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2016 foi um ano poltrão

 

Não sei quando, mas, na passagem de um ano para outro, entrevistaram Jânio Quadros, que já havia renunciado à Presidência da República. Perguntaram-lhe o que ele achava dos 12 meses que estavam acabando. Ele respondeu: "Foi um ano poltrão".

Lembro um episódio na antiga Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Um orador estava na tribuna, e Magalhães Júnior, que era também vereador, pediu um aparte e disse que o orador era um taylorista. O orador pensou um pouco e respondeu: "Se taylorista é um elogio, agradeço. Se é uma ofensa, saiba que sua mãe é também uma taylorista".

Acho que 2016 também foi assim. Sem entrar em detalhes, basta classificar 2016 como um ano "poltrão". Sobretudo nos últimos meses, merece mais que outros a classificação dada por Jânio Quadros. Na política, na economia e em quase todos os departamentos que constituem um Estado, as coisas que aconteceram e estão acontecendo merecem a mesma classificação.

Olhando-se de cima ou de baixo, verificamos que não há crise, mas crises até certo ponto vergonhosas e talvez não merecidas. De qualquer forma o Brasil como um todo não é um "poltrão", mas a situação que está atravessando é pior do que qualquer "poltrão" - seja lá o que for isso.

Não me refiro à corrupção que atinge todos os setores, à descrença num futuro melhor, à inflação que volta robustecida em quase todos os escalões da vida pública. No horizonte não vemos nenhum sinal que reverta a lastimável situação em que nos encontramos. Com as delações premiadas ou não, qualquer um pode ser investigado e preso por isso ou aquilo.

Como já foi dito no passado, não temos homens ou ideias que nos tirem da fossa aberta pela política, pelos políticos, e, em parte, por todos nós. 

Folha de S.Paulo (RJ), 18/12/2016