Se eu precisasse de uma explicação para a vossa presença nesta Academia, iria buscá-la, com a ajuda de Machado de Assis, num alto poeta inglês, Wordsworth, em quem nosso Patrono recolheu o reparo de que a criança é o pai do homem.
Bem sabemos que, na origem de toda vocação, há um exemplo. No vosso caso, esse exemplo vós o encontrastes, Sr. Roberto Marinho, na vossa própria casa, no melhor dos paradigmas: a vida e a obra de Irineu Marinho.
A vida de vosso pai, meu ilustre confrade, explica admiravelmente a vida do filho empreendedor e glorioso, nas várias etapas de vosso destino. Não precisastes sondar os astros para saber o itinerário de vossa estrela. O sangue que vos corre nas veias, com a lição paterna, com a confiança materna, bem cedo vos mostrou o caminho a seguir e a que soubestes corresponder com o vosso gênio e a vossa tenacidade.
Dois cronistas maranhenses, ambos glórias desta Casa, Viriato Correia e Humberto de Campos, sobretudo este último, guardaram nas suas reminiscências as imagens objetivas de vosso pai e modelo, e são elas, nesta noite gloriosa, que me permitem dar-vos como um exemplo a mais da recomendação de Emerson, quando reconhecia que a educação de uma criança deveria começar cem anos antes de seu nascimento.
Trabalhando na Gazeta de Notícias, Irineu Marinho, um dia, discorda da direção do jornal e resolve despedir-se. Vários colegas o acompanham. Estes, desempregados, tratam de saber em que jornais iriam trabalhar, quando Irineu reage, redobrando a confiança em si mesmo:
– Nada de trabalhar nos jornais alheios. Vamos fundar nosso próprio jornal.
Com que recursos? E é então que Irineu junta aos seus trocados os trocados dos companheiros e funda um jornal vespertino, com características próprias, essencialmente noticioso, e a 18 de julho de 1911 eis que se ouve na cidade, na voz dos pequenos jornaleiros, o primeiro pregão de A Noite.
Esse pregão se repetiria por muitos anos, na voz dos mesmos meninos de rua, aqueles meninos, já então nossos aliados, e que sempre esperam por nós, por nosso amparo, por nossa assistência, sobretudo depois que, andando o tempo, uma nobre mulher, D. Darcy Vargas, deles se fez o anjo protetor, abrigando-os na Casa do Pequeno Jornaleiro. Lá está um, adornando a cidade, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua do Ouvidor, na figura do garoto de bronze que sobraça os jornais e os anuncia e que ali foi inaugurado com o derradeiro discurso de Coelho Neto.
Permiti-me, Sr. Roberto Marinho, que aqui recorde, para evidenciar em vossa personalidade uma outra linha de concordância com o modelo paterno, a acolhida que Irineu Marinho proporcionou, em A Noite, aos nossos escritores, abrindo-lhes o espaço em que o texto literário se amalgamou à vida corrente. Andei a reler, um destes dias, as Colunas da Noite, de um confrade esquecido, Filinto de Almeida, e ali encontrei subsídios preciosos sobre o mestre de Dom Casmurro, ao tempo em que andou em Petrópolis, de braço com Carolina, e era um fino homem de bom convívio, de quem só o poeta Rozendo Moniz se afastou, formalizado, dando a Filinto esta desculpa: “Não nos damos...”
Foi em A Noite que Irineu Marinho acolheu o Lima Barreto de Numa e a Ninfa, e daí a homenagem do romancista, dedicando-lhe o livro, quando o publicou em volume.
Assim, meu caro confrade, nada mais fazeis do que continuar a lição paterna, ampliando-a, magnificando-a, dando-lhe o relevo merecido, e eu estou a lembrar-me do exemplo expressivo da reedição de Cacau, no Jornalivros, com a chamada respectiva em toda a extensão da primeira página de O Globo, por cima do cabeçalho principal.
Sinal de que as letras, sob a vossa vigilância, e com o mesmo cuidado, dispõem de um espaço próprio, numa hora em que há quem pretenda suplantá-las, sem levar em conta que a verdadeira literatura é a consciência do povo expressa na palavra como obra de Arte e ajustada à Cultura Nacional. E assim se prolongou, com o vosso zelo e a vossa compreensão, a obra de Irineu Marinho, e isso também explica a vossa presença nesta Academia, como nosso confrade.
Há poucos dias, para escrever este discurso, reli a excelente entrevista que concedestes a um jovem amigo e editor, a José Mário Pereira, e ali encontrei esta opinião exemplar, ao vos ser perguntado o que pensais das Letras: “A Literatura é o retrato de um Povo, de uma nação. Sempre li muito.” E entre os grandes autores que citastes, lá figuram o nosso Machado de Assis, Balzac, Anatole France, Flaubert, Dickens, Eça de Queirós, Dante, Tolstoi, Shakespeare, Proust. E discordastes deste último, no texto em que ele censura aos jornais as supostas coisas insignificantes a que dão o relevo de um comentário ou de uma notícia.
