A antecipação do debate sucessório, como se constata, acontece em situações de contraste, ou quando o presidente em exercício está forte o suficiente para inventar seu sucessor, como fez Lula em 2010 com Dilma, ou quando está fraco a ponto de não ter condições de lutar pela sua sucessão, pois luta principalmente por seu mandato.
É o que acontece hoje, e por isso a oposição já está se assanhando, com seu principal partido sendo agitado por nada menos que 3 candidaturas: as dos senadores Aécio Neves e José Serra e a do governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que acaba de ser lançado candidato pela direção paulista do PSDB. Todos derrotados pelo petismo nos últimos 12 anos, mas vendo na fragilidade do atual governo a chance da volta por cima.
Há até mesmo quem especule sobre um racha no PSDB, como Aécio Neves vindo a ser o candidato tucano, o governador Geraldo Alckmin se candidatando pelo PSB – que tem o vice governador paulista – e José Serra entrando para o PMDB.
Essa especulação tem um leve sabor de crítica à afoiteza dos tucanos que, assim como em 2005 com o mensalão, já se consideram com a mão na taça. E deu no que deu.
Também no PT a candidatura de Lula vem sendo brandida como a tábua de salvação em 2018, mas ele mesmo já disse a seus companheiros que não haverá Lula-2018 se não houver uma recuperação do governo Dilma. Mas o Lula de 2015 não é o mesmo de 2005. Está fragilizado, decadente física e moralmente, sendo alcançado por acusações que antes não o atingiam.
Como nada indica, até o momento, que a economia terá fôlego para se recuperar a tempo, o mundo político dá como certo que o próximo presidente da República sairá das hostes oposicionistas, não necessariamente do PSDB, embora este, com a melhor estrutura partidária, acabe sempre canalizando as aspirações oposicionistas.
Não é à toa que o PMDB está se movimentando em direção a um rompimento político, cujo desenlace deve acontecer nas proximidades de 2018, ano em que a campanha presidencial estará em seu auge.
A decisão será paulatina, tanto por que não é do hábito do PMDB abrir mão de espaços no poder, quanto devido à situação delicada de ter o vice-presidente Michel Temer em atividade até o fim do governo, aconteça o que acontecer na campanha eleitoral.
Um pedido de licença pode ser a solução para o impasse, mas no momento oportuno, mesmo por que Temer é um dos fortes candidatos a candidato se o caminho do PMDB for disputar diretamente a sucessão de Dilma.
O presidente da Câmara Eduardo Cunha, em que pesem as suspeitas sobre ele, e as da Operação Lava-Jato não são as únicas, está claramente se posicionando como uma alternativa do partido, jogando para um público conservador de direita que busca um representante.
Mas existem outros candidatos se posicionando, de diversas correntes, como o senador Ronaldo Caiado pelo DEM, ou Marina Silva pela Rede, para ficarmos em campos opostos.
Os outsiders, como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, continuam tendo uma boa cotação no mercado político, embora seja difícil imaginar quem sugeriu o veto ao aumento do Fundo Partidário, que considerou vergonhoso, a negociar com partidos políticos uma filiação.
Quanto mais outsider se mantiver, mais popularidade terá e mais difícil será para Barbosa, ou qualquer outro, conseguir se candidatar, pois a reforma política que está sendo gerada pela Câmara não prevê nem candidaturas avulsas nem o voto optativo, justamente para que os partidos continuem controlando o ambiente político.
A não ser que sejam outsiders da boca para fora, como Fernando Collor em 1989.