mas outras áreas, como turismo, transporte, capacitação, formação esportiva etc., serão beneficiadas.
Nos Estados, há um ambiente de encontrar um meio de participar delas, e estão sendo organizados grupos para identificar em que esporte se podem treinar equipes para competir, o que é muito bom para despertar talentos e desenvolver o esporte como um todo. Em muitos lugares já existem núcleos voltados para o treinamento de ginastas. Assim vamos ter pela frente uns sete anos de concentração, no melhor sentido.
Como os jovens serão os mais mobilizados e os mais sensibilizados para essas práticas, podemos também acoplar a esse mutirão nacional uma prioridade que poderá ser importante para resolver um problema que é preocupação permanente e sempre fracassa: o primeiro emprego.
Devemos determinar como norma de contratação para todas as atividades da Olimpíada (e da Copa) a prioridade aos jovens. Eles terão a oportunidade de encontrar nesse momento aquilo que constitui o maior obstáculo para o ingresso no mercado de trabalho: a experiência. Essa oportunidade irá suprir essa deficiência, porque acumularão numa tarefa temporária aquilo que será definitivo para o futuro de sua vida, seu destino, sua carreira.
O governo deve identificar setores e nestes fazer cursos de capacitação destinados a suprir mão de obra. Teremos assim uma Olimpíada marcada pelo Primeiro Emprego. Para isso, todos que irão participar na construção ou na organização da Olimpíada terão como prioridade recrutar jovens.
No mais, a escolha do Rio mostrou a força do Brasil, capaz de arcar com evento dessa magnitude, e do presidente Lula em sua obstinada, brilhante e decisiva participação. A cidade contribuiu com sua beleza incomparável. Chicago era a fera, e o Rio, a bela. Ganhou a bela.
Folha de S. Paulo, 9/10/2009