É que Proust era essencialmente romancista, enquanto vós sois, Sr. Roberto Marinho, essencialmente jornalista. Mas jornalista com a sensibilidade do homem de letras.
Quando Jean-Jacques Brousson, secretário de Anatole France, manifestou o propósito de publicar os ditos maliciosos e os pequenos comentários risonhos do escritor, Madame Armand de Caillavet, amiga dileta do mestre de La Révolte des Anges, prontamente se opôs a esse projeto. Mas Anatole France concordou com ele, invocando este argumento: “O que, hoje, é indiscrição, amanhã será erudição.”
Para o verdadeiro jornalista, não há a indiscrição, há o fato, desde que esse fato traga em si a imanência da verdade, ou abra caminho à sua revelação. Daí a conclusão de Grimm, que explica o jornalista, sobretudo o repórter: “Quem não se preocupar em saber como estava o tempo em Roma, quando César foi assassinado, nunca há de saber história.”
Tenho nítida na memória a página de abertura do primeiro jornal francês, o Journal de Paris, publicado em janeiro de 1777, e posso dizer-vos, meu caro confrade, que essa primeira página está assim dividida: no alto, o nascer e o pôr do sol, ao lado da fase da lua; abaixo, a altura do rio, o tempo médio ao meio-dia e as reverberações; mais abaixo, a previsão meteorológica; no resto da página, em destaque, em duas colunas as belas letras. E até hoje, nos grandes jornais de Paris, ali está a Literatura, de que só têm medo os medíocres e os maus literatos, bastando lembrar aqui que, dois dias depois das solenidades de posse na Academia Francesa, como se ainda ouvíssemos ali o rufar dos tambores da guarda oficial, os discursos respectivos podem ser lidos, no destaque das páginas nobres de Le Monde, indicativas de que a nação continua a ser sensível aos seus valores intelectuais.
Permiti-me que aqui recorde um pequeno episódio ilustrativo, associado à saudade de uma dileta amiga, a Condessa Pereira Carneiro, a quem devo boa parte de minha vida de escritor, diretamente ligada à assiduidade de meu trabalho. Eu era, por esse tempo, o Conselheiro Cultural de nossa Embaixada em Paris, quando dela recebi um telefonema, convidando-me a mim e à minha mulher a que lhe fizéssemos companhia numa pequena excursão de devoção literária. Não me disse qual. E, como o sol de primavera tornava ainda mais bela a paisagem de nosso caminho, parecia-nos que tudo fora posto ali para enfeitar a manhã tranquila que nos levou à capelinha de Saint-Blaise-des-Simples, em Milly-la-Forêt, esplendidamente decorada por Jean Cocteau, poeta de minha maior admiração e sobre o qual havia publicado um pequeno artigo, dias antes, no Jornal do Brasil. O gosto das Letras, que fizera de Dunshee de Abrantes, pai da Condessa, um de meus primeiros amigos no Rio de Janeiro, transmitira-se à filha dileta, e daí a romaria que fiquei a dever ao seu alto espírito, e que por isso mesmo a levou a compartir comigo a devoção do mestre do Testamento de Orfeu.
Cada um de nós, nesta Casa, e muitos que estão lá fora, e que aqui poderiam ou poderão estar, têm para convosco, nos muitos caminhos de vossa obra benemérita, uma dívida natural, associada à vocação literária, já que o renome de um escritor nada mais é, no dizer de Edmond de Goncourt, do que o nome repetido.
Estive a repassar vossa biografia, para trazê-la ao nosso aplauso, nas luzes deste salão, e posso dizer-vos aqui, alteando um pouco a voz, que toda a vossa vida é um prolongado tirocínio de altos serviços prestados ao Brasil. Napoleão afirmava, enfaticamente, que pertencia à melhor raça dos Césares, aquela que constrói. E foi para construir que realmente nascestes. Tendes a vocação dos empreendimentos perduráveis e o fascínio da perfeição.
Contou-nos Humberto de Campos que Irineu Marinho, depois de ter passado a outras mãos, em pleno fastígio, como um de nossos grandes jornais, a direção e o controle de A Noite, deu a si mesmo as merecidas férias, numa longa viagem à Europa. De volta, com direito e recursos para uma vida serena, ajustada ao lazer de quem já trabalhara demais, subitamente decidiu fundar outro jornal. E um belo dia, precisamente a 29 de julho de 1925, outros meninos de rua, na pele de outros pequenos jornaleiros, apregoaram O Globo nas esquinas, nos balaustres dos bondes, no Centro da Cidade, nas tranquilas ruas dos bairros, no aconchego dos subúrbios, nos pontos de ônibus, nas estações da Central do Brasil e da Leopoldina, para que o país contasse, a partir do Rio de Janeiro, com um jornal realmente moderno, ajustado à hora de transformações profundas que o país vivia, nas Letras, na Educação, nas Ciências, e de que seria o espelho a serviço da unidade nacional.
E é nessa hora matinal que um caricaturista, Romano, por solicitação de Humberto de Campos, vai a O Globo, para de lá trazer um flagrante de Irineu Marinho. No gabinete da direção, não o encontra. Tampouco na redação. Vai encontrá-lo na oficina, na casa de máquinas, de colete, as mangas da camisa arregaçadas. Conhece tudo, domina tudo. E esse homem múltiplo, que sabe fazer, que sabe comandar, que tem a percepção exata de todos os mistérios de um jornal, e é mais uma vez o chefe vitorioso, subitamente se converte no pássaro alcançado em pleno voo.
Vinte e um dias depois dos primeiros pregões de O Globo nas ruas da cidade, Irineu Marinho morre subitamente. E é então que a viúva do grande comandante chama o filho Roberto para que lhe assuma o lugar. Tendes 21 anos, meu caro confrade, mas sabeis que ainda vos falta, para a responsabilidade nova, e extremamente complexa, a maturidade experiente, que só o tempo proporciona. Possuis a vocação; a aptidão não vos falta; mas a compenetração da responsabilidade vos detém o passo. Não que o desafio vos haja intimidado. Não. É que soubestes ter, ainda na juventude, a consciência de que, para suceder a Irineu Marinho, teríeis de balizar com triunfos o vosso caminho, para melhor corresponder ao legado de suas vitórias.
Quando o Presidente Washington Luis é deposto e recolhido ao Forte de Copacabana, cabe-vos a vigilância do prisioneiro ilustre, e é fardado que vos postais à entrada do aposento que lhe serve de cela. Estais ali no cumprimento cívico do serviço militar obrigatório. Mas estais também ali como filho de Irineu Marinho. E disto dais a prova imediata na reportagem de O Globo sobre o prisioneiro. Sois ali, não apenas a testemunha da História, mas sobretudo o jornalista, com o gosto da verdade factual transformada em notícia.
Vós, que bem conheceis a obra de nosso Patrono, certamente vos recordais de um de seus mais belos contos, nas Histórias sem Data, e que se intitula “Capítulo dos Chapéus”.
Permiti que eu recorra agora, para intrigar nossos ouvintes, à minha pena de romancista, contando aqui a romântica história da bela mulher com quem um jovem marcou encontro, num fim de tarde, no Largo do Machado, aqui no Rio. Dirigindo o seu carro, ei-lo que se aproxima da Igreja da Glória. Na esquina, em vez da jovem com quem prometeu encontrar-se para levá-la a um passeio no Alto da Tijuca, na claridade do luar, cercado de sombras propícias, quem está é um vasto chapéu feminino, sob o qual se abriga uma mulher.
Desapontado, o jovem dá uma volta pelo largo, diminui a marcha do carro, olha por alguns instantes a esquina combinada, e lá está o imenso chapéu desabado, com o mesmo vulto feminino. E como o jovem, sempre afeito a cumprir o que combinou, reconhece que a amada não veio, pisa o acelerador do carro e dali se vai, relegando o desencontro à condição dos desapontamentos imerecidos, enquanto a lua cheia mostra o seu rosto redondo por cima dos telhados, na direção do Palácio Laranjeiras.
Roda o tempo, o jovem deixou para trás a juventude e é agora o empresário vitorioso, que se vai sentar, à mesa de um banquete, no lado de uma bela senhora. E ela, após um silêncio desdobrando o guardanapo:
“Não está me reconhecendo?”
E, antes que ele responda, apresenta-se:
“Eu sou a amiga com quem marcou encontro no Largo do Machado e não me apareceu.”
Espanto do empresário:
“Você? Estive lá, e a procurei. Só vi na esquina um imenso chapéu numa cabeça de mulher.”
E ela, identificando-se:
“Era eu que estava ali, Roberto!”
Reponho ao pé do tinteiro a pena de romancista para vos dizer que o jovem, se tinha o vosso nome, a concordância corre à conta dos acasos da vida. Verdade? Fantasia? Não confirmo, não nego: registro-a, como se quisesse enfeitar vosso passado, à maneira machadiana, com este capítulo do chapéu.
Entretanto, pondo de lado o episódio romântico, que cada um de nós há de ter tido na idade própria, o importante é reconhecer que soubestes ser, desde o início de vossa vida benemérita, o realizador prodigioso, no fiel cumprimento de vossa condição de jornalista.
Eu estava em Lisboa quando ali desceu, vindo não se sabe de onde, o nosso patrício a quem poderíeis chamar, como no verso de Baudelaire, vosso semelhante e vosso irmão, na capacidade de construir como diretor de jornal. Meu dileto amigo Augusto de Castro, diretor do Diário de Notícias, português, noticiou assim a ocorrência do fenômeno: “Passou há dias por Lisboa um pé-de-vento, uma das mais ilustres correntes de ar do mundo e que se chama Assis Chateaubriand.” E acrescentou: “Abriu, na passagem, meia dúzia de janelas, bateu quatro ou cinco portas, fez cinco ou seis cumprimentos e lá largou pelos ares de onde veio, a seiscentos quilômetros por hora.”
Se vos comparo com ele, na condição de homem de jornal, com a mesma vocação criadora, prontamente reconheço, no contraste do confronto, que tendes, nas vossas lutas, o pendor da serenidade. E, porque nada vos intimida, também nada vos perturba. O essencial é o cumprimento da missão, o dom de abrir caminho aos contemporâneos, para que também se realizem, nos espaços que lhes criastes. Sois o largo rio sereno que desliza sempre e não se cansa de correr.
Recentemente, num ensaio de Joubert, encontrei esta definição do leitor do jornal: é o homem no alto da ponte olhando a água passar. Essa água reflete o céu estrelado e o sol do meio-dia. Sobre ela se debruçam as árvores ribeirinhas. E desliza a sombra dos pássaros voando. Se o tempo se fecha, com o vento a soprar, prontamente se encrespa. Depois, amainada a tormenta, volta à serenidade natural e continua a fluir na direção do mar. Refletir o tempo bom ou mau é o seu ofício. E, sempre que nos debruçamos sobre a ponte, alongando o olhar em busca dos dias passados, lá estarão os momentos de ontem à nossa espera.
A controvérsia das opiniões, de que se nutre a Democracia, tem no jornal a sua fonte de água-viva. Os demais instrumentos de comunicação não dispõem da mesma força. Jefferson, maltratado pelos jornais ao longo de seu governo, não os dispensava, animado pelas esperanças de que, entre tantas acusações, rebrilhasse um bom conselho para aproveitá-lo.
Rui, que não se cansava de aparar os golpes que os adversários lhe assestavam, na Imprensa de seu tempo, alteava mais a voz para reconhecer: “Tempos houve em que a difamação era, com efeito, uma potência. Foi antes que a criação de Guttemberg chegasse a ser o que é hoje: a presença do disco solar no horizonte da consciência humana.”
Em 1897, quando esta Academia se constituiu, já com o quadro de quarenta companheiros, 25 faziam questão de proclamar a sua condição de jornalista. Vinham eles de duas campanhas fundamentais: de um lado, a da abolição do cativeiro; de outro lado, a da implantação da República. E mais adiante, quando se incorporou às tradições da Casa o critério dos valores representativos do País, fora da área puramente literária, para o preenchimento dos claros que viessem a ocorrer, foi Joaquim Nabuco, nosso primeiro Secretário-Geral, quem tomou a iniciativa de defender esse critério complementar, em carta a Machado de Assis, a 8 de outubro de 1904:
A minha teoria, já lhe disse: devemos fazer entrar para a Academia as superioridades do País. A Academia formou-se de homens na maior parte novos, é preciso agora graduar o acesso. Os novos podem esperar, ganham em esperar, entrarão depois por aclamação, em vez de entrarem agora por simpatias pessoais ou por serem de alguma coterie. A Marinha não está representada no nosso Grêmio, nem o Exército, nem o Clero, nem as Artes, é preciso introduzir as notabilidades dessas vocações que também cultivem as Letras. E as grandes individualidades também. Assim o J(osé) C(arlos) Rodrigues, o redator do Novo Mundo, o chefe do Jornal do Commercio, que neste momento está colecionando uma grande livraria relativa ao Brasil.
Na volta do correio, com a data de 6 de dezembro de 1904, eis a resposta de Machado de Assis: “A sua teoria das superioridades é boa; os nomes citados são dignos.” E desde então a Academia incorporou ao seu quadro de membros efetivos as figuras representativas do país que nos bateram à porta, ou que fomos buscar para que aqui permanecessem.
Sr. Roberto Marinho: o lugar que aqui conquistastes é agora vosso, de pleno direito. Sois uma das figuras representativas do Brasil contemporâneo. Não vos limitastes a realizar uma vida fecunda, de que também agora nos orgulhamos. Com o vosso ar tranquilo e descansado, sois uma força da Natureza. E não vos limitastes a viver vosso destino. Assim sereno, assim passado a limpo, assegurastes o trabalho e a vida digna a artistas, a escritores, a jornalistas, a gráficos, a administradores, a publicitários, a executivos, a revisores, a locutores, a cineastas, a técnicos em Informática, a engenheiros, a médicos, a advogados, a todo um vasto elenco de companheiros, a que assegurastes o trabalho, o nome e a glória, nas iniciativas que emanaram de vossa vontade.
De agora em diante, mesmo depois que nos transferirmos para a memória e a guarda de nossos sucessores, a Academia repetirá vosso nome e vossas glórias, assim como hoje repete, na palavra viva de cada um de nós, as glórias e o nome daqueles que nos antecederam.
Poucos são os contemporâneos que alcançaram o altiplano a que atingistes e do qual fomos buscar-vos para também nos orgulharmos de vossos troféus. Vosso campo de ação na multiplicidade de seus recursos verbais, visuais e auditivos não se limita à continentalidade de nosso País. Porque, longe daqui, há quem viva, há quem trabalhe, há quem firme seu nome, graças ao mundo que soubestes criar.
Não vos limitastes a dar continuidade ao jornal que Irineu Marinho criou. Ao longo do tempo, cuidastes de aprimorá-lo. Com extremo cuidado. Sabendo que um jornal não constitui propriedade exclusiva de quem o comanda. Porque é sobretudo patrimônio de seu público. De quem o lê. De quem nele se louva. De quem diariamente se debruça sobre ele, e o interroga, e nele recolhe a opinião do jornal, transformando-a em opinião pública. E, como cabe aqui uma revelação, deixai-me que passe adiante, nesta tribuna, uma de vossas lições como diretor de O Globo.
Quando sentistes, com o zelo e o cuidado de quem chega muito cedo à redação de seu jornal, que O Globo deveria passar de vespertino a matutino, sem surpresa para seus leitores, adotastes um expediente exemplar. Um bisonho comandante, que não dispusesse do necessário cuidado, teria resolvido o problema com o erro imediato de um simples aviso na primeira página. Ou mesmo sem qualquer aviso. Mas vós, meu caro confrade, com o vosso tato, vos louvastes na vossa prudência. E assim, a cada novo mês, retardastes de meia hora a saída do jornal. De modo que, um belo dia, O Globo acabou de passar à condição de matutino, despontando nas bancas e na porta dos assinantes com a luz do novo dia.
Um jornal que se transforma, à revelia de seu público, é a baleia arpoada, que irá sangrar até morrer.
Em 1970, querendo levar pessoalmente ao diretor de Le Figaro o meu livro sobre Stendhal, então primorosamente publicado numa edição de Pierre Seghers, fui visitá-lo em companhia de um velho amigo, o saudoso Embaixador Paulo Carneiro. E lá fomos nós, a pé, de meu escritório, na Rue La Boetie, ao Rond Point des Champs Elysées, ao encontro de Louis Gabriel-Robinet, a quem eu ficaria a dever a nota generosa que, dias depois, publicou no seu jornal, sobre o meu livro.
No gabinete singelo, onde avultava uma severa mesa de tampo corrido, nada era mais sóbrio e também mais acolhedor. Sobre a mesa, uns linguados de papel, já manuscritos. Ao lado, em parte corrigidas, as provas do novo livro do diretor de Le Figaro, Une Vie de Journaliste, no qual Louis Gabriel-Robinet, de harmonia com as suas experiências na profissão, anunciava as transformações que no seu campo estariam ocorrendo no Japão, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, sobretudo no âmbito do jornal a domicílio, com os recursos da comunicação instantânea das imagens a cores, e que, à época, não poderiam ser adotadas, sem a cautelosa colaboração do tempo. E daí a pergunta que a si mesmo formulava, no fecho de seus livros: “Com a força das máquinas, o homem não se arrisca a ser, ele próprio, uma máquina?” E concluía com esta advertência de Fontenelle: “Se eu tivesse encerrado todas as verdades na minha mão, não sei se teria coragem de abrir os meus dedos.”
Minha geração, como a vossa, Sr. Roberto Marinho, como a de nosso Austregésilo de Athayde, como a de Barbosa Lima Sobrinho, assistiu ao desmoronamento das duas forças políticas que se digladiavam, messianicamente, propondo uma nova ordem para o homem sobre a terra: uma, a da Direita, foi derrotada pela Segunda Guerra Mundial; a outra, a da Esquerda, implodiu diante de nossos olhos. Restou-nos o melhor caminho: o das liberdades democráticas. Mas devemos estar atentos, redobrando a vigilância de nossos valores éticos, de nossos valores cívicos, de nosso patrimônio como Nação soberana.
Eu tive a oportunidade de reconhecer, logo após vossa eleição para esta Casa, que contribuístes, e continuais contribuindo, com os instrumentos de comunicação de que dispondes, para a unidade do Brasil.
Essa unidade decorre de nossa própria vocação como povo. De Norte a Sul, a despeito dos idiomas que nos cercam, falamos a Língua Portuguesa com idêntica entoação. Idênticos são os nossos usos e costumes. Idênticos os nossos objetivos, com a consciência de que compomos uma estrutura nacional, orgulhosa, de seus valores, e só aspirando à mesma coesão institucional, para ajustar ao futuro os valores de nosso passado.
Há trinta anos, há quarenta anos, se nos deslocávamos dos grandes centros para regiões distantes, em nosso próprio território, éramos nós que levávamos conosco as novidades, as últimas notícias. Hoje, são as novidades que esperam por nós, à revelia da rapidez de nosso transporte.
É que as notícias, levadas sobretudo pela televisão e pelo rádio, chegaram antes de nós. E somos nós que perguntamos por elas aos amigos e familiares que estão nos aeroportos para nos receberem.
Para essa obra formidável, não cessais de contribuir, a cada novo dia, a cada novo momento. Se a palavra oralizada tende naturalmente a esvair-se, por força do som que rapidamente se desfaz, e a imagem prontamente se apaga, suplantada pela imagem que logo lhe sucede, na instantaneidade da comunicação televisiva, a palavra escrita traz em si a vocação da perdurabilidade mesmo no texto do jornal, que tende naturalmente a envelhecer a cada novo dia.
Entretanto, se o jornal do dia faz esquecer o jornal da véspera, há sempre o jornal que perdura e é recolhido aos arquivos e bibliotecas, porque ali está fixado o momento que passou. Vai servir ao futuro, como subsídio sobre o passado. Ali está a memória viva, como se girássemos para traz a máquina do tempo, ou cavalgássemos o hipopótamo do delírio de Brás Cubas.
Sem esse jornal que assim conservamos, criando condições propícias para a sua preservação necessária, nós, jornalistas, seríamos, aqui, os profissionais do efêmero, numa Instituição que deve ser a memória da palavra como obra de Arte ou como notícia viva do tempo que se foi.
Pertence-vos agora, nesta Academia, a Cadeira que Oliveira Lima fundou sob a invocação da glória de Varnhagen, como seu Patrono. Historiador, jornalista e diplomata, o mestre pernambucano que Gilberto esplendidamente definiu como um D. Quixote gordo, soube ser quixotesco como diplomata, como jornalista e como historiador. Acumulou em si próprio o cavaleiro e o escudeiro, juntando assim, no seu corpo exagerado, os dois personagens de Cervantes. O jornal foi para ele o espaço preferido para os seus combates com os moinhos de vento.
Alberto de Faria, que lhe sucedeu, foi também jornalista. No jornal, depois do livro, por fim nesta Academia, soube levar a bom termo a campanha benemérita em defesa da maioria da memória de Mauá.
Vieram depois dois historiadores, Rocha Pombo e Rodolfo Garcia, este último seu mestre, companheiro de Capistrano de Abreu, exemplar escritor, quase escondido nas primorosas notas de pé de página da obra de Varnhagen, e que me abriu caminho à direção da Biblioteca Nacional.
Em seguida, Elmano Cardim, diretor do Jornal do Commercio, grande companheiro. Além de jornalista historiador. E que me fez esta surpresa, quase ao fim da vida: o domínio completo da obra lírica de Bocage, e de quem fui companheiro, na romaria literária à terra natal do poeta, no segundo centenário de seu nascimento.
Por fim, o Otto, jornalista, contista, romancista, e de quem acabais de fazer o louvor, com as saudades do amigo e o reconhecimento de seus altos méritos.
Quem, como vós, meu caro confrade, transitou pela obra de Anatole France, há de lembrar-se da famosa dedicatória em que o mestre, dirigindo-se a Adrien Hébrard, na abertura de La Vie Littéraire, agradece ao diretor do Temps ter disciplinado o seu trabalho, como crítico literário do jornal. Todas as semanas, lá estava ele, com seu longo artigo, a falar de si mesmo, a propósito de Balzac, de Shakespeare, de Molière, de Zola, de Daudet. Em vez da ociosidade, com longos intervalos entre seus novos livros, na editora Calmann-Levy, ei-lo a superar a indolência estudiosa, tornando mais ágil a sua pena de escritor.
Bem o sei que é isso, Sr. Roberto Marinho.
O tirocínio do jornal, quer como redator, quer como colaborador, disciplina o escritor. Louvo-me também na minha própria experiência. Sem a obrigatoriedade de minha colaboração, em dia certo, variando de tema, disciplinando minha frase, eu não teria encontrado o que penso constituir o meu modo de ser, no texto essencialmente literário. Por outro lado, suponho ter feito de meus leitores, à boa maneira da lição de Montaigne, os condôminos de minhas leituras, sobretudo dos autores que reclamam a nossa gota de sangue para a merecida ressurreição, como as sombras que passam diante de Ulisses, no poema de Homero.
O jornal, quer impresso, quer falado, além de ser nossa escola, é nosso prêmio e nossa advertência. Dele nos vem o aplauso ou a censura, já que o louvor e a restrição sempre afloram em nosso caminho, mesmo quando o escritor se chama Stendhal, Eça de Queirós ou Machado de Assis.
Somos gratos a Roberto Marinho também por isso.
Nosso saudoso Confrade Alceu Amoroso Lima, no seu primoroso ensaio O Jornalismo como Gênero Literário, publicado em 1960, e baseado também na sua própria militância, reconheceu, objetivamente, que o Jornalismo, como gênero literário, deve antes de tudo ser uma arte, isto é, uma atividade livre do nosso espírito no sentido de fazer bem alguma coisa. Essa obra, para ser Arte Estética, e não apenas arte mecânica ou liberal, deve fazer de seu modo de expressão o seu fim, ao menos relativo ao finis quo, como dizem os filósofos.
Essa obra de Arte, acrescentemos, não se limita ao texto, para alcançar seus dois propósitos, que são informar e convencer. Reclama o concurso da apresentação objetiva, com seus valores estéticos de natureza material e que vão desde os recursos gráficos à ilustração que a amplia e completa.
Porque o jornal é o conjunto do texto e da disposição gráfica. Todo ele se harmoniza nesse propósito. Sem que o texto perca a eficácia que há de ter, como argumento, como verdade factual. Essa eficácia se amplia, se aprimora, se aprofunda, com a plenitude da liberdade da imprensa. É esta que adverte e denuncia, que comprova e corrige, que pune e exalta, que faz incidir sobre o crime a claridade que o ofusca e abre espaço para a defesa do injustiçado.
William Allen White, que foi considerado o primeiro jornalista americano de seu tempo, por ter sido o editorialista de maior influência nos Estados Unidos, deu este conselho aos seus colaboradores: “A política editorial de um jornal deve combinar três coisas: a inteligência, a coragem e a bondade.”
André Maurois, que dele nos deu um excelente retrato em seu diário de 1946, lembra-nos ainda que, no parecer do mesmo jornalista, a autoridade de um jornal tem de refletir a personalidade de um homem.
Vós, Sr. Roberto Marinho, que tão bem lestes o vosso Dickens, certamente lembrareis que, no início de um de seus romances, o que o romancista reclama, para compor a sua narrativa, são os fatos, nada mais que os fatos. William Allen White ia mais longe. Punha de lado as hipóteses e as conjecturas. Poucos adjetivos. Poucos advérbios.
E recomendava aos companheiros: “Não adivinhem, verifiquem. Não julguem, informem-se. Qualquer que seja a matéria, respondam a estas questões: ‘Quem? O quê? Onde? Por quê? e Como?’”
E, quando ele próprio teve de sentar à mesa da redação, para comentar a morte de uma filha, vítima de acidente de equitação, aos 17 anos, não se esqueceu de aplicar a mesma norma, e nunca foi tão intensa a emoção dos leitores quando se debruçaram sobre o texto sóbrio e patético do pai dilacerado.
Bem sabemos que isso só é possível quando o texto do jornal se eleva à condição de obra de Arte.
É preciso ouvir-vos, no privilégio do convívio frequente, para reconhecer que o vosso jornal é Roberto Marinho, nos seus objetivos, na sua política, na sua linha ética, correspondendo assim à personalidade de um homem, tal como recomendava William Allen White.
Tenho nítido na memória o pequeno artigo que publicastes em O Globo, em 8 de março de 1990, com o título “Um gigante”, a propósito da morte de Luís Carlos Prestes. Guardei o recorte desse texto exemplar. Tivestes, como eu tive, como muitos tiveram, a fascinação do herói rebelde. E daí terdes identificado nele (são vossas as palavras) o “bravo líder revolucionário que empolgou nossos ideais de liberdade”. E concluístes: “Ele teve o seu momento culminante na lendária marcha da Coluna Prestes.”
Num de meus romances, A Coroa de Areia, busquei recompor a marcha da Coluna e recebi o aplauso do próprio Prestes. Foi como se o acompanhasse até às terras do meu Maranhão, com ele à frente, pequenino, de barbas negras, aproveitando a noite para seguir em frente, rumo ao Norte, iluminados pelos vaga-lumes: “Dir-se-iam irreais aqueles bravos, no imenso chapadão deserto, envoltos pelas pequenas luzes azuladas, que acendiam e apagavam acendiam e apagavam, abrindo um clarão nas sombras circundantes, enquanto as pesadas botas cheias de lama iam calcando a terra do chão”, tal como contei no meu romance.
Há heróis que são criados pela lenda. Mas há outros, como Prestes, que a lenda não magnifica, limitando-se a recolhê-los sem retoque. São os verdadeiros. Prestes foi um deles. Por isso, quando o abraçastes, numa livraria, já na hora de seu ocaso, pudestes guardar desse encontro esta impressão indelével: “O meu pensamento foi de ternura por aquele homem de metro e meio de altura, mas um gigante de obstinação e de coragem.”
Como todos os verdadeiros liberais, na hora em que a Direita e a Esquerda se defrontavam, e vos combatiam, e vos negavam, pagastes o pesado tributo de vossa independência, que eu também paguei, que muitos aqui pagaram, e que por vezes ainda nos obrigam a pagar, porque as patrulhas sobrevivem às ideologias, com os ódios e as paixões que acumularam.
Deixei para o fim deste discurso, em nome de nossa Academia, o merecido louvor ao volume que publicastes ano passado, Uma Trajetória Liberal, e que, correspondendo à vossa colheita na seara do empresário e do homem de jornal, constituiu também, no plano das ideias e das atitudes, o vosso autorretrato e a vossa estreia em livro, trazendo nas mãos jubilosas o volume publicado.
Eu já tive oportunidade de comparar os textos que resgatamos dos jornais para codificá-los em livro àqueles bonecos indultados que, em Valência, na Espanha, compõem o mais curioso museu de toda a cidade. Ali, todos os anos, três dias antes daquele que a tradição consagra a São José (19 de março), as ruas e praças são adornadas por figuras de cera e papelão que constituem comentários espirituosos ou austeros dos fatos capitais ocorridos em Valência.
No dia de São José, à noite, todas essas figuras são queimadas. A cidade, num relance, se converte numa imensa fogueira. Mas, no dia seguinte, se olhamos o largo, a praça, a rua, no centro urbano de Valência, está tudo limpo e em ordem, como se por ali não houvessem crepitado as brasas e as labaredas.
Das figuras que, horas antes, nas esquinas, no pedestal dos monumentos, no centro das avenidas, enfeitavam toda a área, uma foi salva e já está no Museu dos Bonecos Indultados: aquele que melhor fixou, com seu valor como obra de Arte, uma figura ou um acontecimento local.
Cada um de nós, jornalistas, imita Valência, indultando também o texto que nasceu sob o signo do efêmero. Nele está retido um momento ou um comentário que merecia ser preservado. E com eles compomos as páginas que por vezes nos sobrevivem.
Com essas páginas indultadas, Sr. Roberto Marinho, foi composto o vosso livro. Os textos dispersos, sobre vossas experiências e vossos testemunhos, guardando imagens vivas de figuras como Carlos Lacerda, como Tancredo Neves, como Luís Carlos Prestes, tinham de ser naturalmente resgatados do rio do tempo. Soubestes buscá-los na hora própria para o louvor merecido. Um de meus mestres advertiu-me desde cedo para o fato de que, se a crítica restritiva é necessária, devemos orientar nossa pena, de preferência, para as festas de glória. Daí, por vezes, a perplexidade em que, no dizer de Jean François Revel, por vezes nos defrontamos, como jornalistas, entre o dever de opinar e o de informar.
Mas, se agora também me permitis, deixai-me que vos louve aqui nos textos em que comovidamente nos recordais vossas lutas, dando-nos também a emoção com que criastes a Fundação Roberto Marinho, proporcionando tantas benemerências às Letras, às Artes, às Ciências, em proveito de nosso País. Mallarmé reconhecia que, neste mundo, tudo acaba em livro. Sim, acaba, mas para continuar como uma lição.
Sabemos que vos debruçais neste momento sobre as vossas reminiscências, para compor com elas o desejado livro de memórias, Condenado ao Êxito, em que nos transmitireis, já agora como acadêmico, a vossa lição de vida.
Numa bela página de lembranças, publicada precisamente em O Globo, de 1.º de outubro de 1960, meu querido conterrâneo Viriato Correia, companheiro de Irineu Marinho na redação da Gazeta de Notícias, contou que o diretor do jornal, Manuel Rocha, o Rochinha, como era então conhecido, decidiu fazer uma experiência, quando Luís de Castro deixou de ser ali o secretário, que era então, realmente, o diretor executivo. Em vez de pôr à frente do jornal este ou aquele redator, decidiu confiar a responsabilidade a cada um deles, entre os mais graduados, para ver quem estaria realmente à altura de assumir o comando.
Coube a Paulo Barreto (João do Rio) a primeira semana. A despeito de seu imenso talento, soube ser vulgar, sem qualquer brilho.
Oferecido o posto a Viriato, este o recusou.
E Paulo, ansioso para deixar a roda do leme:
Tenho um plano, que te poupará. Se houvesse uma eleição para escolher o secretário, em quem votarias?
E Viriato, com rapidez:
No Irineu Marinho!
Consultados os demais redatores, a resposta foi unânime: Irineu Marinho. Não havia outro com a sua qualidade e a sua competência. E à noite, quando o diretor chegou à redação, Paulo Barreto lhe deu a notícia de que, por escolha geral, o secretário deveria ser Irineu Marinho. Tinha todos os atributos para comandar a Gazeta de Notícias.
E o Manuel Rocha, satisfeito:
É então, pelo que vejo, uma aclamação. Parabéns a vocês.
Pela votação que alcançastes, Sr. Roberto Marinho, entrastes também aqui por aclamação.
Sede bem-vindo a esta Casa, meu caro confrade.
19/10/1993